Coluna Vitor Vogas
O que ainda falta definir no secretariado de Casagrande?
Saiba quais são as sete secretarias com titular ainda indefinido, os partidos e aliados que ainda precisam ser contemplados, os arranjos e combinações possíveis na montagem do quebra-cabeça

Reunião no gabinete do governador Renato Casagrande. Foto: Hélio Filho/Secom
Ao escolher seu secretariado, o governador Renato Casagrande (PSB) claramente escolheu o método do “jogo de varetas”: do mais fácil para o mais difícil. Começou tirando da mesa aquelas varetas que não representavam nenhum risco de esbarrão em outras. Na grande maioria dos casos, manteve quem já estava no lugar, inverteu posições de um par e reconvocou antigos secretários. Agora, ele entra na etapa mais difícil: o preenchimento dos espaços dos principais partidos aliados.
> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!
Dos 26 cargos com status de secretário na próxima istração, 19 já foram definidos e anunciados pelo governador. E dois partidos aliados já foram bem contemplados: o PSDB do vice-governador Ricardo Ferraço, que assumirá pessoalmente a recriada Secretaria de Desenvolvimento, e o Podemos, com Emanuela Pedroso (Governo) e Alexandre Ramalho (Segurança Pública).
Falta definir os titulares de sete secretarias e contemplar pelo menos quatro siglas fundamentais em sua base de apoio: o PT, o PP, o PDT e o próprio PSB. Além disso, é preciso encaixar o deputado estadual Renzo Vasconcelos, com lugar assegurado no 1º escalão.
Em aberto, ainda há estas sete pastas:
. Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setades)
. Esportes e Lazer (Sesport)
. Turismo (Setur)
. Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sedurb)
. Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti)
. Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama)
. Educação (Sedu)
> O cargo que Nésio Fernandes deve assumir no Ministério da Saúde
Tirando a última, todas estão aí para jogo. Donde se conclui que Casagrande tem agora a missão de encaixar cinco aliados em seis casinhas disponíveis. A matemática ajuda e, se fosse só isso, a tarefa não seria das mais complicadas. Difícil mesmo é conciliar os interesses de todo mundo. Vamos por partes:
PT
O PT postula duas secretarias: a Setades e a Sesport. Entende ter tamanho para isso. O governo só quer lhe destinar uma: de preferência a Setades. Se o PT ficar com essa pasta (e somente com ela), facilita muito a vida do governador, pois “libera” a Sesport, secretaria que desperta o interesse de muitos outros aliados.
Para a Setades, os nomes mais cotados como “indicáveis” do PT são os das ex-secretárias de Assistência Social de Vitória, Ana Maria Petronetto, e de Cariacica, Nilda Sartório. A primeira foi secretária na istração de João Coser e é mais ligada ao grupo do ex-prefeito da Capital. A segunda comandou a secretaria municipal na gestão de Helder e é mais próxima ao ex-prefeito de Cariacica.
É, basicamente, um negativo da divisão de forças no PT estadual atualmente, entre os grupos de Jack Rocha e Coser de um lado, e o de Helder e Iriny Lopes do outro.
As duas são filiadas ao PT, mas também muito técnicas (assistentes sociais com longa folha de serviços na istração pública).
Outra possibilidade é a indicação de Carlos Casteglione, que já comandou a Setades no governo Paulo Hartung. Ligado a Coser (são da mesma corrente interna), ele quer voltar a disputar a Prefeitura de Cachoeiro em 2024.
Na Sesport (se rolar), o PT quer emplacar o ex-deputado José Carlos Nunes.
Se, numa hipótese muito remota, o PT não ficar com a Setades, a pasta pode voltar para o PDT, próximo item da nossa lista.
> Assembleia: sessão nesta quinta (22) para votar aumento do salário dos deputados
PDT
O governador gosta muito do trabalho de Juninho Abreu, atual secretário de Esportes, indicado pelo prefeito da Serra, Sérgio Vidigal (PDT) desde o início do atual mandato.
