Coluna Vitor Vogas
O partido mais “zoneado” destas eleições no Espírito Santo
Partido da “ordem social” é, na verdade, uma desordem só. Presidente Luciano Pingo foi destituído e voltou ao cargo duas vezes em menos de 20 dias, e legenda saiu e voltou para as mãos de Casagrande

Luciano Pingo é presidente do Pros no Espírito Santo, mas está sob permanente ameaça no cargo. Foto: Facebook
Pros significa, literalmente, Partido Republicano da Ordem Social. É nome pretensioso demais para uma sigla tão pequena. E, antes de tratar de algo tão grandioso quanto a “ordem social”, o Pros bem que poderia procurar botar ordem no próprio partido. A sigla levou, por antecipação, o troféu “Tá Difícil de Entender” desta eleição no Espírito Santo.
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Só do fim de julho para cá, vejam só a espiral de sacolejos sofridos pela agremiação:
Até o dia da sua convenção estadual, 31 de julho, o Pros no Espírito Santo era presidido pelo prefeito de Ibatiba, Luciano Pingo, aliado do governador Renato Casagrande (PSB). Nessa convenção, o partido aprovou a entrada na coligação de Casagrande, para apoiar a sua reeleição.
Logo em seguida, por decisão judicial, o comando nacional do Pros mudou. Pingo foi destituído da presidência estadual. Por alguns dias, a legenda ficou acéfala no Estado. Ninguém sabia para onde o partido iria. Sobreveio nova decisão judicial, revertendo a anterior. Pingo foi reconduzido à presidência estadual e confirmou que a legenda ficaria com Casagrande.
Aí, por outra reviravolta jurídica, Pingo foi substituído na presidência estadual por Geraldo Magela Fernandes, aliado de Audifax Barcelos. No dia 12 de agosto, a nova Executiva Estadual realizou uma segunda convenção, anulando a decisão de formar coligação majoritária ao governo do Estado com o PSB de Casagrande e aprovando o ingresso do partido na coligação encabeçada pela Federação Rede/Psol, de Audifax.
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No dia 16 de agosto, após o fim do prazo para pedidos de registros de candidaturas, a assessoria de imprensa de Audifax informou ao público que o Pros já estava oficialmente integrado à coligação “Compromisso com a Vida”, liderada pelo ex-prefeito da Serra e formada por Rede/Psol, Solidariedade e Avante. Consequentemente, os poucos segundos de TV do Pros iriam para o tempo de Audifax no horário eleitoral.
Eis que, na última quinta-feira (18) – véspera da definição oficial do tempo de TV de cada candidato majoritário –, Luciano Pingo informa a todos que, por decisão do TSE, ele foi reconduzido (de novo e sem pleonasmo) ao cargo de presidente estadual. Na decisão, o ministro Mauro Campbell Marques concedeu liminar para suspender o ato do Diretório Nacional do Pros que havia destituído o órgão diretivo estadual, mantendo válidas as decisões tomadas naquela primeira convenção (a do dia 31 de julho).
Assim, foi reestabelecida a coligação do Pros com o PSB de Casagrande e o apoio da sigla nanica à reeleição do atual governador.
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O tempo de rádio e TV do Pros não foi para Audifax. Aliás, não foi para ninguém no fim das contas. Ficou inutilizado por Casagrande, já que cada candidato majoritário só pode aproveitar o tempo dos seis partidos ou federações integrantes de sua coligação que tenham as maiores bancadas na Câmara dos Deputados. Não é o caso do Pros, patinho feio da coligação de Casagrande.
Da parte da coligação governista, a luta no tapetão pelo pequenino Pros provou-se muito mais uma estratégia para neutralizar adversários, matando-os por inanição. Tipo: “Eu posso até não utilizar o tempo do Pros, mas, se não vou utilizar, que ninguém mais o utilize”…
E é como estamos… no momento.
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