Coluna Vitor Vogas
Giro 360: Guerino critica união de Casagrande com o PT: “Candidato Kinder Ovo”
E mais: bastidores da eleição na Câmara de Vitória; em que pé anda a ação de perda do mandato do Patriota contra Gilvan; projeto que visava acabar com “superpoderes” de Erick é arquivado; um trecho cheio de insinuações de uma nota de Audifax; a razão extra para a escalação de Ricardo na vice de Casagrande

Guerino Zanon em ato de pré-campanha. Foto: Assessoria de Guerino.
O ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon, pré-candidato ao governo estadual pelo PSD, criticou a aliança do governador Renato Casagrande com o PT, anunciada na semana ada, e afirmou que “o capixaba não vai mais ser iludido como na última eleição”. Guerino tem feito muitas críticas ao ex-presidente Lula (PT) e, durante encontro partidário realizado no último dia 9, reiterou que apoia a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), conforme já havia declarado em entrevistas.
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“Está claro o caminho de cada um na eleição do Espírito Santo, está fácil identificar quem é quem e escolher o melhor candidato. O eleitor não vai mais ser enganado aqui no Estado por candidato Kinder Ovo, que se vende como uma coisa na eleição e depois, no mandato, o eleitor descobre que é outra coisa, que defende outras bandeiras. Esse é um governo socialista e que quer o apoio do Lula, que já anunciou que vai votar em Lula. Nós temos um projeto num campo diferente, de centro-direita, e vamos apoiar o presidente Jair Bolsonaro na reeleição”, afirmou o ex-prefeito.
“Esse governo que está aí sempre foi vermelho, mas agora assumiu a noiva, subiu no altar e quer o apoio do PT na eleição. Então que esse casamento fique bem claro para os capixabas sobre quem é quem”, advertiu Guerino.
Eleição na Câmara de Vitória
Em meio às definições e ao registro de candidaturas para as eleições gerais de outubro, a Câmara Municipal de Vitória realizará em breve a sua eleição interna para a escolha da Mesa Diretora que vai dirigir a Casa no biênio 2023-2024.
Como determina o Regimento Interno, a eleição deve ocorrer na primeira quinzena de agosto, e o dia exato deve ser definido pelo presidente da Câmara. O atual presidente, Davi Esmael (PSD), ainda não fixou a data, mas articulações já estão em curso.
Conforme informações dos bastidores da Casa, o vereador André Brandino (PSC) é considerado o favorito para suceder Davi, com o apoio do atual presidente. Mas o vereador Armandinho Fontoura (Podemos) também é citado como possível interessado. Ele estaria se articulando com colegas, com o intuito de lançar uma chapa.
Armandinho nega interesse
Indagado pela coluna, porém, Armandinho afirma que essa informação não procede. “Estou focado na finalização da I da Cesan”, afirma o vereador. Segundo ele, os trabalhos da I se encerrarão também na primeira quinzena de agosto.
Se Armandinho de fato não tiver interesse ou não se viabilizar, a tendência é que Brandino leve a presidência tranquilamente.
Ambos são aliados do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos).
Patriota versus Gilvan
Falando em Câmara de Vitória, a quantas anda a ação de perda de mandato por infidelidade partidária movida contra o vereador Gilvan da Federal pelos diretórios estadual e municipal do Patriota? Assinada pelo advogado Igor de Souza Santos e apresentada à Justiça Eleitoral no fim de abril, a ação até agora não andou quase nada.
Inicialmente, segundo o advogado, havia sido designada uma audiência nos dias 28 e 29 de junho, para tomada de depoimentos de testemunhas. Por requerimento da defesa de Gilvan, essa audiência foi adiada, sendo remarcada para o dia 4 de agosto. As alegações iniciais de Gilvan e do Patriota já foram apresentadas. A Procuradoria Regional Eleitoral só emitirá seu parecer nesse processo após a audiência de instrução e oitiva das testemunhas.
Relembre o caso
Em 2020, Gilvan elegeu-se vereador pelo Patriota. No dia 1º abril deste ano, o último da janela para deputados trocarem de partido sem o risco de perder o mandato, Gilvan anunciou, em vídeo publicado em suas redes sociais, que estava trocando o Patriota pelo Partido Liberal (PL), de Bolsonaro. Ele alegou desvio programático por parte do Patriota no Espírito Santo. Conforme disse no vídeo, o partido teria se aliado ao governo Renato Casagrande.
