Coluna Vitor Vogas
Saiba qual é a secretaria à espera do PT no próximo governo Casagrande
Uma pasta seguramente já está reservada para o nome a ser indicado pelo PT. Governador diz que cada partido aliado só terá um secretário, mas petistas não desistiram de emplacar dois. Conversas nesta semana serão decisivas

No sentido da leitura: Julinho da Fetaes (PT), Camila Valadão (Psol), João Coser (PT), Jack Rocha (PT), Iriny Lopes (PT) e Helder Salomão (PT). Foto: assessoria do PT
Em típico caso de encontro da fome com a vontade de comer, o governador Renato Casagrande (PSB) ofereceu a Secretaria de Estado de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setades) para o Partido dos Trabalhadores; o PT ainda não respondeu, mas também tem enorme interesse em voltar a comandar a Setades no próximo governo estadual.
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Ligando os pontos, podemos concluir que o PT seguramente indicará o/a próximo/a chefe da Setades. Falta só definir o nome. O anúncio é questão de poucos dias.
A presidente estadual do PT, Jack Rocha, deputada federal diplomada, tem encontro marcado para esta terça-feira (20) com Casagrande. Desde a vitória eleitoral do socialista no 2º turno, no dia 30 de outubro, os dois têm mantido conversas regulares – já tiveram pelo menos três encontros para discutir a participação do PT na próxima istração do aliado.
A Setades enche os olhos do PT por vários motivos. Além da identificação natural entre o escopo da secretaria e bandeiras caras ao partido (contidas no nome da pasta), o PT tem ligação histórica com a Setades.
Entre os primeiros governos de Paulo Hartung (2003-2010) e o primeiro de Casagrande (2011-2014), uma fila de petistas chefiaram a pasta: não nesta ordem, aram pelo cargo Helder Salomão, Carlos Casteglione, Tarciso Vargas, Givaldo Vieira (hoje no PSB) e Rodrigo Coelho (hoje conselheiro do Tribunal de Contas do Estado).
Ademais, a Setades tem um orçamento respeitável (R$ 168,3 milhões previstos para 2023 no projeto de lei orçamentária enviado à Assembleia) e é uma clássica “secretaria-fim”, que presta serviços e executa políticas diretamente aos cidadãos, o que é muito mais interessante para qualquer sigla do ponto de vista político-eleitoral.
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A secretaria concentra uma gama de políticas públicas em três áreas (o tripé trabalho, assistência e desenvolvimento social), voltadas para a população em maior vulnerabilidade social. É como se fossem duas ou três secretarias em uma. Para fazermos um paralelo, o próximo governo Lula deve voltar a ter, separadamente, o Ministério do Trabalho e o do Desenvolvimento Social.
Duas possíveis indicações do PT para a Setades são os nomes da ex-secretária de Educação de Cariacica Célia Tavares e da assistente social e professora Ana Petronetto Serpa, ex-chefe do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases) e secretária de Assistência Social de Vitória na gestão de João Coser (2005-2012).
As duas são filiadas ao PT e transitam bem, principalmente, nos grupos políticos da deputada estadual Iriny Lopes e do deputado federal Helder Salomão.
Nesta terça e nos próximos dias, as correntes internas e os órgãos diretivos do PT estadual devem ter uma série de reuniões para bater o martelo.
PT quer ocupar duplex
Embora a Setades já esteja reservada para o PT, a direção do partido pleiteia mais uma secretaria e não perdeu as esperanças de atingir esse objetivo. Será uma difícil negociação com o governador.
Após a cerimônia de diplomação ontem (19) no TRE, Casagrande declarou à coluna e a outros órgãos de imprensa: os partidos aliados que forem contemplados no 1º escalão só terão uma secretaria cada um.
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“Alguns partidos aliados estarão presentes no 1º escalão, outros não. […] O PT estará conosco no 1º escalão. Quem participar do governo vai participar sempre com uma secretaria, porque boa parte dos secretários não tem vinculação partidária.”
Há uma exceção à regra, porém. Com a confirmação do retorno do coronel Alexandre Ramalho para o comando da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), o Podemos já tem garantidos dois integrantes no próximo secretariado. Também filiada à legenda, Emanuela Pedroso foi anunciada como próxima secretária estadual de Governo.
Casagrande relativiza a “exceção”. À coluna, explicou que houve uma convergência fortuita nesse caso: Ramalho não foi convidado para preencher a cota do Podemos, mas, precipuamente, por uma questão de perfil.
“O Ramalho é mais pelo perfil da área de segurança pública.”
De todo modo, o PT não deve se dar por satisfeito tão facilmente. Nas próximas conversas com Casagrande, a comissão formada por Jack Rocha e outros dirigentes do partido deve reforçar a reivindicação por outro espaço no alto escalão.
Além da Setades, o partido tem interesse principalmente na Secretaria de Estado de Esportes (Sesport). O nome a ser indicado deve ser o do ex-deputado estadual José Carlos Nunes, pai do recém-aposentado lutador de MMA Erick Silva.
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No PT, Nunes é da corrente de Jack Rocha, a Construindo um Novo Brasil (CNB). Aliada à corrente de João Coser (Alternativa Socialista), a CNB venceu a última convenção estadual do PT em 2019, e chegou à direção do partido no Espírito Santo.
Mas a vitória se deu por margem mínima e desde então, na prática, o PT no Espírito Santo está dividido exatamente ao meio, em duas partes simétricas: de um lado, as correntes de Jack Rocha e Coser; do outro, os grupos da deputada estadual Iriny Lopes e Helder Salomão.
Cada metade tem um deputado estadual e um federal eleito, o que só aumenta o equilíbrio nessa correlação de forças internas.
Também por isso, para que os dois lados se sintam igualmente contemplados, o PT deve insistir nas duas pastas: a Sesport iria para Nunes (CNB), enquanto a Setades teria um(a) representante dos grupos de Iriny e Helder.
Mas esse não é o único motivo. Acima de tudo, o PT entende ser merecedor desse espaço duplo em função de sua contribuição inestimável para a vitória eleitoral de Casagrande.
O tamanho do espaço seria proporcional ao empenho do partido na reeleição do aliado do PSB, não somente com seus líderes e militantes indo às ruas pedir votos, mas antes mesmo do início da campanha, com a retirada da pré-candidatura do senador Fabiano Contarato ao Palácio Anchieta.
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