Coluna Vitor Vogas
PT decide fortalecer campanha de Contarato ao governo do ES
Decisão foi tomada pela Executiva Estadual dois dias após Casagrande receber petistas e falar sobre uma possível aliança no Estado

Senador Fabiano Contarato. Foto: Divulgação/Senado
O Partido dos Trabalhadores (PT) decidiu manter a pré-candidatura do senador Fabiano Contarato ao governo do Espírito Santo. Mantê-la e fortalecê-la. Até o fim de maio, o partido vai realizar encontros regionais em seis cidades capixabas com o objetivo de mobilizar a militância e preparar a campanha de Contarato: Vitória, Colatina, Cachoeiro, São Mateus, Muniz Freire e Águia Branca. O primeiro será nessa última, localizada no Noroeste do Estado.
> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!
A decisão foi tomada em reunião da Executiva Estadual do PT, na última quinta-feira (14), com a presença do próprio Contarato, dois dias depois de os dirigentes petistas terem conversado com o governador Renato Casagrande (PSB) sobre uma possível aliança com o PSB.
A conversa com Casagrande ocorreu na última terça-feira (12), na Residência Oficial da Praia da Costa, a convite do governador. O PT foi representado pela presidente estadual, Jackeline Rocha, pelo vice-presidente estadual, João Coser, pela deputada estadual Iriny Lopes, pelo ex-deputado estadual Nunes e pelo secretário estadual de Formação Política, Alexandre Mamute. O presidente do PSB no Estado, Alberto Gavini, também participou.
O governador pediu prazo até o fim de maio para se posicionar e definir o status do relacionamento político com o PT no Espírito Santo: se os dois partidos estarão juntos ou não e como poderão caminhar juntos na eleição ao governo do Estado.
Os petistas, então, decidiram seguir tocando normalmente a pré-candidatura de Contarato. Não querem nem vão ficar de braços cruzados esperando a definição do governador, até porque, se fizerem isso, perderão dois meses de mobilização da própria campanha. “Queremos chegar lá na frente prontos para disputar. Vamos deixar a candidatura a ponto de bala”, conta um membro da Executiva Estadual, na condição de anonimato.
Se eventualmente, por determinação dos caciques nacionais, Contarato precisar ser retirado para que o PT apoie a reeleição de Casagrande, paciência e resignação… (até porque essa decisão final virá mesmo de cima). Mas, se a aliança local com o PSB não se concretizar, o PT chegará a agosto com uma candidatura pronta para ser registrada e colocada para jogo.
Contarato é, assim, um jogador que ará os próximos meses se aquecendo muito e que, em agosto, poderá ou não entrar em campo. Tudo vai depender da “decisão do professor”. E o “professor”, no caso, chama-se Lula – no sentido de “treinador”, bem entendido.
Na verdade, tudo no PT-ES – aliança ou não com Casagrande, lançamento ou não de Contarato – gira em torno do ex-presidente da República e do objetivo estratégico central para os petistas do Brasil inteiro, que é fazer o que for preciso para levar Lula de volta ao Palácio do Planalto.
Significa dizer que todas as decisões relacionadas ao PT do Espírito Santo estão condicionadas à resposta para uma pergunta: qual é o cenário que proporciona o palanque mais forte para Lula no Estado?
É uma chapa puro-sangue da federação PT/PV/PCdoB encabeçada por Contarato? Ou é o palanque liderado por Casagrande, com o PT fazendo parte da robusta aliança do governador e com o próprio Casagrande pedindo votos para Lula aos eleitores capixabas?
A resposta não é simples. Dentro da própria Executiva Estadual do PT, há discordâncias quanto a isso.
Há um grupo mais aberto a uma estratégia que permita a construção de uma aliança com o governador. E há outro que, desde a largada, prefere o lançamento de uma chapa majoritária pura (caso esse em que o PT também terá candidatura ao Senado), com uma campanha mais petista, mais vibrante, mais vermelha e mais radical (no sentido de “raiz”) para Lula no Espírito Santo.
De qualquer maneira, seja apostando em Contarato, seja compondo com Casagrande, o PT priorizará a campanha de Lula em solo espírito-santense. Qualquer eventual acordo com o PSB e com Casagrande envolverá a candidatura do ex-presidente. Se o governador se negar a declarar e pedir votos publicamente para Lula, ficará muito difícil um entendimento.
Como foi a conversa com Casagrande
O local da conversa de Casagrande com o PT há exatamente uma semana não poderia ter sido mais simbólico: a Residência Oficial da Praia da Costa, mesmo local onde o governador recebeu, em fevereiro, o ex-juiz Sergio Moro, algoz de Lula e então pré-candidato à Presidência, para a ira generalizada dos petistas no Espírito Santo. Um gesto diplomático do governador.
Foi uma conversa importante, entre partidos historicamente vizinhos e cheios de afinidades no campo esquerdo do espectro político nacional.
À vontade, Casagrande falou do cenário eleitoral nacional e estadual, destacou a importância das muitas alianças que PT e PSB já tiveram no ado – para ficar em um exemplo, ele foi vice-governador de Vitor Buaiz (1995-1998) – e, o que é mais importante, afirmou aos petistas seu desejo de ter o PT participando de seu projeto.
Também afirmou que o PSB (o partido) fará campanha para Lula também no Espírito Santo, respeitando a resolução da cúpula nacional, mas que ele mesmo (o governador e postulante à reeleição) ainda precisa de tempo para avaliar como vai se posicionar publicamente e de que modo poderá contribuir com a candidatura de Lula.
Deu sinais positivos para o PT, mas também procurou ganhar tempo. E não chegou a pedir nem propor a retirada da candidatura de Contarato – mesmo porque não garantiu seu apoio pessoal a Lula.
Desenhando a campanha
Na sexta-feira (22), a Executiva Estadual do PT voltará a se reunir, dessa vez para traçar o planejamento estratégico da campanha de Contarato.
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.
