Ramalho desabafa nas redes: “O sistema é f***, parceiro”

Coronel Alexandre Ramalho. Foto: Facebook

Rifado pelo próprio partido da disputa pela vaga do Espírito Santo no Senado, o coronel Alexandre Ramalho (Podemos) usou suas redes sociais para fazer, em parcelas, um desabafo que não deixa dúvidas quanto ao seu grau de insatisfação com a decisão da Executiva Estadual de barrar sua candidatura. Em post no Instagram, Ramalho publicou: “Política não é para amadores. O sistema é foda, parceiro. Hoje senti isso na pele”.

A segunda frase, com o palavrão, é uma citação do personagem Capitão Nascimento no filme “Tropa de Elite 2”, cuja foto ilustra a postagem.

Em vídeo publicado na noite desta quarta-feira (3), também no seu Instagram, Ramalho deu uma satisfação aos seus seguidores e apoiadores. Também externou sua contrariedade com a decisão do Podemos, comunicada a ele à tarde, pessoalmente, pelo presidente estadual do partido, o ex-prefeito de Viana Gilson Daniel.

“Retiraram meu sonho. Retiraram a oportunidade de discutir a pauta nacional da segurança pública no Senado. Não me dou por derrotado. Um soldado nunca se dá por derrotado. Por todas as intempéries que ele enfrentará, ele continuará firme na trincheira, para defender os seus amigos, os seus aliados, e assim me coloco à disposição da nossa sociedade capixaba.”

O ex-secretário estadual de Segurança Pública disse ter concluído que a manutenção dos cargos políticos sobrepõe-se aos interesses da sociedade:

“Recebo essa notícia com muito pesar. Percebo que os arranjos políticos, a manutenção dos cargos políticos paira [sic] por diversas outras questões que vão muito além do interesse da sociedade capixaba.”

Na nota divulgada à imprensa por sua assessoria por volta das 18 horas desta quarta-feira, Ramalho já havia dado a ver o seu descontentamento:

“Ramalho destacou que as composições e arranjos políticos não atendem aos anseios da sociedade, beneficiando somente a manutenção e perpetuação do poder. Destaca ainda que o Espírito Santo perde a oportunidade de discutir, com propriedade, um dos temas mais preocupantes da atualidade, que é a segurança pública.”

De coronel para coronel

A frase “O sistema é foda, parceiro” é dita pelo protagonista de “Tropa de Elite 2” na sequência final do filme, escrito e dirigido por José Padilha. Àquela altura, o Capitão Nascimento, como ficou consagrado nas telas o personagem de Wagner Moura, já tinha sido promovido de patente: era o Coronel Nascimento, na Polícia Militar do Rio de Janeiro. E, também como Ramalho, havia atuado na Secretaria de Segurança Pública de seu estado (não como secretário, mas no serviço de inteligência).

O desabafo de Ramalho pode marcar a cena final do longa-metragem que foi a sua malfadada pré-candidatura ao Senado (com direito a drama, intrigas e traição). Mas creio que talvez não o seja. Vai depender dos próximos os que Ramalho decidir tomar e da sua resposta para o que todos se perguntam no momento: com ele fora da disputa, qual ou quais candidatos terão o seu apoio eleitoral?

De “caveira” para “caveira”

Só a título de curiosidade, Ramalho chegou a comandar o Batalhão de Missões Especiais (BME) na PMES, mais ou menos equivalente ao Batalhão de Operações Especiais (Bope) na PMRJ. E mantinha mesmo uma caveira decorativa em destaque sobre a mesa de trabalho de seu gabinete como secretário de Segurança Pública do Espírito Santo (foto acima).