fbpx

Coluna Vitor Vogas

Partido bate o martelo: veja os espaços que o PT vai ocupar no governo Casagrande

Partido de Lula terá o comando de uma secretaria, além de duas subsecretarias em uma pasta e uma subsecretaria numa terceira

Publicado

em

No sentido da leitura: Julinho da Fetaes (PT), Camila Valadão (Psol), João Coser (PT), Jack Rocha (PT), Iriny Lopes (PT) e Helder Salomão (PT). Foto: assessoria do PT

Martelo batido. Em reunião realizada na noite desta sexta-feira (23) pela Executiva Estadual do PT, o partido aprovou o preenchimento dos seguintes cargos no próximo governo Casagrande:

> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!

1. O comando da Secretaria de Estado de Esportes, com o ex-deputado estadual José Carlos Nunes (da corrente interna Construindo um Novo Brasil – CNB, a mesma da presidente estadual, Jack Rocha);

Receba as notícias da coluna no grupo de Whatsapp do Vítor Vogas.

2. A Subsecretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, com a assistente social Nilda Sartório (do campo Para Voltar a Sonhar, do deputado federal Helder Salomão);

3. A Subsecretaria de Trabalho, Emprego e Geração de renda, com o ex-prefeito de Cachoeiro de Itapemirim Carlos Casteglione (da corrente interna Alternativa Socialista – AS, a mesma do ex-prefeito de Vitória João Coser);

4. A Subsecretaria de Agricultura Familiar, a ser criada em fevereiro por Casagrande, possivelmente com o presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Espírito Santo (Fetaes), Julio Cezar Mendel, o Julinho da Fetaes (da corrente interna CNB).

Assim, contrariando a tendência mais forte até o início desta semana, o PT não voltará a comandar a Secretaria de Estado de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setades), pasta “dominada” pelo partido dos primeiros governo de Paulo Hartung (2003-2010) ao primeiro governo Casagrande (2011-2014).

Nunes com uma mão no cinturão

Desde o início das negociações, o PT postulava o comando de duas secretarias estaduais. O governador resistia. Na última segunda-feira (19), disse à coluna que cada partido aliado que integrasse o 1º escalão só seria contemplado com uma pasta. Foi o que ocorreu com o PT.

As opções iniciais para o partido eram mesmo a Setades (com Casteglione ou um perfil mais técnico) e a Sesport. Na mesa de negociações, prevaleceu a indicação do ex-deputado Nunes para a segunda.

Isso pode ser lido, antes de tudo, como reafirmação da influência interna da presidente estadual da sigla e deputada federal eleita, Jack Rocha. Nunes e Jack são aliados internos e pertencem à mesma corrente (CNB), a mais forte no PT estadual atualmente. Jack realmente queria ver Nunes como secretário – e ele só cabia na Sesport.

No mosaico de forças que compõem o PT, a CNB é a corrente mais entrelaçada com o movimento sindical. O próprio Nunes é ex-presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a maior central sindical do país. Assim, tê-lo em seu secretariado é também, para Casagrande, uma maneira de atrair maior simpatia dos sindicatos.

Além disso, a iminente nomeação de Nunes para a Sesport representa um resgate político, um reinício da trajetória pública do ex-deputado estadual, sem mandato desde 2018. A Sesport é uma secretaria de entregas diretas à população por todo o Estado (equipamentos esportivos: pautas positivas). É sem dúvida uma boa vitrine político-eleitoral.

Por curiosidade, Nunes é pai do recém-aposentado lutador de MMA Erick Silva, e a própria Jack Rocha é (ou era) praticante amadora de uma arte marcial.

A Setades

Quanto à Setades, fontes do PT argumentam que foi o próprio governador quem tirou da mesa o comando da secretaria, por pressão de prefeitos, que não gostariam de voltar a ver a pasta chefiada por um “político”.

Nesse caso, volta à mesa a possibilidade de a Setades continuar sendo comandada pela atual secretária, Cyntia Grillo. No cargo desde 2020, ela tem perfil predominantemente técnico, mas não deixa de ter conexões políticas que não podem ser ignoradas.

