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Coluna Vitor Vogas

O que Bolsonaro disse a Magno sobre a soltura do Capitão Assumção

Os dois se falaram por telefone durante a libertação. Coluna analisa por que movimento de Moraes só fez fortalecer Assumção. Até Bolsonaro concorda

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Magno Malta, Capitão Assumção e Jair Bolsonaro durante sessão solene na Assembleia Legislativa do ES (10/11/2023). Foto: Lucas S. Costa/Ales

Magno Malta, Capitão Assumção e Jair Bolsonaro durante sessão solene na Assembleia Legislativa do ES (10/11/2023). Foto: Lucas S. Costa/Ales

Presidente e principal líder do Partido Liberal (PL) no Espírito Santo, o senador Magno Malta foi receber o deputado Capitão Assumção em sua saída do Quartel de Maruípe na noite de ontem (7), após o alvará de soltura ser expedido pelo ministro Alexandre de Moraes. Pouco antes da meia-noite, minutos antes da libertação de Assumção, o senador conversou diretamente sobre o episódio com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por videochamada.

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Assessores de Magno registraram um trecho da conversa em vídeo, ao qual tivemos o. Nele, Bolsonaro afirma para Magno: “Asfaltou tudo pro Capita ser prefeito agora aí!”.

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“Capita” é referência ao Capitão Assumção. E o sujeito oculto da frase é o ministro Alexandre de Moraes: “[Moraes] asfaltou tudo para Assumção ser prefeito agora aí em Vitória”.

Eis a transcrição do diálogo:

Magno: – O Espírito Santo tá pensando o quê, meu irmão? Aqui é terra de macho!

Bolsonaro: – Asfaltou tudo pro “Capita” ser prefeito agora aí.

Magno: – Deus sabe todas as coisas.

Bolsonaro: – Fala pra ele não dar porrada em ninguém não, ficar na dele aí.

Magno: – Não, ele não vai não. Não, ele tá na dele. As coisas acontecem por si só.

Assim, até Bolsonaro exprime um pensamento compartilhado por muitos, este colunista incluído:

I) Com uma decisão tão extemporânea, tão deslocada no tempo e prontamente revertida pela Assembleia Legislativa do Espírito Santo, Alexandre de Moraes deu um tiro no pé: acabou fortalecendo ainda mais o Capitão Assumção do ponto de vista político e eleitoral;

II) Para o PL, Magno, Assumção, Bolsonaro e companhia, o limão virou uma limonada. Com Moraes sendo obrigado a levantar a própria ordem de prisão por decisão da Assembleia, o ministro saiu menor do episódio, enquanto os bolsonaristas se robusteceram, assim como o seu discurso de vitimização.

O desfecho do episódio, com a revogação da prisão, não só fortalece a narrativa de “perseguição política” supostamente praticada por Moraes contra Bolsonaro e seus seguidores como dá muita musculatura político-eleitoral para Assumção, que cresce ainda mais no seu filão. Se até então ele já era idolatrado dentro da bolha bolsonarista, agora a a ser tratado como um “mártir”, um “herói na luta pela liberdade”, como “o homem que conseguiu derrotar o arbítrio do Xandão”.

III) Em outras palavras, com essa decisão fora do tempo e às vésperas das eleições municipais, Moraes acabou prestando um grande favor a Assumção e ao bolsonarismo, ajudando, como disse Bolsonaro, a “asfaltar” ou pavimentar a candidatura do deputado de extrema direita a prefeito de Vitória.

Assim, de uma maneira muito torta, a prisão determinada por Moraes acabou convindo muito a Assumção e companhia, que, paradoxalmente, foram os maiores beneficiados por algo que se iniciou como um grande revés judicial.

Bolsonaro chega a expressar a Magno preocupação com o comportamento do indomável Assumção daqui para a frente: “Fala pra ele não dar porrada em ninguém não, ficar na dele aí”.

Tipo assim: agora que ele está com a bola toda, que está mais forte que nunca, que está com tudo a favor dele, diga a ele para controlar a língua, não partir para cima de nenhuma autoridade para não correr o risco de voltar a se complicar com a Justiça antes do pleito. É um excelente conselho. A ironia está no seu autor.

Mas é como Magno lhe responde: “As coisas acontecem por si só”.

Ou seja: Assumção cresceu e lucrou politicamente sem precisar mover uma palha. Foi mandado à prisão por Moraes e tirado da prisão por Moraes, saindo das grades do quartel mais forte do que entrou.

Eles precisam agradecer ao ministro.