Coluna Vitor Vogas
PSB, PDT e Rede: centro-esquerda prepara aliança eleitoral no ES
Em seminário neste sábado (23), os três partidos começam a debater estratégias conjuntas, com a presença de dirigentes locais e de outros estados

Weverson Meireles, Renato Casagrande e Laís Garcia
Três partidos importantes de centro-esquerda, dois deles de grande porte, começam a discutir neste sábado (23) políticas públicas e estratégias eleitorais conjuntas visando à construção de alianças no maior número possível de cidades capixabas nas eleições municipais do ano que vem.
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A partir das 13 horas, no auditório da Faculdade de Direito de Vitória (FDV), no bairro Barro Vermelho, o Partido Socialista Brasileiro (PSB), do governador Renato Casagrande, o Partido Democrático Trabalhista (PDT), do prefeito da Serra, Sérgio Vidigal, e a Rede Sustentabilidade promovem o seminário “Cenários e Visões em Foco”, com presenças confirmadas dos principais dirigentes estaduais das três legendas – exceto Casagrande, em viagem oficial – e, ainda, de alguns representantes de renome nacional.
PSB, PDT e Rede já estão juntos tanto em nível estadual, no governo Casagrande, como em âmbito federal, no governo Lula (PT).
Os três partidos fizeram parte da coligação pela qual Lula voltou à Presidência no ano ado.
Já na última disputa estadual, sob a liderança de Vidigal, o PDT foi um dos principais aliados de Casagrande na campanha à reeleição. O presidente estadual da legenda, Weverson Meireles, é o secretário de Estado de Turismo desde o início do atual mandato.
A Rede disputou o Palácio Anchieta, com Audifax Barcelos. Mas, logo depois da derrota no 1° turno, o ex-prefeito da Serra desfilou-se. Hoje, a porta-voz estadual do partido, Laís Garcia, é diretora-presidente da Escola de Serviço Público do Espírito Santo (Esesp). O porta-voz estadual, Macaciel Breda, já foi dirigente do PSB em terras capixabas.
O seminário na tarde deste sábado será dividido em três momentos – todos, de certo modo, com o ponteiro da bússola apontando para o norte eleitoral.
Mediada por Wesley Diógenes (Rede), a primeira mesa terá o tema “Política Nacional em Perspectiva”. Os três expositores, cada um representando um partido, são de outros estados: o candidato da Rede ao Senado em 2022 pelo Distrito Federal, Pedro Ivo de Souza Batista, o ex-ministro do Trabalho e Emprego Manoel Dias (PDT) e o ex-governador do Distrito Federal Rodrigo Rolemberg (PSB). O objetivo será debater “a retomada e a recuperação do Estado Democrático de Direito”.
A segunda mesa, intitulada “O ES e os frutos do progresso”, será mediada pela secretária estadual das Mulheres, Jacqueline Moraes (PSB). Terá como expositores Sérgio Vidigal (PDT), Macaciel Breda (Rede) e o presidente do Instituto Jones dos Santos Neves, Pablo Lyra (PSB).
A proposta desse segundo , conforme a programação oficial, é promover uma discussão sobre “a exitosa experiência do governo socialista, democrático e popular do Espírito Santo, cuja pauta com foco regional e municipalista trouxe e traz grandes expectativas para os processos sucessórios das eleições municipais”. O PSB, afinal, é um dos donos da festa.
A terceira mesa é a que tem enfoque mais direto sobre o processo eleitoral. O título é “Expectativas para as eleições municipais”. Nesse momento, os três partidos devem apresentar um documento conjunto, de teor ainda não revelado. Com mediação de Madalena Santana (PDT), o terá apresentações dos presidentes estaduais dos três partidos: Laís Garcia (Rede), Weverson Meireles (PDT) e Alberto Gavini (PSB).
Consta na programação uma ementa que fala por si quanto à intenção desses três partidos em caminharem juntos no processo eleitoral:
“Os partidos políticos Rede, PDT e PSB, identificados com pautas comuns, desejam estabelecer alianças estratégias na maioria das cidades onde se encontram organizados, respeitadas as questões locais”.
O QUE DIZEM OS DIRIGENTES
A coluna ouviu Gavini, Weverson e Laís, presidentes dos três partidos no Espírito Santo.
Alinhado, o discurso dos três é o de que, neste primeiro momento, os respectivos partidos não têm o objetivo específico de começar a construir, na prática, composições eleitorais nessa ou naquela cidade (não obstante o que diz a programação).
Eles ressalvam porém que, dada a grande identidade programática e ideológica a unir Rede, PDT e PSB, a consumação de tais alianças nos maiores municípios capixabas é uma consequência natural da triangulação inaugurada neste sábado. O seminário, assim, pode ser compreendido como o ato inaugural de um movimento maior.
Alberto Gavini (PSB)
Chamando o seminário de um “movimento de esquerda”, Gavini define assim o objetivo:
“Temos políticas públicas em comum. São partidos de centro-esquerda que têm pautas comuns voltadas a saúde, educação, segurança, empreendedorismo, a nossa preocupação com trabalho, emprego e renda, a paz política e a paz social no Brasil, contra os absurdos provocados pela extrema direita nos últimos anos. Dentro desse alinhamento, estamos criando esse espaço para discutirmos políticas, visões de futuro e, principalmente, para tentarmos dar a esses três partidos uma dinâmica diferente para as eleições de 2024, com uma política mais inovadora, mais voltada para o social e que discuta efetivamente aquilo que as pessoas precisam.”
O homem de confiança de Casagrande ressalta:
“A intenção neste momento não é fazer alianças municipais. Estarmos juntos no processo eleitoral é uma tentativa, mas não é uma exigência. É o início de um diálogo, e não necessariamente estaremos juntos em todo lugar. A ideia é que esses partidos possam iniciar esse debate e, quem sabe, esse debate possa se ampliar para o Brasil inteiro.”
Weverson Meireles (PDT)
O presidente estadual do PDT vai por caminho parecido:
“O objetivo do seminário é tornar público um diálogo que já vem sendo feito há alguns meses entre PSB e PDT, que são aliados históricos, e agora com essa importante chegada da Rede nessa construção. É um movimento de debatermos as boas práticas de políticas públicas e, principalmente, as nossas ações no ano eleitoral. As nossas bandeiras convergem, então nos sentimos muito à vontade em debatê-las juntos, até porque nossas direções nacionais também são muito próximas.”
Weverson também rechaça que o objetivo seja a costura de alianças… pelo menos neste momento: “Não houve discussão de conjuntura eleitoral. Mas é lógico que, a partir do momento que debatemos nossas práticas e as bandeiras que defendemos, temos um ambiente fértil para isso”.
Laís Garcia (Rede)
A porta-voz estadual da Rede destaca a perspectiva do partido: “A ideia é debater o cenário nacional e o estadual e como esses cenários vão influenciar nas eleições municipais. Queremos preparar a nossa militância para a eleição de 2024. A ideia é debater as cidades a partir de propostas, centradas em três eixos: ‘gestão de qualidade’, ‘processo de ensino e aprendizagem’ e ‘cidade com compromisso com a vida’”.
A dirigente redista completa: “Claro, quando se constroem propostas em conjunto, naturalmente as alianças acabam acontecendo. Em todos os municípios capixabas onde houver pontos de contato e onde as ideias casarem, estaremos juntos com certeza”.
