Coluna Vitor Vogas
Neucimar: “PP não aceita o PT com candidato na chapa de Casagrande”
Deputado federal afirma que seu partido dificilmente ficará na coligação do governador se ele der posição de destaque a um petista. Também projeta os partidos e candidatos que serão campeões de votos na eleição para a Câmara Federal

Neucimar Fraga. Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados
Articulador político vivido, calejado e muito atuante nas duas pontas (em Brasília e no Espírito Santo), o deputado federal Neucimar Fraga afirma que seu partido, o PP, dificilmente permanecerá na coligação liderada pelo governador Renato Casagrande (PSB) se o Partido dos Trabalhadores (PT), que acaba de decidir oficialmente ingressar nessa coligação, emplacar uma candidatura majoritária na chapa do governador, para o Senado ou a Vice-Governadoria.
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“Se o PT estiver na chapa majoritária, com candidatura de vice ou de Senado, o PP vai seguir a orientação nacional. Se a orientação for para sair, nós vamos sair. […] Nós não somos obrigados a carregar a mão de PT, porque nós vamos defender o nome de Bolsonaro no palanque de Renato. […] Eu não vou pedir voto para uma chapa que tenha o PT na majoritária.”
Neucimar registra que a declaração de voto de Casagrande no ex-presidente Lula (PT) causou “desconforto muito grande” entre membros do PP, como ele, e outros aliados de Casagrande favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e à sua reeleição. “Foi uma declaração equivocada.”
No mesmo bate-papo com a coluna, o atual deputado federal, candidatíssimo à reeleição, carimba as suas duas maiores apostas como campeões de votos na corrida rumo à Câmara dos Deputados no Espírito Santo.
E, convidado a projetar o desempenho dos vários partidos nessa disputa, faz um prognóstico que até certo ponto surpreende: pelo menos uma vaga garantida, somente três partidos podem dizer que têm; e, dependendo do desempenho dos demais, pode ser que as dez vagas do Espírito Santo na Câmara sejam repartidas apenas entre essas três siglas.
Na verdade, com base na lista de Neucimar, dos mais de 30 partidos em atividade no Brasil, não a de sete o número dos que chegam a ter chances reais de eleger pelo menos um deputado federal pelo Espírito Santo este ano.
Confira o nosso pingue-pongue:
Com o ingresso oficial do PT na coligação liderada por Renato Casagrande, há alguma chance de o PP abandonar a coligação?
O PP vai seguir a orientação nacional. O presidente nacional do PP esteve aqui com o Renato e falou do desejo que tinha de ter o PP numa chapa majoritária com o Renato. E o PP está participando do projeto de reeleição de Bolsonaro. Nós, do PP Espírito Santo, somos Bolsonaro. Qualquer movimento para colocar o PT na chapa majoritária aqui poderia criar um problema com o PP nacional. Então, se o PT não estiver na chapa majoritária de Renato, o PP não tem dificuldade de caminhar. Agora, se por acaso o PT participar da chapa majoritária, com vaga de vice ou de Senado, dificilmente o PP caminharia nesse projeto.
Basta a entrada do PT na coligação de Casagrande como condição para o PP considerar sair pela outra porta, ou vocês vão aceitar conviver com o PT na mesma coligação desde que eles não ocupem um lugar na chapa majoritária com o candidato a senador ou a vice?
Se o PT estiver na chapa majoritária, com candidatura de vice ou de Senado, o PP vai seguir a orientação nacional. Se a orientação for para sair, nós vamos sair.
Mas e se o PT somente estiver na coligação, sem candidatura majoritária?
Já são outros quinhentos. Nós não somos obrigados a carregar a mão de PT, porque nós vamos defender o nome de Bolsonaro no palanque de Renato. Como eu disse, vamos seguir a orientação nacional do partido, porque o partido é Bolsonaro. Eu não vou pedir voto para uma chapa que tenha o PT na majoritária. Mas acredito que o Renato terá a habilidade para istrar esse jogo e compor sem desagradar os aliados.
