Coluna Vitor Vogas
Postura de Manato após derrota é exemplar e deveria ser seguida por Bolsonaro
Derrotado por Casagrande, o ex-deputado federal deu um belo exemplo de espírito democrático, esportividade, respeito às urnas e à vontade popular

Após ser derrotado, Manato disse que vai cuidar das suas empresas. Foto: Divulgação (Assessoria)
Ao reconhecer o resultado das urnas na noite deste domingo (30) em sua primeira entrevista para a imprensa após ter sido derrotado pelo governador Renato Casagrande (PSB), o ex-deputado federal Carlos Manato (PL) deu uma demonstração exemplar de espírito democrático, esportividade (fair play) e civilidade; um belo exemplo de respeito às urnas e à soberana vontade popular manifestada através delas, o qual deveria ser seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que apoiou Manato no Espírito Santo e teve o apoio dele na eleição à Presidência.
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Até o momento em que escrevo este texto, adas quase 24 horas desde a confirmação oficial da vitória de Lula (PT) pelo TSE, o presidente ainda não fez nenhuma manifestação pública, muito menos reconheceu o resultado eleitoral, enquanto caminhoneiros que apoiam o incumbente bloqueiam vias públicas pelo país, em protesto. Enquanto isso, assim que saiu a confirmação matemática do resultado no Espírito Santo, Manato acolheu o resultado, parabenizou o governador reeleito e desejou-lhe sucesso no próximo mandato.
É o que se espera de homens públicos verdadeiramente comprometidos com a democracia.
“A urna tem que ser respeitada. Nós temos que respeitar, parabenizar o governador e que ele cumpra as promessas que ele fez. Parabéns. A democracia é isso: uns ganham e outros perdem. Parabéns ao governador e ao grupo dele pelo projeto”, disse Manato.
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“Sempre fui um democrata. Não adianta a gente achar culpado, achar isso, aquilo. Não. Não é por aí. A boa política é uma política diferente, em que você respeita as pessoas. Então, agora vou tocar a minha vida privada e tudo bem. Vou torcer para que o Espírito Santo seja um estado cada dia melhor. […] Parabéns, governador. Sucesso e que Deus te abençoe. […] Eu torço por um Espírito Santo melhor. Quero que ele faça um grande governo. Eu sou diferente. Eu amo o meu estado e o meu país”, completou o candidato derrotado ao Palácio Anchieta.
Manato afirmou inclusive que não fará oposição a Casagrande nos próximos anos. Médico e empresário, ele está sem mandato desde 2018 e pretende se dedicar a seus negócios na iniciativa privada. “Jamais faria isso [oposição]. Esse papel é da Assembleia, é dos deputados. Eu não vou ser oposição a ninguém. Vou tocar a minha vida privada, numa tranquilidade. […] Vamos botar amor no coração e torcer para que dê tudo certo.”
O candidato derrotado do PL afirmou que sua participação no 2º turno foi importante (e, de fato, foi), entre outros motivos, porque isso forçou Casagrande a assumir com várias categorias, como policiais e técnicos de enfermagem, uma série de compromissos até então não anunciados.
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“O 2º turno foi importante, pois debatemos mais o Espírito Santo. Se não tivesse o 2º turno, isso não aconteceria.”
Com pouco mais de 1 milhão de votos (o equivalente a 46,2% dos votos válidos), Manato agora é o candidato a governador não eleito com a maior votação na história do Espírito Santo. Antes dele, ninguém chegou em 2º lugar tendo obtido tantos votos.
Casagrande reelegeu-se com 1.171.288 votos, ou 53,8% dos votos válidos.
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