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Um “quem ganha, quem perde” rápido sobre as eleições
Quem ganha
Centrão – Partidos como o PSD e PP ampliaram tanto o número de prefeituras a serem governadas quanto a população gerenciada por eles. O PP, por exemplo, ganhou em Rio Branco, capital onde o PT elegeu o prefeito nas últimas quatro eleições. O PSD venceu no primeiro turno, com Kalil, em Belo Horizonte. Juntos, os partidos do bloco vão istrar a vida de quase metade dos brasileiros. As legendas saem com cacife para negociar com maior força sua participação no governo.
PSDB – Venceu a disputa no maior colégio eleitoral do país e, embora tenha reduzido o número de prefeituras conquistadas em relação à última eleição, é o partido com a tarefa de gerenciar, sozinho, o maior número de brasileiros no país: 34 milhões de pessoas.
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DEM – Venceu a disputa em prefeituras importantes como o Rio, Salvador, Curitiba e Florianópolis. Foi o partido com maior avanço em número de prefeituras e, proporcionalmente, dobrou o número da população sob sua gestão.
PSOL – Apesar da derrota em São Paulo, viu Guilherme Boulos se transformar em nova referência da esquerda, por sua agem ao segundo turno em São Paulo e por ter atraído votos antes impensados de ir para um candidato “radical”. Boulos tem bom trânsito com jovens. Além disso, conseguiu uma das maiores bancadas de vereadores do Rio e conquistou a prefeitura de Belém (PA), com Edmilson Rodrigues.
Estilo ‘Biden’ – O discurso de Bruno Covas, em São Paulo, formatou um outro recado: boa parte do eleitorado está cansado de extremismos. De certa forma, o prefeito reeleito ecoou o discurso da vitória de Joe Biden contra a polarização extremada. As vitórias de políticos ligados a partidos de centro vão nessa linha.
Quem perde
PT – Sem dúvida, o maior perdedor desta eleição. Pela primeira vez desde a redemocratização, o partido não vai gerenciar nenhuma capital. Em 2012, o PT elegeu 638 prefeitos, em 2020, 132. Entre as maiores cidades, o partido ficará a municípios como Diadema e Mauá, no ABC. Como se ou a dizer nos meios políticos, o PT se recusou a fazer uma autocrítica e os eleitores fizeram a crítica pelo PT. Resta saber se lideranças do partido, como Lula e Gleisi Hoffmann, entenderam o recado das urnas.
Bolsonaro – O presidente não conseguiu eleger aliados nas principais capitais. A maioria dos candidatos montados na sua ligação com Bolsonaro também não foi bem. Sempre se pode usar a sua eleição como exemplo de quem não precisa de partidos. Mas se as urnas mandaram um recado em todo o país, este recado foi o seguinte: a onda da antipolítica ou da “nova política” arrefeceu, com a consagração de nomes e legendas da política tradicional. Os aliados do presidente podem não querer ver esse cenário. É uma opção. O PT escolheu não ver os muitos recados enviados ao partido. O resultado deste ano falam por si…
Antipolítica – A ideia do candidato “outsider”, de fora do mundo da política, perdeu força. Se na eleição para governador o país viu surgir nomes como Romeu Zema e Wilson Witzel como vencedores surpreendentes em seus estados, desta vez não há nenhum grande exemplo de candidato “surgido do nada” para sair vitorioso nas urnas. Na dúvida, investidores correm para os chamados ativos tradicionais. Neste ano, os eleitores preferiram voltar à política tradicional.
Polarização – Se Bolsonaro e o PT saíram enfraquecidos das urnas, isso tem um significado: os eleitores parecem ter se cansado do extremismo. E mesmo quem escolheu candidatos “de esquerda” o fez optando por outras correntes, como foi o caso de Boulos em São Paulo.
Igreja Universal – Viu parte importante de seu projeto de poder naufragar com a derrota fragorosa de Marcelo Crivella no Rio. Junto com ele foi a política da intolerância.
Voto obrigatório – Só existe no papel. Não se pode atribuir a média de 30% de abstenções à pandemia. Há muito tempo, um terço do eleitorado simplesmente se recusa a participar das eleições. Está na hora de rever essa obrigatoriedade.
Por fim, resta a pergunta: qual a influência desses resultados nas próximas eleições? É muito, muito cedo para prever. Mesmo porque as eleições presidenciais no Brasil são marcadas por uma certeza: o imponderável. Sempre temos algum acontecimento capaz de mudar os rumos da história eleitoral e política do país. A facada em Bolsonaro e a morte de Eduardo Campos são apenas dois exemplos de uma história sempre embaralhada pelos fatos, como a candidatura de Silvio Santos em meio à campanha, em 1989, ou a morte de Celso Daniel, em 2002.
Qualquer previsão, com dois anos de antecedência, é mero exercício de futurologia. Ou um palpite qualquer, sem nenhuma base concreta. A história de 2022 ainda está para ser escrita.
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