fbpx

Coluna Vitor Vogas

Opinião: a primeira obrigação de quem se eleger neste domingo

É urgente unir e colar os cacos desta nação fragmentada. Os próximos governantes terão o dever de pacificar o Brasil e os brasileiros. Mas isso também é tarefa para cada um de nós

Publicado

em

Foto: TSE

Chegou o dia! Ressalvando a possibilidade de 2º turno para presidente e governador, hoje temos a apoteose, o grande ato final de uma eleição que já entrou para a história. E esse “grande ato final” cabe a mim, a você, a cada um de nós, no encontro que temos marcado neste domingo (2) com as urnas.

> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!

São as primeiras eleições gerais no Brasil após a pandemia do novo coronavírus, evento histórico que tirou nossa base, nosso chão… em muitos casos, nossos entes queridos, ensejando muitas reflexões. Em um momento histórico tão importante, quero propor mais uma: precisamos, urgentemente, pacificar o nosso país.

Receba as notícias da coluna no grupo de Whatsapp do Vítor Vogas.

O Brasil está há tempo demais contaminado por um vírus de outra espécie, infiltrado não no corpo humano, mas no organismo da própria nação: o vírus da radicalização política. Faz anos que o país criou uma armadilha para si mesmo e embrenhou-se no labirinto de uma polarização sem fim, segundo uma concepção simplista que reduz a política a um campo de guerra ideológica entre lados opostos: uma “direita”, uma “esquerda” e nada fora disso, numa eterna luta do “bem” contra o “mal” e posições se invertendo de acordo com cada soldado.

Temos visto, há alguns anos, o primado da disputa política baseada no confronto, na negação da existência do outro e do seu direito de pensar de outro modo; muitas vezes, até, no desejo expresso de aniquilação do adversário, tratado sem nuances como o inimigo a ser eliminado.

Esse duelo é artificialmente exacerbado para servir a interesses poderosos de terceiros que dele se nutrem, mas na verdade a longe do interesse maior do cidadão comum, das suas necessidades mais urgentes e das suas preocupações mais pungentes, mais ainda num momento historicamente delicado como é o atual.

Essa guerra já foi longe demais. Já dura mais tempo do que seria desejável e do que seria aceitável para qualquer povo.

Alimentada por quem que se beneficia desse perene clima de conflito e antagonismo político, esse extremismo não faz bem ao país. Mantém-nos em permanente estado de tensão, tristeza, depressão. Gera conflitos sociais e familiares… Nos últimos anos, tragados por essa espiral de paixões extremadas, quantos amigos e parentes se afastaram (e não por medida sanitária, não por serem forçados a manter distanciamento social)? Sim, muito antes da pandemia, os brasileiros já estavam “socialmente isolados”.

É preciso dar um basta nisso.

É urgente unir e colar os cacos desta nação fragmentada.

> Eleição para deputado federal: as cidades e as regiões do ES com as disputas mais duras

E essa deve ser a missão número um a ser abraçada pelos governadores e, acima de tudo (e de todos), pelo presidente da República eleito, neste domingo ou em 30 de outubro. Quem quer que sejam os mandatários eleitos, deverão anotar no topo de sua lista de prioridades: pacificar o país.

Mas essa também deve ser uma tarefa abraçada por cada um de nós.

O vírus da divisão se entranhou na alma da nação. Não é só o nosso corpo coletivo. Também a alma nacional encontra-se adoecida. Tomando emprestada a expressão de Joe Biden ao ser eleito presidente dos Estados Unidos em 2020, é preciso curar a alma do nosso país. E é aí que entram a responsabilidade cidadã de cada um de nós e o exercício da cidadania por meio do voto, neste domingo.

Não há melhor maneira para começara a curar a alma nacional do que abaixar a temperatura, respirar fundo, trocar a paixão pela razão, o extremismo pela moderação, e exercitar, com consciência, o seu livre direito de escolha: votar com a cabeça no lugar da bile, tendo em mente os problemas reais que afligem a nossa gente, acima do incessante Fla x Flu ideológico que traz muito barulho e balbúrdia, mas nenhuma solução concreta.

É preciso, enfim, distensionar o Brasil. Não tem país que e ficar por tanto tempo esticado ao limite. Chega uma hora em que ele se rompe. Ou rompe-se o tecido democrático, com consequências inimagináveis – mas, certamente, terríveis.

Não, o voto não é vacina para esse vírus do extremismo, da radicalização ideológica e da divisão política. É mais que isso.

O voto, neste domingo (1º), pode ser o princípio da cura.

> Análise atualizada: quem tem chances maiores na eleição a deputado federal no ES?

Muito barulho por nada

Bravatas, gritaria ideológica, mentiras, frases de efeito, teorias conspiratórias… Tudo isso pode ajudar pessoas a chegar ao poder. Mas, se tem uma lição que a pandemia nos ensinou a todos da maneira mais cruel possível foi a de que nada disso ajuda a governar. Barulho ideológico não dá resultado, mais ainda quando suplanta a boa técnica, o respeito a especialistas, a reverência a séculos de estudos e pesquisas acumulados pela ciência.

Na hora em que a crise aparece, ou se agrava, quando é preciso dar soluções objetivas e respostas claras à população, de nada serve a gritaria inócua, a polêmica estéril, a criação de controvérsias inúteis. Nem sempre o que serve para chegar ao governo também serve para governar. Isso vale para todas as esferas do poder. No caso do Poder Executivo, vale das prefeituras municipais à Presidência da República, ando pelos governos estaduais.

Para governar, é preciso método, planejamento, organização, equipe qualificada escolhida segundo critérios técnicos, coordenação de ações, comunicação correta e transparente com a população, respeito ao cargo, à Constituição, ao Parlamento, à imprensa, às demais instituições democráticas e, antes de tudo, reverência ao povo que elegeu o governante.

É preciso currículo, preparo, treinamento, liderança, competência, capacidade de articulação política, conhecimentos específicos sobre finanças públicas, istração pública, economia…

Naturalmente, o aspirante ao poder não precisa ser um gênio em todas as matérias, contanto que seja capaz de montar grandes equipes, cercando-se dos melhores nas respectivas áreas e tendo a humildade e a sabedoria necessárias para ouvir seus pareceres e segui-los, a fim de tomar decisões bem embasadas que mirem sempre o bem-estar da população.

> Análise: a maior das ironias desta eleição no Espírito Santo

É meio incrível termos que frisar isso, mas, na atual conjuntura, não é demais  lembrar: um homem público que faça jus à confiança de seu povo também precisa mostrar lucidez, sensatez, serenidade, equilíbrio emocional, temperança, educação, boas maneiras, civilidade no trato com todos, inclusive (aliás, especialmente) com adversários políticos.

Desnecessário sublinhar que honestidade e integridade são pré-requisitos para o “emprego”.

Acima de tudo, é preciso mostrar espírito público acima do próprio ego e das próprias vaidades, da busca incontida por pretensas “vitórias pessoais” colocadas acima dos interesses coletivos.

Por isso, ao definir seu voto, um bom exercício é perguntar a si mesmo: qual candidato, na minha avaliação, mais se aproxima desse conjunto de exigências para o cargo?

Um bom domingo e um bom voto para todos!

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.