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Coluna Vitor Vogas

Quem mais ganha e quem mais perde com a soltura do Capitão Assumção?

E mais: por que foi exatamente que o governo Casagrande liberou sua ampla base na votação decisiva da Ales que devolveu a liberdade ao deputado?

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No sentido da leitura: Casagrande, Marcelo Santos, Lorenzo Pazolini e Capitão Assumção

Parece evidente, como analisado aqui, que o saldo final da novela “Prende e Solta o Capitão” é muito positivo para Assumção e seus correligionários. Se antes o capitão da reserva da PMES era um ídolo para bolsonaristas capixabas, agora a a ser tratado como herói.

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Com o plot twist e o desfecho da trama, saem fortalecidos, ao menos em termos de imagem, o deputado, o senador Magno Malta, os candidatos do PL em geral, o bolsonarismo no Espírito Santo e a narrativa bolsonarista de “perseguição política por parte de Alexandre de Moraes”.

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Obviamente, o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (Podemos), sai com a imagem fortalecida junto a seus pares (como o “grande líder” da categoria que não mede esforços para defender o livre exercício do mandato e as garantias constitucionais de todos os deputados) e, o que é mais importante, junto ao eleitorado bolsonarista no Espírito Santo.

Marcelo é muito pragmático, faz política “acima de ideologias” e de maneira “pluripartidária”… Se ele fica com a marca do “homem que libertou Assumção”, “o presidente da Assembleia que não descansou até soltar o Capitão”, ganha muitos pontos junto a esses eleitores.

Marcelo é pré-candidato a deputado federal em 2026 e, numa eleição sempre difícil como costuma ser a disputa para esse cargo, não lhe farão mal alguns votos extras vindos de simpatizantes de Assumção e da “direita conservadora” capixaba.

O mesmo raciocínio se aplica ao deputado estadual Lucas Scaramussa (Podemos), autor do parecer prévio pela soltura na Assembleia, mas em análise de bem mais curto prazo: o deputado de direita será candidato a prefeito de Linhares em outubro. Com certeza o seu voto decisivo, balizador dos demais, será revertido em seu próprio benefício na campanha.

Por fim, a novela Assumção ajuda o próprio e ajuda o governo Casagrande a atrapalhar Lorenzo Pazolini (Republicanos).

A questão é saber até que ponto Assumção efetivamente pode tirar votos do prefeito de Vitória. Se o deputado ficasse impedido de concorrer, o maior beneficiado seria inquestionavelmente Pazolini. Seria ele o herdeiro natural dos votos de um eleitorado de direita radical que se sente representado por Assumção e que de repente se veria órfão na Capital. Aí, sim, teríamos um deslocamento importante de parcela dos votos, mas em favor do atual prefeito.

Aliás, exatamente por isso, o Palácio Anchieta dessa vez não moveu um músculo para mobilizar sua ampla base na Assembleia a manter a prisão de Assumção. Pelo contrário. Emblematicamente, até o líder do governo, Dary Pagung (PSB), votou pela revogação. Ver Assumção fora do jogo por força de decisão judicial seria bem desfavorável aos planos do governo Casagrande neste momento.

Já com Assumção de volta ao jogo, talvez ele só se fortaleça ainda mais, precisamente, onde já era muito forte: dentro da própria bolha. Nesse caso, quem já ia mesmo votar em Assumção agora dará um voto ainda mais convicto nele… mas é possível que o deputado não ganhe nem um voto a mais com tudo isso, muito menos tire votos de Pazolini.

Nesse caso, para o atual prefeito, na verdade não muda nada. O jogo volto exatamente para o mesmo ponto em que estava antes de Assumção ser preso.

Muito barulho por nada e um adversário ainda mais barulhento.