Juninho é visto como um curinga. Se não continuar na Sesport, pode ser reaproveitado em outro espaço no 1º escalão. Isso se Vidigal não quiser emplacar outro nome em sua cota pessoal/partidária.
PP
À frente da Secretaria de Desenvolvimento Urbano desde o início do atual governo, com seu presidente estadual, Marcus Vicente, o PP prefere continuar onde está, e assim deve ser feito.
Resta saber o nome. Se Vicente quiser prosseguir, a pasta é dele. Se quiser indicar outro nome (difícil), será avaliado.
Renzo
Chateado por ter sido preterido na definição do secretário de Agricultura – o comando da Seag ficou com Enio Bergoli –, o deputado estadual pode ser acomodado na Sesport, na Setur ou até na Seama.
> Novo secretário estadual de Saúde: “Sou um defensor ferrenho do SUS
PSB
Se olharmos o “cara, crachá”, ou o “cara, carteirinha de filiação”, o partido do governador já está até muito bem contemplado, obrigado, no alto escalão: são filiados à sigla os secretários de Mobilidade Urbana, Fábio Damasceno, e de Direitos Humanos, Nara Borgo, além da atual vice-governadora, Jacqueline Moraes, prestes a assumir a estreante Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres.
Isso sem contar a int(r)ocável chefe de gabinete de Casagrande, Valésia Perozini, também com status de secretária.
A questão, para os próprios socialistas, é: algum desses quadros é de fato considerado “indicação partidária”? Nara certamente não entrou pela cota do PSB; Damasceno tampouco. E Jacqueline, é cota do PSB? Sim, Jacquelineé. Mas isso pelo jeito não conta muito, até porque estamos falando de uma secretaria nova que nem sequer gozará de orçamento próprio em 2023.
Há uma compreensão generalizada de que, até por conta da frente ampla que ergueu em torno de si para alcançar a reeleição, Casagrande reduzirá o espaço do próprio partido em seu próximo governo, para contemplar mais aliados. Ainda assim, para quem ocupou a Seag (com Paulo Foletto) durante quase todo o atual mandato, ficar só com a Secretaria das Mulheres parece quase um prêmio de consolação.
> Governo Casagrande já não conta com Rigoni na equipe
Assim, é muito provável que o bom e velho pelicano do PSB abocanhe ainda outra secretaria, além de manter o controle de órgãos importantes no segundo escalão, como a Aderes (dirigida pelo presidente estadual da legenda, Alberto Gavini) e o DER-ES, cujo diretor-presidente é o também socialista Luiz Cesar Maretto. É quadro técnico, mas também partidário.
O partido do próprio governador efetivamente lhe pediu duas secretarias, isto é, a Secretaria das Mulheres e mais uma. Pode ser a Setur, a Secti ou a Sesport. O PSB prefere essa última, devido ao volume de entregas.
Foram três os nomes apresentados a Casagrande: o deputado estadual Freitas (não eleito para a Câmara Federal), o deputado estadual Bruno Lamas (não reeleito na Assembleia) e Carlos Roberto Rafael, o Carlos Bala, candidato a deputado estadual não eleito este ano e presidente da Junta Comercial do Espírito Santo durante parte do atual governo.
Há certo favoritismo para Freitas (com mais chances na Sesport), até porque ele ficou como 1º suplente do PSB na Câmara (um andar acima dos concorrentes internos). E, mesmo não tendo sido eleito, o ex-líder do governo na Assembleia teve bom desempenho eleitoral em sua região. Foi o candidato a federal mais votado em alguns municípios do extremo norte do Estado, onde Casagrande também obteve muito boa votação.
De Angelo
A permanência de Vitor de Angelo na Sedu segue sendo a maior incógnita. Com Rigoni declinando do convite para assumir a Secti, o atual secretário de Educação em tese pode ser remanejado para essa secretaria. Mas também pode seguir na Sedu.
> Chefe de Assumção rebate discurso de Assumção sobre investigação
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.
