Coluna Vitor Vogas
Giro 360: quantos votos foram para Bolsonaro, mas não para Manato no 1º turno?
E mais: no universo de VOTOS POSSÍVEIS, quantos realmente tiveram Casagrande e Manato? / Rede fecha com Casagrande / Amaro declara apoio a Manato / Manato grava com Bolsonaro / A ascendência do Tenente Assis na campanha / Assumção começa a articular a bancada eleita do PL
A pergunta é importante e a conta é simples: no 1º turno, quantos votos a mais teve o presidente Bolsonaro no Espírito Santo do que teve Manato na eleição a governador? A resposta: 359.432 votos.
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Embora provavelmente isso tenha sido raro, alguns eleitores do Estado podem ter votado em Manato para governador e em algum outro candidato que não Bolsonaro para presidente. Mas, para efeito de exercício, vamos excluir esse resíduo. Podemos então simplificar dizendo que, no último domingo (2), 359,4 mil eleitores capixabas votaram em Bolsonaro para presidente, mas não em Manato para governador.
Isso significa que 31% dos eleitores de Bolsonaro no 1º turno no Espirito Santo não votaram no candidato apoiado pelo presidente e do mesmo partido do presidente. É um ponto que requer atenção à campanha de Manato no 2º turno. Mas não só à dele.
Um dos maiores desafios de Manato neste decisivo mês de outubro para triunfar sobre Casagrande no dia 30 é conseguir arrebanhar esses eleitores de Bolsonaro que o preteriram por outro candidato ao governo (ou votaram branco ou nulo) no 1º turno. Com esse contingente de quase 360 mil votos, Manato teria superado com sobras o atual governador, que botou pouco menos de 200 mil votos de frente sobre o candidato oposicionista no último domingo.
E para onde foram esses cerca de 360 mil votos de Bolsonaro que não foram para Manato no 1º turno? Muito provavelmente, alguns foram brancos ou nulos, uma pequena parte foi para Aridelmo (Novo), outra um pouco maior para Guerino Zanon (PSD) e outra ainda maior para o próprio Casagrande (o voto Casanaro).
É o voto daquele eleitor que não é bolsonarista fanático, mas vota nele para presidente por ser um eleitor conservador nos costumes e por acreditar que o governo Bolsonaro combate a corrupção; ao mesmo tempo, vota em Casagrande para governador por pragmatismo, ou seja, porque está satisfeito com o governo Casagrande e, justamente por ser “conservador”, quer literalmente conservar o que ele aprova. Também por isso a campanha de Casagrande aposta no slogan “Quem confia não inventa”.
É esse contingente de eleitores fundamentais para sua vitória que Casagrande tem que fazer de tudo para reter no 2º turno. Ele não pode se dar ao luxo de vê-los migrar para Manato, no embalo do crescimento registrado por Bolsonaro nos últimos dias do 1º turno.
Por isso, a campanha de Casagrande colocou em prática, logo no início do 2º turno, uma “operação tampão” para conter a potencial evasão de eleitores bolsonaristas que terminaram o 1º turno com Casagrande. É o que tem sido apelidado de “voto Casanaro”, ou “voto Bolsogrande”, ou “voto 62 (40 + 22)”.
O próprio Casagrande é eleitor de Lula (PT) para a Presidência, mas muitos apoiadores dele têm ido às redes sociais para defender, a um só tempo, a reeleição do atual governador e a do atual presidente.
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Quantos VOTOS POSSÍVEIS os dois realmente tiveram?
Mais alguns números essenciais:
O Espírito Santo tem um universo de 2.917.714 eleitores cadastrados. No último domingo, 20,77% se abstiveram, enquanto 7,91% deram votos brancos ou nulos. Isso significa que 28,68% dos votos possíveis não foram para nenhum candidato a governador. Um total de 837.066 eleitores não votaram em nenhum concorrente.
Se somados os votos que foram para os outros cinco candidatos, há agora, no 2º turno, um total de 1.140.464 a serem disputados por Casagrande e Manato: 39,1% de todos os votos possíveis no Estado. É isso que está em jogo agora.
E mais: considerando os 2.917.714 eleitores registrados, Casagrande na verdade obteve 33,47% dos votos possíveis, enquanto Manato ficou com 27,43%. Na soma, os dois candidatos tiveram apenas 60,9% dos votos possíveis no Espírito Santo.
