fbpx

Coluna Vitor Vogas

O fogo-amigo disparado na Assembleia por aliado do governo Casagrande

Entre o governador e Erick Musso, Marcelo Santos subiu à tribuna para criticar Iema e dizer que “não adianta só comemorar dinheiro em caixa”. E mais: a propaganda de Rigoni e o encontro de Majeski com Guerino

Publicado

em

Marcelo Santos: entre Casagrande e Erick Musso. Foto: Ellen Campanharo

O deputado Marcelo Santos (Podemos) é um grande aliado do governador Renato Casagrande (PSB). Muitas vezes, desde a transição do governo Paulo Hartung, atua como líder informal do governo na Assembleia Legislativa. No início de 2019, quase se tornou secretário estadual de Esportes. No começo do ano ado, foi cotado para presidir a Assembleia com o apoio do Palácio Anchieta, numa articulação que acabou não evoluindo. Seu partido está na base do governo. Por tudo isso, todos pararam para ouvir, um tanto incrédulos, quando Marcelo subiu à tribuna nesta terça-feira (3) para criticar o governo.

> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!

A crítica de Marcelo foi voltada especificamente para o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), presidido por Alaimar Fiuza, e para a demora, alegada pelo deputado, na concessão de licenças ambientais para a realização de obras públicas.

Receba as notícias da coluna no grupo de Whatsapp do Vítor Vogas.

“Nós temos diversas obras acontecendo no Espírito Santo. Mas nós temos um grave problema. Nós temos um problema chamado licenciamento ambiental”, iniciou Marcelo, ressalvando em seguida que não defende o descumprimento da legislação ambiental.

Logo depois, atacou o ponto: “O que estamos dizendo é que precisa ser veloz o atendimento do governo. […] Há uma desconexão entre o governo do Estado, entre os órgãos executores e o Iema. […] Falta um bocado de sensibilidade do Iema. Muitas obras tiveram ordem de serviço dada pelo governador Renato Casagrande e muitas delas estão paralisadas, porque o órgão ambiental não tem a sensibilidade necessária para entender que, quando o governo do Estado elabora um projeto, coloca o edital na rua, tem uma empresa vencedora, ele contrata ela e dá a ordem de serviço, é porque a população quer. Mas o órgão ambiental está lá curtindo ao bel-prazer as vontades que ele tem”, bateu Marcelo.

“Burocracia nós temos que tentar superá-la. E é isso que um Estado forte, um Estado eficiente, competente faz. Precisamos dar os maiores para que o Espírito Santo não comemore só o dinheiro que ele tem em caixa. Nós temos que fazer chegar até você, cidadão”, emendou, apontando para a câmera, como se estivesse a entoar o slogan de um candidato de oposição a Casagrande (talvez um que estava bem ali ao lado…).

“Não adianta economizar, se o Iema não deixa a gente entregar essa obra para melhorar a vida dos capixabas”, arrematou.

Possível explicação

Pela escolha de palavras e pelo momento em que foi feito, o pronunciamento de Marcelo chamou a atenção. Mais atenção ainda despertou um detalhe: o deputado subiu à tribuna após ar cerca de uma hora conversando com o presidente da Assembleia, Erick Musso (Republicanos), diante de todos – ambos sentados à Mesa Diretora, no plenário.

Erick é candidato a governador, em oposição a Casagrande.

Já Marcelo é, notoriamente, o deputado que possui melhor trânsito entre o governo Casagrande e Erick Musso. É, a um só tempo, grande aliado dos dois: casagrandista e erickista, dois em um.

Discurso de Erick

“Não adianta só economizar se…”; “Não adianta só juntar dinheiro em caixa, se…”; “Não adiantar só ficar criando fundos, se…”

O discurso empregado por Marcelo, especialmente no arremate, vai ao encontro daquele adotado por Erick Musso. Aliás, não só o de Erick, como o de muitos adversários de Casagrande: em recentes entrevistas a este espaço, a presidente estadual do PT, Jackeline Rocha, formulou crítica nessa mesma linha. O mesmo fez o candidato ao governo pelo Novo, Aridelmo Teixeira.

Ou seja…

Ao longo do processo eleitoral, Casagrande pode se preparar para tomar muitas bordoadas por aí.

A propaganda de Rigoni

Na inserção do União Brasil exibida na TV, o protagonista foi o deputado federal Felipe Rigoni, candidato ao governo do Estado, já se apresentando nas entrelinhas como tal. No texto da propaganda, declamado por Rigoni na Praça do Papa, o deputado “dá a ver” que não se furtará a usar sua deficiência visual como um ativo de campanha, buscando ressignificar positivamente a própria condição.

Ver x Enxergar

O texto é farto em jogos de palavras: “Aprendi que a diferença entre ver e enxergar não está nos olhos, está na atitude. Por isso, te convido a enxergarmos juntos um novo futuro para o Espírito Santo. Vamos juntos construir um novo sonho capixaba”.

Erick curtiu

Erick Musso gostou tanto da inserção de Rigoni que chegou a ligar para o concorrente para o parabenizar.

Majeski com novos amigos

Conforme divulgou sua assessoria, o deputado estadual Sergio Majeski (PSDB) tomou café da manhã nesta terça-feira (3) com o ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon (PSD). Majeski é pré-candidato a deputado federal, enquanto Guerino vai disputar a eleição para o governo.

Sergio Majeski discute política com Guerino Zanon. Foto: Assessoria de Majeski

A pauta

Os dois conversaram sobre política e sobre os problemas e desafios da educação pública capixaba. “Com bom relacionamento, Majeski e Zanon foram deputados estaduais na legislatura ada”, lembrou a assessoria de Majeski.

Sim, mas…

De fato, mas só por um ano (em 2015, primeiro ano de Majeski na Assembleia). Logo depois Guerino virou secretário de Esportes do governo Paulo Hartung e conseguiu voltar para a Prefeitura de Linhares.

Será?

Cumpre recordar que, no dia 11 de março, Majeski encontrou-se pessoalmente com Paulo Hartung, patrono da pré-candidatura de Guerino, a convite do ex-governador. Isso após ter sido o maior crítico de PH na Assembleia durante o último governo dele, de 2015 a 2018. O deputado não há de entrar para o clube. Mas está dialogando com hartunguistas.

Fazendo política, enfim.

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.