Vila Velha: vice-líder de Arnaldinho na Câmara renuncia ao cargo

Renzo Mendes. Foto: Facebook

O vereador Renzo Mendes renunciou, na noite de ontem (20), ao cargo de vice-líder do prefeito Arnaldinho Borgo (Podemos) na Câmara Municipal de Vila Velha. A função agora está vaga. O anúncio pegou no contrapé até colegas do vereador. A inesperada saída tem tudo a ver com a conjuntura eleitoral que ganhou forma na cidade.

Renzo Mendes é filiado ao Progressistas (PP) e disputará a reeleição pelo partido, o que explica em 90% a sua resolução. Desde o mês ado, o vereador enfrenta um dilema político, cada vez mais espremido em um cômodo cujas paredes se fecham por todos os lados.

O vereador, logicamente – como sugere a função que exercia –, é integrante da base de apoio de Arnaldinho no Legislativo Municipal. Mais que isso: até a última janela partidária para vereadores trocarem livremente de sigla, ele era o único representante do partido na Câmara; era a própria bancada do PP. Como a bancada do partido se resumia a ele, podia-se dizer que o PP estava por inteiro com Arnaldinho na Casa, sem discussão.

Ao fim da última janela, encerrada em 5 de abril, esse quadro mudou bruscamente, em razão de dois fatores conjugados.

Em Vila Velha, o PP é presidido pelo ex-prefeito e ex-deputado federal Neucimar Fraga. Durante a janela, para fortalecer a chapa de candidatos a vereador da legenda, Neucimar filiou outros três parlamentares: Fábio do Vale, Heliosandro Mattos e Jonimar Santos. Ao contrário de Renzo Mendes, os três estão fora da base de Arnaldinho e, em maior ou menor grau, praticam movimentos de oposição.

Ato contínuo, no último dia da janela, Neucimar proclamou que é pré-candidato a prefeito – adversário, portanto, de Arnaldinho.

A bancada do PP na Câmara saltou subitamente de um para quatro vereadores, mas mudou radicalmente de perfil.

Se antes Renzo era uma ilha em plenário, representante solitário do PP na bancada de um homem só, agora se vê ilhado dentro da própria bancada. Como se mantém leal a Arnaldinho, descobriu-se de repente em minoria numa bancada majoritariamente de oposição, por um partido que abriga um potencial concorrente do prefeito nas urnas. Entre a cruz e a espada, ficou sem condições de permanecer na vice-liderança.

Já o líder do prefeito em plenário continua o mesmo: é o vereador Osvaldo Maturano (PRD).

Zigue-zaguiei, no vira-virou…

Os movimentos em zigue-zague do PP em Vila Velha têm chamado a atenção.

Primeiro, o presidente estadual da sigla, Josias da Vitória, tentou filiar e lançar o Coronel Alexandre Ramalho à prefeitura. Ramalho foi para o PL em março.

Então, até o último momento do prazo de filiações de candidatos (6 de abril), Da Vitória aguardou o “sim” de Arnaldinho, que não veio, para a sua proposta de filiação. Chegou a dar entrevista a este espaço estendendo tapete vermelho para o prefeito concorrer à reeleição pelo PP. Como Arnaldinho decidiu seguir no Podemos, Da Vitória liberou Neucimar para declarar pré-candidatura própria.

Neucimar & Ramalho

Entretanto, chama a atenção também a afinidade ideológica de Neucimar com Ramalho. Ambos são bolsonaristas ardorosos (Neucimar sempre o foi; Ramalho se revelou de fevereiro para cá).

Nas respectivas entrevistas que deram ao telejornal EStúdio 360 em março e abril, os dois deram sinais de inclinação para uma parceria eleitoral. Ramalho fez questão de dizer que Arnaldinho e sua istração não reconhecem os méritos e o legado dos prefeitos anteriores. Por sua vez, quebrando o protocolo, Neucimar fez questão de dizer no ar não só o partido de Ramalho (PL) como o número de urna do coronel (22) – o que é bastante inusitado, para dizer o mínimo: via de regra, candidatos não fazem propaganda dos próprios adversários.

Filho de Neucimar é candidato

A propósito, o filho de Neucimar vai disputar a eleição para vereador na chapa do PP, montada pelo pai. Ele se chama Lucas Fraga e é empresário.