Antes de chegar à Setades, Grillo foi secretária municipal de Assistência Social de Venda Nova do Imigrante. Tem ligações com o hoje conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Rodrigo Coelho (ex-petista e ex-pedetista) e com o ex-prefeito do município da Região Serrana Dalton Perim, por sua vez ligado à senadora Rose de Freitas (MDB).

Privado do comando da Setades, o PT, além da Sesport, terá algumas compensações. Como visto acima, o partido não estará no andar de cima da secretaria, mas emplacou dois subsecretários no segundo escalão da mesma pasta.

Ligado ao grupo de Coser e com aspirações de voltar a disputar a Prefeitura de Cachoeiro em 2024, Carlos Casteglione será o subsecretário de Trabalho.

Já Nilda Sartório será a subsecretária de Assistência Social. Indicada pelo grupo de Helder, ela já foi secretária de Assistência Social de Cariacica (durante a gestão do atual deputado federal) e subsecretária da mesma área em Vitória, no início da primeira gestão de João Coser (2005-2008).

Agricultura familiar

De quebra, o PT provavelmente vai emplacar Julinho da Fetaes como subsecretário de Agricultura Familiar, espaço a ser criado pelo próximo governo dentro da estrutura da Secretaria de Estado de Agricultura (Seag).

Julinho é o 1º suplente do PT na Assembleia Legislativa e, assim como Nunes, pertence à CNB de Jack Rocha.

No próximo governo, a Seag será chefiada por Enio Bergoli, cuja indicação foi lastreada pelo vice-governador eleito, Ricardo Ferraço (PSDB). Como cantado em prosa e verso por Casagrande e pelo próprio Ricardo, este exercerá grande influência sobre os rumos da Seag na próxima istração.

A criação de uma estrutura específica para cuidar de programas voltados ao pequeno agricultor atende a um anseio histórico de movimentos sociais do campo, da própria Fetaes e de servidores do Incaper.

Veladamente, parte desses movimentos ite temer a possível concentração do olhar da Seag na pauta do agronegócio e dos grandes produtores no próximo governo, em detrimento dos pequenos, devido à influência de Ricardo. Essa hipótese, porém, foi rechaçada por Casagrande na coletiva de imprensa em que ele anunciou Ricardo como secretário estadual de Desenvolvimento, no dia 1º de dezembro.

“A escolha e o convite que fiz a Ricardo foi para atender à população capixaba. Não queremos atender especificamente a um segmento, mas a toda a população capixaba. Do mesmo jeito que ele vai ter uma relação boa com o setor empresarial, como vice-governador, ele vai ter que ter relação boa com todos os segmentos da sociedade. […] O nosso conceito de desenvolvimento é um conceito que não quer deixar ninguém para trás. A gente quer que todos sejam muito bem acolhidos pelo nosso governo, e Ricardo com certeza fará isso com muita competência”, afirmou o governador na ocasião.

Presidência da Assembleia

Por último, mas não menos importante, a direção estadual do PT seguirá reivindicando a Casagrande a presidência da Assembleia Legislativa no biênio 2023-2024 para o deputado estadual eleito João Coser.

“Outros espaços continuarão sendo discutidos, como a articulação visando à presidência da Ales, bem como a participação no Governo Federal”, informa uma circular enviada neste sábado pela direção aos membros do diretório estadual, setoriais, bancada parlamentar, presidentes municipais e militância.

Orçamento

O orçamento da Sesport é bem menor que o da Setades e o da Seag. Para piorar, será reduzido de 2022 para 2023.

Neste ano, para a Secretaria de Esportes, foram orçados R$ 47,8 milhões (0,24% da receita total prevista para o Estado); para o ano que vem, serão R$ 42,6 milhões (0,19% da receita estimada).

Em sentido contrário, os orçamentos da Setades e principalmente da Seag serão robustecidos no próximo ano.

Em 2022, foram reservados R$ 123,1 milhões para a Setades (0,61% da receita total); para 2023, são R$ 168,3 milhões (0,75%).

Já no caso da Secretaria de Agricultura, de 2022 para 2023, o orçamento saltará de R$ 239,8 milhões para R$ 381,9 milhões. A fatia da pasta a de 1,18% para 1,70% da receita estadual estimada – quiçá, entre outros motivos, para comportar a nova Subsecretaria de Agricultura Familiar.

 

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.