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Audifax para um lado… Rede para o outro
Nesta quinta-feira (7), mesmo dia em que Audifax Barcelos anunciou a sua saída da Rede Sustentabilidade e seu apoio a Manato no 2º turno, a direção estadual da Rede anunciou a sua adesão à campanha de Casagrande, em nota oficial:
“Diante do atual cenário político vivenciado nacional e localmente, com risco de retrocesso do ambiente institucional e político; considerando que a conjuntura nacional se repete no Espírito Santo, não há como equiparar um gestor que respeita a democracia, luta pelo fortalecimento da ciência e acredita na construção de um Estado forte com um aventureiro que se apoia no discurso de ódio, armamentista e irresponsável.”
Não tinha mais como para Audifax
Na última terça-feira (4), a Executiva Nacional da Rede emitiu uma nota oficial sobre o 2º turno da eleição presidencial, determinando que os representantes do partido nos estados não devem apoiar os candidatos a governador apoiados por Bolsonaro (caso de Manato no Espírito Santo):
“Agora, no segundo turno, a Rede renova o apoio à candidatura de Lula e conclama todos os partidos e forças políticas do campo democrático, os movimentos sociais e todas as cidadãs e cidadãos de bem a fazerem o mesmo. Assim sendo, tanto na eleição presidencial, como nos estados em segundo turno, a Rede deve votar contra Bolsonaro e NÃO pode apoiar seus candidatos a governadores.”
Foi exatamente o que fez Audifax. Com essa decisão do ex-prefeito, não tinha mais como ele seguir na sigla.
> Audifax sai da Rede e declara apoio a Manato no segundo turno
Tenente Assis: o novo “marqueteiro” de Manato?
Após não ter conseguido eleger-se deputado federal, o Tenente Assis (PTB) adquiriu proeminência nos bastidores da campanha de Manato e está praticamente coordenando a equipe responsável pela comunicação da campanha no 2º turno, após o desligamento voluntário do jornalista Fernando Carreiro, que assinou a propaganda do candidato do PL no 1º turno.
A equipe de comunicação é composta por algumas empresas, entre as quais deve se juntar a agência Acrópole. É a agência de publicidade de Vitória que fez a campanha ao Senado de Erick Musso, a de Pazolini a prefeito de Vitória em 2020 e a de Amaro Neto ao mesmo cargo em 2016, entre outros trabalhos, como as campanhas de Juninho a prefeito de Cariacica. Foi indicada pelo Republicanos.
Amaro com Manato
Conforme havíamos antecipado, o deputado federal Amaro Neto (Republicanos), reeleito no último domingo, confirmou seu apoio a Manato no 2º turno. Os dois nutrem antiga relação política, desde que Amaro disputou em 2016 a Prefeitura de Vitória pelo Solidariedade, então comandado por Manato no Espírito Santo.
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Grande evento de campanha
A equipe de Manato vai realizar um grande ato de campanha neste sábado (8), às 9 horas, no Clube dos Oficiais, para apresentar os apoiadores que já se somaram à campanha no 2º turno. É esperada a participação do senador eleito Magno Malta (PL). Entre as “surpresas” não tão surpreendentes, também devem estar presentes o presidente da Assembleia, Erick Musso (Republicanos), e o deputado federal Neucimar Fraga.
Neucimar é do PP, partido que pertence à coligação de Casagrande e que reiterou o apoio ao atual governador neste 2º turno. No 1º turno, o deputado apoiou Casagrande para governador e Magno para o Senado. Com pouco menos de 40 mil votos, não conseguiu se reeleger na Câmara, amargando seu 6º revés eleitoral seguido: 2012-14-16-18-20-22 (ele assumiu o atual mandato em 2021, como suplente de Sérgio Vidigal).
Manato em visita a Bolsonaro
Manato esteve com Bolsonaro em Brasília, nesta sexta-feira (7). Ele e Magno Malta gravaram com o presidente. A mensagem de apoio de Bolsonaro será exibida em sua propaganda eleitoral.

Foto: assessoria de Manato
Da Vitória se junta ao movimento
Como já era esperado por suas posições políticas ao longo do atual mandato, o deputado federal reeleito Josias da Vitória (PP) foi outro a declarar voto em Casagrande para governador e em Bolsonaro para presidente.
Bancada do PL se articula
Nesta sexta, quatro dos cinco deputados estaduais eleitos pelo PL reuniram-se para discutir estratégias a fim de fortalecer a campanha de Manato: ao reeleito Capitão Assumção, juntaram-se Lucas Polese, Calegari e Zé Preto. Só não participou o também reeleito Delegado Danilo Bahiense.

Foto: assessoria de Capitão Assumção
De olho na Mesa Diretora
O PL foi o partido que elegeu a maior bancada na Assembleia: cinco deputados, a partir de 2023. O grupo também começa a se articular visando à possível candidatura de Assumção à Presidência da Mesa. Ele foi o segundo deputado estadual mais votado. Isso dependerá, é claro, da vitória de Manato no dia 30.
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