Poucos dias depois, o deputado estadual Rafael Favatto, presidente do Patriota no Espírito Santo, anunciou o apoio do partido à pré-candidatura ao governo do presidente da Assembleia, Erick Musso (Republicanos), opositor de Casagrande.
A janela para troca de partido neste ano não valia para vereadores, somente para deputados estaduais e federais.
No fim de abril, o Patriota ingressou com a ação.
Superpoderes de Erick
Na Assembleia Legislativa, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) arquivou o projeto de resolução do deputado Theodorico Ferraço (PP) que pretendia acabar com os “superpoderes” do presidente da Casa, Erick Musso.
Graças a uma resolução aprovada em plenário em fevereiro de 2019, o presidente concentra até hoje o poder de nomear e exonerar os ocupantes de todos os cargos comissionados subordinados à Mesa Diretora (há mais de 300), sem precisar nem sequer da de um dos dois secretários da Mesa, como ditava a regra original.
Como mostramos aqui, os efeitos dessa resolução seguem valendo, e Erick continua decidindo sozinho sobre o preenchimento desses cargos. O projeto de resolução de Ferraço visava revogar essa resolução. Num primeiro momento, Erick devolveu o projeto a Ferraço, de quem é desafeto político, alegando inconstitucionalidade.
Ferraço recorreu da decisão, no mesmo dia, à CCJ. Na semana ada, a comissão confirmou o entendimento de que o projeto é inconstitucional por “vício de iniciativa”. Projetos que versem sobre atribuições da Mesa Diretora só podem ser apresentados pela própria Mesa.
Briga pelo PROS: a demora de Pingo…
Como analisamos aqui, o grupo de Renato Casagrande e o do ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos (Rede) travaram uma disputa de bastidores pelo apoio do pequeno Partido Republicano da Ordem Social (PROS) na corrida ao Palácio Anchieta. No dia 10 de julho, a assessoria de Audifax anunciou o apoio do PROS – que teria sido articulado pessoalmente pelo redista com o presidente nacional da legenda, Marcus Holanda.
Contudo, no dia 14, o próprio Holanda e o presidente estadual do PROS, Luciano Pingo, divulgaram nota conjunta desmentindo Audifax e informando que o partido segue apoiando Casagrande.
Um detalhe que chamou a atenção foi esse longo intervalo entre o anúncio de Audifax e o desmentido. Por que a direção do PROS levou quatro dias para vir a público? Por acaso teria havido, durante esse intervalo, uma operação sigilosa de emissários de Casagrande para reverter o “desvio” do apoio a Audifax?
… e a insinuação na nota de Audifax
Questionado sobre isso, Pingo disse à coluna que não.
Mas, na nota enviada por Audifax logo após o desmentido no dia 14, há um trecho bastante sugestivo, cheio de insinuações: “[…] não tenho a intenção de negociar acordos que não possa cumprir”.
Para bom entendedor, o pré-candidato ao governo pela Rede está sugerindo que, para segurar o PROS, a campanha de Casagrande teria oferecido aos dirigentes do partido algo que ele mesmo não pode (ou não quer) oferecer.
A razão extra da escolha de Ricardo
A coluna já esmiuçou os fatores que levaram Renato Casagrande a escolher Ricardo Ferraço (PSDB) como seu candidato a vice-governador, listando quatro razões. Mas um colaborador de Casagrande cita um quinto: Ricardo ainda pode ser associado por muitos eleitores ao ex-governador Paulo Hartung (o que exclui os mais jovens, na certa).
Na polarização política estabelecida no Espírito Santo na última década entre Casagrande e Hartung, é notório que Ricardo tomou o partido do primeiro – desde 2018, pelo menos. Mas, alheios a essas disputas, muitos capixabas ainda podem ter em mente a lembrança daquele Ricardo aliado de Hartung e seu vice-governador de 2007 a 2010.
Assim, a presença de Ricardo na chapa também teria o objetivo de invadir, na “mente coletiva” do eleitorado capixaba, o território hoje ocupado soberanamente pelo ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon, representante do hartunguismo nessa disputa.
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