Coluna Vitor Vogas
Ricardo Ferraço: “Casagrande me escolheu como vice por confiança mútua”
Na primeira entrevista à coluna após ser escolhido como vice de Casagrande (e a primeira ao longo de todo o processo eleitoral), ex-senador rechaça a especulação de que assumirá o governo em 2026, se a chapa vencer: “Isso é pura ficção”

Renato Casagrande e Ricardo Ferraço
O ex-senador Ricardo Ferraço (PSDB) foi confirmado oficialmente como candidato a vice-governador na chapa de Renato Casagrande (PSB), em nota oficial da assessoria do governador, por volta das 18 horas desta terça-feira (19). Em entrevista à coluna logo após o anúncio, Ricardo atribuiu a escolha de Casagrande a uma série de fatores, com destaque para a relação de confiança mútua estabelecida entre ambos desde as eleições de 2018.
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O ex-senador ainda rechaça a especulação de que assumirá o governo em abril de 2026, se a chapa governista vencer e se Casagrande decidir se lançar ao Senado daqui a quatro anos: “Isso é pura ficção. Seria extremamente presunçoso e arrogante. E a Bíblia diz que a arrogância é a antessala do fracasso”.
Confira a entrevista completa de Ricardo Ferraço:
Como o senhor recebe a escolha do governador?
Recebi com enorme entusiasmo essa manifestação de confiança do Renato Casagrande e também com entusiasmo a sinalização de muita confiança da federação partidária à qual estou vinculado. Quero agradecer por essa confiança. Acho que a escolha é fruto de uma relação de confiança mútua, porque é preciso ter muita confiança numa construção como essa, pelo tamanho do desafio. Além disso, acho que também foi determinante toda a minha experiência acumulada não apenas no Executivo, mas também no Legislativo, para que você possa de fato endereçar ações de governo que possam corresponder às expectativas das pessoas. Essa minha experiência acumulada, já tendo sido secretário de Agricultura, da Casa Civil, de Infraestrutura do Estado, tendo tido a oportunidade de coordenar diversas áreas de funcionamento de um governo, e também todo o relacionamento que a gente adquiriu e conquistou em Brasília, porque não somos uma ilha e precisamos estar conectados com Brasília… Então acho que foi um pouco disso tudo. Além disso, tem o meu relacionamento com lideranças do Estado, que vão do ambiente comunitário ao mundo político e ao mundo empreendedor. Uma conjugação de tudo isso nos levou a essa escolha anunciada hoje.
Qual foi o peso do fator partidário? Afinal, espaço na chapa majoritária era condição da federação PSDB/Cidadania para definir apoio na eleição a governador e seu ingresso agora na chapa, como vice, consolida a adesão desses partidos à candidatura de Casagrande…
O que decididamente pesou foram esses fatores que mencionei aqui para você. Acho que nessa coisa não tem, como se diz, uma “bala de prata”, foi isso ou foi aquilo… Foi uma conjunção de coisas. O projeto liderado por Casagrande é por certo um projeto muito amplo, e o principal ponto de convergência desse projeto é o Espírito Santo. É fazer com que, a cada dia, o Espírito Santo possa continuar se desenvolvendo e prosperando, de forma compartilhada, porque não adianta prosperar de forma concentrada. E, por certo, quando olhamos para o Espírito Santo, temos muitos desafios ainda por superar. As bases estão prontas e o governador Casagrande é um governador muito testado, e testado sob momentos de muito estresse. Os últimos anos foram muito desafiadores e, mesmo assim, o Estado se mantém à frente em indicadores muito importantes.
Quando começou essa construção? Quando o senhor e Casagrande começaram a conversar sobre as eleições 2022 e sua possível participação com ele na chapa?
Essa construção na verdade tem sua origem em 2018, quando ele foi candidato a governador e foi eleito, e eu fui candidato a senador e não fui eleito. Houve, na ocasião, um convite do governador para que eu assumisse uma secretaria de Estado. Eu, no pós-eleitoral, com muita humildade, agradeci muito o convite, mas achei que, no primeiro plano, deveria respeitar a vontade da população. Sou um pouco contra esse negócio de você perder eleição e achar que tem que ter um cargo público. Fica parecendo que você precisa disso. Agradeci, mas fui por outro caminho, para o setor privado. Ao longo desse caminho, nós dois construímos uma relação de confiança mútua. Então isso não começou agora. Começa em 2018 e foi evoluindo e se cristalizando ao longo desses quatro anos.
