fbpx

Coluna Vitor Vogas

Pazolini responde a notificação do MPES

Prefeito enviou resposta à procuradora-geral de Justiça às 22h desta terça (24), no limite do prazo, mas não teria entrado em detalhes sobre acusação contra governo Casagrande

Publicado

em

Lorenzo Pazolini. Foto: Reprodução/Instagram

Lorenzo Pazolini. Foto: Reprodução/Instagram

Às 22 horas desta terça-feira (24), no limite do prazo que tinha para fazê-lo, o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), respondeu à notificação da procuradora-geral de Justiça, Luciana de Andrade, que havia lhe pedido informações complementares relativas à proposta de fraude licitatória que ele alega ter recebido de uma autoridade do governo estadual. O envio da resposta do prefeito à chefe do Ministério Público Estadual (MPES) é confirmado pela assessoria de comunicação do órgão, por meio da seguinte nota:

> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!

“O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Procuradoria-Geral de Justiça, informa que recebeu a resposta do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, na terça-feira (24/05), às 22 horas. Esclarece ainda que analisa o teor das informações encaminhadas para futura manifestação.”

Receba as notícias da coluna no grupo de Whatsapp do Vítor Vogas.

Na manhã do último dia 14, um sábado, em pronunciamento realizado em uma escola municipal do bairro Jardim Camburi, o prefeito declarou ter recebido de uma “autoridade” do governo estadual, em um palácio com nome de um santo (por dedução, o Palácio Anchieta), uma proposta para realização de uma obra na cidade de Vitória, desde que a obra em questão fosse realizada por determinada empresa.

Durante o discurso, gravado em vídeo e amplamente espalhado por aliados de Pazolini naquele sábado, o prefeito não chegou a especificar o nome do autor da proposta, a obra, a empresa nem a data do encontro. No mesmo dia, o governo estadual, por meio da Procuradoria Geral do Estado (PGE), ingressou com representação no MPES, pedindo a Luciana de Andrade que cobrasse de Pazolini os devidos esclarecimentos, sob pena de ser processado por crime contra a honra.

Na segunda-feira seguinte (16), o prefeito da Capital encontrou-se com o superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo, Eugênio Ricas, na sede da instituição, em São Torquato, Vila Velha, e entregou-lhe “documento contendo informações sobre a possível prática de crimes”, conforme confirmou a assessoria de comunicação da Polícia Federal à coluna no dia seguinte, sem entrar em detalhes sobre os “possíveis crimes”.

Na terça-feira (17), Luciana de Andrade enviou notificação ao gabinete de Pazolini, via e-mail institucional. Conforme explicou em entrevista à coluna, pediu ao prefeito informações mais específicas e mais detalhadas sobre a acusação lançada por ele no pronunciamento do dia 14 (quem? quando? como?), no curso da ação provocada pela PGE, até para poder decidir a providência a ser tomada no caso. O prefeito tinha cinco dias para enviar a resposta. Após pedir o à representação protocolada pela PGE, ele respondeu à notificação às 22 horas desta terça-feira (24).

Durante todo esse período, Pazolini optou pelo silêncio. Ante os reiterados pedidos de informações feitos pelo colunista e por colegas do Portal ES360, a resposta padrão da assessoria da prefeitura, desde o dia 14, é que prefeito e prefeitura não se pronunciam sobre este assunto. Nesta quarta-feira (25), uma vez mais, foi a resposta que obtivemos.

Disputa de narrativas

Enquanto isso, o governador Renato Casagrande (PSB) partiu para uma contra-ofensiva também na arena verbal. Em entrevista à coluna, declarou-se entristecido com o comportamento de Pazolini, disse que o prefeito da Capital não está se comportando como ocupante do cargo e que precisa entender que não é mais deputado estadual. Lançando mão de adjetivos como “leviano” e “aventureiro”, disse estar convencido de que o alvo da acusação de Pazolini não é outro senão ele mesmo. Afirmou, ainda, que levará o caso até as últimas consequências, se for preciso, para defender a si mesmo e a sua família.

Resposta evasiva

Como o(a) leitor(a) pode ter percebido, a nota do MPES é vaga. Mas essa vagueza pode ter explicação no teor da própria resposta de Pazolini. Pelo que pudemos apurar, o prefeito “respondeu ao MPES” no sentido de que “enviou uma resposta dentro do prazo legal”. Quanto ao teor da resposta propriamente dita, teria optado por não entrar em detalhes e não teria acrescentado quase nada ao que já dissera no discurso do dia 14. Em outras palavras, não teria explicado melhor sua acusação e, assim, não teria exatamente respondido aos questionamentos da chefe do MPES.

Diante da persistente escassez de informações, a procuradora-geral de Justiça precisa agora decidir a próxima medida a ser tomada.

Possível explicação

Fazendo aqui um exercício de “pôquer político” para tentarmos compreender a estratégia do prefeito, pode ser que ele tenha feito essa opção, basicamente, para não “entregar” agora ao governo do Estado as eventuais cartas que tenha na manga.

Se Pazolini tivesse detalhado a acusação e revelado ao MPES as provas que diz possuir, o governo estadual, como autor da representação e parte ativa do processo, teria o à íntegra de sua resposta e tomaria conhecimento de tudo.

Aparentemente, neste momento, interessa ao prefeito prolongar o suspense e manter o governo no escuro, sem saber qual é, afinal, a carta que ele guarda (supondo, é claro, que ele tenha mesmo alguma)… e qual é o real “poder de destruição” dessa cartada.

 

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.