Coluna Vitor Vogas
Helder Salomão: “Vou crescer na eleição para deputado federal”
Apostando no crescimento de Lula no Espírito Santo e no discurso antibolsonarista, deputado tem certeza de que vai superar os 73,3 mil votos obtidos em 2018

Helder Salomão – Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
“Não vou falar em números porque acho muito arrogante. Mas eu vou crescer.” O autoconfiante vaticínio sobre o próprio desempenho nas urnas, no dia 2 de outubro, é de Helder Salomão (PT). Foi feito pelo deputado federal durante a convenção estadual da federação Brasil da Esperança, formada por PT, PCdoB e PV. Realizada na noite da última quinta-feira (4) na Assembleia Legislativa, a convenção homologou os candidatos da federação a deputado estadual e federal, incluindo Helder.
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Em 2018, o ex-prefeito de Cariacica foi o 4º candidato a federal mais votado do Espírito Santo, com 73.384 votos. Isso, como ele destaca, em um cenário adverso, com Lula preso e o antipetismo no apogeu Brasil afora. Agora, para embasar essa previsão de melhoria do próprio desempenho, Helder se fia em dois fatores.
O primeiro deles é a “virada de mesa” no ambiente político nacional. Se em 2018 a onda bolsonarista e antipetista prejudicou a performance dos candidatos do PT em geral, agora uma possível onda lulista (e antibolsonarista) pode ter o efeito contrário, de os beneficiar. “O ambiente hoje está muito melhor para nós. Em 2018, era difícil andar na rua. Hoje somos abraçados na rua.”
Observando essa inversão do quadro, Helder vai colar ao máximo a sua campanha na de Lula, assim como todos os candidatos petistas aos vários cargos em disputa pelo país. Ele inclusive adianta uma estratégia de campanha formulada pela equipe de marketing eleitoral de Lula e que será adotada, de forma unificada, por todos os candidatos do PT a deputado e senador nos estados: a apresentação do “time Lula”.
“Vamos fazer uma campanha muito conectada com a do presidente Lula. Vocês vão ouvir muito esta expressão: ‘Eu sou do time do Lula’. ‘Vote no time do Lula.’ ‘Ajude a eleger o time do Lula.’ Faremos uma unidade em torno desse conceito, para potencializar os votos em todo o Brasil para as assembleias legislativas, a Câmara Federal e o Senado. Os candidatos do partido vão usar a mesma marca, o mesmo slogan, o mesmo conceito, que já foi apresentado para nós. Isso será feito em nível nacional e será reproduzido aqui”, revela Helder, que já gravou vídeos de campanha.
A segunda estratégia do deputado é usar a seu favor algo que, no exercício do atual mandato, deixou-o isolado na bancada capixaba na Câmara e não facilitou em nada a sua vida, mas agora, como ele ite, reverteu-se em uma vantagem eleitoral: dos dez deputados federais do Espírito Santo, Helder foi simplesmente o único que fez oposição ao governo Bolsonaro nestes últimos quatro anos. Agora, por evidente, entre os dez que pleiteiam a reeleição, surfará sozinho na possível “onda lulista”:
“É vantajoso, sim”, reconhece. “Vou dizer na campanha que fui o único deputado federal que enfrentou os retrocessos do governo Bolsonaro e que denunciou os absurdos e desmandos desse governo. Avalio que isso é uma vantagem competitiva, sim, porque farei campanha sozinho nesse filão do eleitorado progressista, de esquerda. Já fiz até um vídeo de campanha com essa mensagem”, antecipa.
Hoje, no Espírito Santo, o PT só tem uma deputada estadual (Iriny Lopes) e um federal (o próprio Helder). Pelas contas do parlamentar, desta vez o PT fará pelo menos três estaduais e um federal. Mas é possível, segundo ele, chegar a quatro estaduais e até a dois federais.
A segunda projeção é mais difícil. O próprio deputado reconhece isso, mas avalia que é possível, sim, dependendo basicamente do ambiente eleitoral e do desempenho da campanha de Lula no Espírito Santo. “Vai depender do ambiente. Se Lula crescer ainda mais e vencer no Espírito Santo, podemos fazer dois federais”.
Além de Helder, a principal aposta do PT para a Câmara dos Deputados é a presidente estadual do partido, Jackeline Rocha, candidata a governadora em 2018 e a vice-prefeita de Vitória em 2020. Mas outra grande aposta do PT é na força do voto de legenda – aliás, legendas, já que os votos nos números do PV e do PCdoB serão computados para a chapa da federação, beneficiando os candidatos dos três partidos.
Em 2018, segundo Helder, o PT recebeu cerca de 13.900 votos de legenda para deputado federal no Espírito Santo. “Para este ano, nossa previsão mais pessimista é de pelo menos 25 mil votos de legenda no PT para federal.”
A previsão dos dirigentes em geral é que, para eleger um deputado federal, a chapa do partido ou federação precise alcançar de 145 mil a 160 mil votos no Espírito Santo.
Pesquisa eleitoral
Helder revela que o PT realizou recentemente uma pesquisa eleitoral para aferir o potencial de Lula no Espírito Santo. Segundo ele, municípios das regiões Sul e Serrana dão vantagem a Bolsonaro. Os do Norte e Noroeste, para Lula. Já a Grande Vitória está dividida: em Vitória e Vila Velha, ligeira vantagem para o atual presidente; em Viana, Cariacica e Serra, quem leva a melhor é o petista.
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