E quanto à declaração de voto de Casagrande no Lula? Isso também interfere em algo?
Causou desconforto muito grande dentro do PP. Inclusive eu falei isso para o governador. Acredito que foi uma declaração equivocada, porque nós não votaremos em Lula em hipótese alguma. Nós somos Bolsonaro.
Mas desconforto a ponto de vocês já começarem a reavaliar a presença do PP nessa coligação estadual? Ou não é para tanto ainda?
Desconforto político dentro do PP e de bons aliados da base. Mas a gente acredita que o governador não vá de forma alguma colocar o PT em um espaço majoritário dentro dessa chapa. Eu particularmente torci para o PT lançar candidato própria e ficar numa coligação separada, deixando o governador solto.
Essa participação do PT será ruim para o próprio governador, eleitoralmente?
Olha, o governador está medindo aí as consequências das decisões dele. Eu gostaria que o PT tivesse candidatura própria. Acredito que atrapalha mais a chapa do que ajuda.
Mudando de assunto, e a eleição para deputados federais, cargo que o senhor disputa novamente? Em quem o senhor aposta como campeões de votos no Espírito Santo?
Amaro Neto [Republicanos] e Majeski [PSDB].
O senhor acredita na repetição do bom desempenho de Amaro em 2018?
Acredito que ele possa repetir ou, no máximo, cair um pouco.
E Majeski em segundo?
Majeski tem um eleitorado bem solto, que gosta muito do voto de opinião. E ele tem um papel importante dentro da política. Defende suas opiniões e suas convicções, quer a gente goste ou não. Ele tem uma personalidade forte. E acredito que tem um grupo de eleitores que se identifica muito com esse tipo de candidato. Então creio que Majeski estará disputando com Amaro o posto de candidato a deputado federal mais votado do Estado.
É mesmo?!? Tanto assim? ando de 100 mil votos, então, tranquilamente?
Acredito que ele chegue a 100 mil. Não sei se a, mas deve chegar.
Pelas suas estimativas, esses são os dois que vão ultraar a marca dos 100 mil votos?
Isso.
E aí o PSDB faz um só, ou o Majeski consegue até puxar o Max Filho?
Se o PSDB fizer, faz um. Hoje tem três partidos que fazem vagas cheias, que atingem a legenda e a ultraam: o PP, o Republicanos e o PSB. Se só nós três fizermos vagas, teremos uma distribuição das dez vagas de 4-3-3, que é praticamente um esquema tático [de um time de futebol]. O PP faz quatro, o Republicanos três e o PSB três. Se o PSDB ou o PT fizerem vaga, aí a nossa projeção seria: PP de dois a três; Republicanos de dois a três; e o PSB de um a dois. E tem mais dois partidos, o PDT e o PTB, que podem fazer uma vaga nas sobras, se suas coligações atingirem 80% do quociente eleitoral. Aí isso vai diminuindo as nossas possibilidades. Então, hoje, você tem alguns partidos como o PTB, o PDT, o PSDB e o PT, que podem fazer uma vaga ou não. Se não fizerem, vai sobrar para quem fez. Hoje, o certo é: PP dois, Republicanos um e PSB um.
Cem por cento certo são esses quatro?
Isso. Se os outros partidos não fizerem vaga, pode ser que essas vagas venham crescendo para nós. Se só nós três fizermos, aí fica 4-3-3.
Isso se nenhum outro partido atingir os 80% do quociente eleitoral, ou seja, algo entre 145 mil e 160 mil votos, que é o mínimo para que a chapa de um partido consiga emplacar um deputado federal nas sobras…
Isso. Então nós temos um cenário em que o PP faz de dois a três federais, o Republicanos de um a dois e o PSB de um a dois. Agora, se os outros partidos não atingirem esses 80% do quociente eleitoral, nós podemos fazer de três a quatro, o Republicanos de dois a três e o PSB de dois a três.
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