Embora atuando na iniciativa privada, ou justamente por causa disso, como o senhor colaborou com o governo Casagrande nestes últimos anos?
Nesse período em que estive militando no setor privado, não estabeleci nenhum relacionamento com o setor público. Durante um curto período, fui conselheiro fiscal da ES Gás, mas logo saí. Nas minhas relações privadas, não estabeleci qualquer relacionamento com o setor público ou com fornecedores de serviço para o setor público. Evidentemente, nesse período, o governador procurava compartilhar comigo desafios do dia a dia de governo. E eu lhe dava minhas impressões. Procurei ajudar, como outras pessoas também ajudam. Casagrande é um governador que decide, mas é uma pessoa muito aberta, muito ível e gosta de conversar. Viemos conversando muito sobre as complexas questões do dia a dia do governo.
E na campanha? Como será a sua participação prática? Está correta a expectativa de que o senhor poderá ajudar Casagrande principalmente junto ao meio empresarial, onde ele poderia enfrentar alguma resistência?
Não tivemos tempo ainda de detalhar como será esse programa de trabalho, mas por certo o meu espírito e a minha energia estarão inteiramente dedicados a colaborar para que esse projeto possa ser bem-sucedido e compreendido pelos capixabas. Não temos ainda nada estabelecido, organizado… Não deu tempo, foi tudo hoje! Mas o meu espírito é o da colaboração, da discrição, da humildade e de estar participando para ajudar.
O senhor confirma que Rose de Freitas (MDB) é a candidata ao Senado dessa chapa?
Esse processo está sendo conduzido pelo Renato Casagrande. Hoje concluímos esse o. Agora, efetivamente, temos uma aproximação muito forte e muito densa com a senadora Rose de Freitas. Eu, declaradamente, sou uma pessoa que ira muito ela, pois é uma mulher que dedica a sua vida ao Espírito Santo. Quero crer que esse deverá ou poderá ser o caminho. Ela reúne todas as qualidades e credenciais para continuar no Senado pelo nosso Estado. Acho qUE estamos caminhando em direção a apoiar a Rose, e é isso que estou defendendo.
E quanto à presença do PT na mesma coligação? Gera algum incômodo ou constrangimento para o senhor?
O projeto liderado pelo Casagrande é muito amplo. A construção de frentes amplas tem feito bem ao Espírito Santo, que tem revelado enorme capacidade de agregação. Não é a primeira vez que temos no processo eleitoral uma frente muito ampla. Então, dentro dessa frente, você tem diversos partidos e candidaturas. Do ponto de vista da nossa federação, a nossa candidata a presidente é a senadora Simone Tebet (MDB). Mas o nosso foco é o Espírito Santo.
O senhor, pessoalmente, apoia Simone Tebet no 1º turno?
É, ela é a candidata do nosso partido e da nossa federação. Então, sim, estarei naturalmente seguindo as diretrizes dos nossos dois partidos e, sim, estarei caminhando com a Simone Tebet, que foi minha colega no Senado e tem toda a experiência, a competência e as credenciais para isso. É uma mulher preparada, que vai contribuir muito para o debate eleitoral.
E no 2º turno, se confirmada a polarização entre Lula e Bolsonaro? O senhor vai com quem?
Um o de cada vez (risos).
Onze em cada dez aliados de Casagrande dizem reservadamente que, em se reelegendo, ele renunciará ao cargo de governador em abril de 2026 para concorrer ao Senado. Nesse caso, o senhor assumirá o governo, podendo até disputar a reeleição. Isso a pelos seus planos?
Isso é ficção pura. Renato Casagrande e eu não conversamos sobre isso. Ele não conversou isso comigo, e eu não conversei isso com ele. Parto do princípio de que isso seria extremamente presunçosa e arrogante. E a Bíblia diz que a arrogância é a antessala do fracasso. É uma ficção. A coisa mais importante agora é trabalhar com muita humildade e energia para que o capixaba possa confiar no projeto que estamos construindo agora, conduzido pelo governador Renato Casagrande. É importe que tenhamos consciência de que uma campanha política não é um fim em si mesmo. E temos por premissa respeitar a todos. Então, é uma ficção essa especulação que se faz em relação a 2026. Primeiro tem que ganhar a eleição. Depois, fazer um governo condizente com as expectativas da população. Não há nenhum compromisso do Casagrande em relação a isso, nem dele comigo nem meu com ele.
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