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Coluna Vitor Vogas

Arnaldinho cala especulações: “Não sairei do Podemos”

Prefeito de Vila Velha também avalia seus potenciais adversários eleitorais em 2024 (ou a ausência deles) e deixa uma alfinetada num notório desafeto

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Arnaldinho Borgo com Casagrande durante desfile cívico de 23 de maio em Vila Velha. Crédito: Adessandro Reis/Secom PMVV

Durante a parada cívica comemorativa ao aniversário da cidade, na manhã desta terça-feira (23), o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo, garantiu que seguirá desfilando na mesma ala na avenida política (rumo à tentativa de reeleição em 2024). Calando especulações, o prefeito afirmou que não sairá do Podemos. E nem sequer cogita isso:

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“Não cogito sair. Permaneço no Podemos. O partido é sólido. O partido tem uma boa relação com o presidente estadual [Gilson Daniel]. Elegemos o nosso deputado federal, Dr. Victor. Tenho uma boa relação também com a Renata [Abreu], que é a presidente nacional do partido. Não tenho nenhuma intenção de sair do Podemos”, asseverou Arnaldinho, no palanque erguido para autoridades na Praça Duque de Caxias, Centro de Vila Velha, enquanto estudantes, servidores e militares desfilavam pela Avenida Champagnat.

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Recentemente, Arnaldinho chegou a ser assediado por representantes de outras siglas, como um segmento do Republicanos. Mas está estabilizado no Podemos, partido de centro-direita que de fato está bem estruturado e cresceu muito no país e no Espírito Santo na eleição ada.

No Estado, além de três deputados estaduais – incluindo o atual presidente da Assembleia, Marcelo Santos –, a agremiação elegeu dois deputados federais: Gilson Daniel e Victor Linhalis. Este último, ex-vice-prefeito de Arnaldinho, foi eleito com apoio e engajamento total do prefeito, sendo apresentado aos eleitores na campanha como “o federal do Arnaldinho”.

A deputada federal Renata Abreu (SP), presidente nacional do Podemos, aposta na reeleição de Arnaldinho, e Gilson Daniel já afirmou que a direção estadual da sigla trata como prioridade a sua reeleição em Vila Velha e a de Wanderson Bueno em Viana.

Por sua vez, indagado sobre a própria reeleição, Arnaldinho dá aquela “desconversada básica”: “A reeleição ainda não começamos a conversar, mas estamos trabalhando muito para desenvolver a cidade. Há muitos indicadores que já põem a cidade como a melhor do Espírito Santo e também do Brasil”.

É claro que ele é candidatíssimo. Só não quer queimar etapas, até para evitar o desgaste desnecessário produzido por um anúncio prematuro. Por enquanto, foco total na istração, para intensificar realizações e chegar competitivo na antessala eleitoral em 2024.

Não que o prefeito esteja mal avaliado. Aliás, um forte indício de que hoje ele está bem politicamente é a ausência de focos de oposição significativos contra ele em Vila Velha, ao menos no momento. Na Câmara Municipal, Arnaldinho não enfrenta oposição de nenhum dos 17 vereadores. E, se ele mesmo a longe do debate eleitoral, adversários, ou potenciais adversários, tampouco têm feito movimentos chamativos. Ainda não entraram no processo.

É um cenário parcial muito diferente do que se vê hoje, por exemplo, em Vitória e principalmente na Serra. Nas duas cidades vizinhas, o processo eleitoral do ano que vem já foi desencadeado e já existe uma fila de pré-desafiantes aos atuais prefeitos – respectivamente, Lorenzo Pazolini (Republicanos) e Sérgio Vidigal (PDT).

Diante desse marasmo numa cidade tão politizada como Vila Velha, perguntei a Arnaldinho se ele mesmo visualiza hoje algum possível adversário eleitoral. O prefeito afirma que eles existem, sim, estão aí (ainda que discretos no momento), e para ele é até bom que seja assim:

“Na Câmara, os 17 vereadores são bem atendidos pela istração. A gente consegue resolver os anseios deles. Por isso, temos uma boa relação com a Câmara de Vereadores. Sobre adversários políticos, não tem como você não ter adversário político numa cidade com mais de 500 mil habitantes, numa cidade que é muito politizada, onde as pessoas gostam da política. E também tem lideranças. Então, acredito que é inevitável a gente ter adversários e acho que é importante a gente ter adversários até para sair da zona de conforto e construir uma cidade cada vez melhor.”

Calibrando o discurso de uma campanha não precipitada por ele, o prefeito prega a união das forças políticas e sociais de Vila Velha e deixa uma alfinetada com um destinatário certo:

“Eu atendo a toda a classe. A gente não fecha a porta para ninguém. Nós queremos a união da cidade. O momento de briga da cidade acabou. A cidade de Vila Velha, se você fizer um histórico, uma retrospectiva, vai perceber que todos que tiveram a oportunidade que eu tive de ser prefeito brigaram com todo mundo, e não vinham investimentos para Vila Velha. Brigaram principalmente com o Governo do Estado, Câmara Federal, senadores, Câmara Municipal… E não é isso que nós fazemos. Nós queremos agregar, unir forças. Uma sociedade é construída no plural e não no singular. E nós queremos todos no nosso projeto, seja da esquerda, seja da direita. Nós somos povo. Minha maior missão é cuidar das pessoas, e é isso que vou fazer, com várias mãos.”

O prefeito fala em “retrospectiva” e em “todos que tiveram a oportunidade”, mas, até pelo histórico recente, pode-se deduzir que sua fala mira mais diretamente o seu antecessor no cargo, Max Filho (PSDB). Em 2020, após exercer na Câmara Municipal um mandato de oposição a Max, Arnaldinho desafiou o então prefeito e o derrotou em segundo turno, ao fim de uma campanha bastante agressiva de parte a parte que culminou com um debate final no estilo “UFC verbal” na TV Gazeta.

Para ser mais preciso, a referência de Arnaldinho nas entrelinhas é às históricas desavenças de Max Filho, como prefeito, com o então governador Paulo Hartung – herdadas do pai dele, Max Mauro. De 2001 a 2008, Max Filho exerceu seus dois primeiros mandatos como prefeito de Vila Velha. Na maior parte desse tempo, de 2003 a 2008, sua istração coincidiu com governos de Hartung. Essa quadra foi marcada por profundos desentendimentos entre o então prefeito e o então governador.

Em 2016, pelo PSDB, Max voltou a se eleger prefeito, para seu terceiro mandato. Seus dois primeiros anos de gestão (2017 e 2018) coincidiram com os dois anos derradeiros do terceiro e último governo de Hartung no Estado. Os dois não chegaram a se tornar aliados, mas ao menos conseguiram manter um relacionamento político melhor.

As negociações do Podemos

O Podemos está em processo de incorporação do Partido Social Cristão (PSC), sigla que não superou a cláusula de barreira em 2022. O partido de Arnaldinho também esteve perto de ingressar na federação já formada pelo PSDB (partido de Max Filho) com o Cidadania. Nesse caso, Gilson Daniel teria se tornado o presidente estadual da federação no Espírito Santo. Entretanto, o Podemos desistiu da ideia e se retirou da mesa de negociação com o PSDB e o Cidadania.

2024 tá ok; já 2026…

Arnaldinho fica no Podemos para disputar a reeleição em 2024. Se tiver êxito, abre-se outra discussão. Aí, o horizonte a a ser a disputa pelo Palácio Anchieta em 2026… E talvez então o Podemos fique pequeno para ele. Mais precisamente, para ele e Gilson Daniel, cujas aspirações serão concorrentes na política estadual.