Coluna Vitor Vogas
Giro 360: O drama eleitoral do pastor Nelson Junior (e muito mais)
Com decisões tomadas na convenção da federação Rede/Psol, de Audifax, candidatura do pastor ao Senado respira por aparelhos, mas direção estadual do Avante busca uma sobrevida. E mais: Ramalho vai a Eugênio Ricas; PT desiste de indicar suplente de Rose; Manato entre dois nomes para vice; a espiral de confusões do Pros

Pastor Nelson Junior. Foto: Instagram
O coronel Alexandre Ramalho concluiu que a política não é para amadores, após ter tido a candidatura ao Senado bloqueada pelo próprio partido. O coronel poderia conversar com Nelson Junior e dar uns conselhos para o pastor, que vive situação bem parecida, embora com algumas nuances diferentes.
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O fundador do movimento Eu Escolhi Esperar está filiado ao Avante e trabalha para viabilizar candidatura ao Senado pela sigla. O empresário Marcel Carone, presidente estadual do partido, endossa a candidatura e também luta para concretizá-la.
Ocorre que a direção nacional do Avante, conforme anunciado por Audifax Barcelos no dia 5 de julho, apoia a candidatura do ex-prefeito da Serra ao governo do Espírito Santo e, portanto, quer que o partido se coligue com a federação Rede/Psol na eleição majoritária do Estado.
Se essa coligação se confirmar, a candidatura de Nelson Junior fica praticamente inviabilizada. Isso porque a federação Rede/Psol já tem candidato próprio a senador: Gilbertinho Campos (Psol), historiador e militante do movimento negro.
Na convenção estadual da federação, realizada em um cerimonial de Vitória na manhã do último sábado (30), a Rede e o Psol homologaram a candidatura de Gilbertinho ao Senado, bem como a de seus dois suplentes (também filiados ao Psol). Não só isso: os convencionais aprovaram e registraram em ata que, se houver outro candidato ao Senado por algum outro partido da coligação, este deverá concorrer de modo isolado (ou “avulso”).
Um trecho da ata estabelece que “a deliberação da convenção a respeito dos nomes dos candidatos a governador, senador e suplentes da Federação Psol/Rede não poderá ser alterada”. No trecho seguinte, lemos que “poderá ocorrer o lançamento de candidaturas a senador pelos partidos ou federações coligados para a eleição de governador, desde que de forma isolada e sem prejuízo da candidatura do Sr. Gilberto Batista Campos”.
Na prática, se o Avante realmente entrar nessa coligação encabeçada por Audifax, por imposição da cúpula nacional, Nelson Junior só poderá ser candidato ao Senado sem o apoio de nenhum outro partido. Terá cerca de 10 segundos no horário eleitoral gratuito.
O Avante deixou para realizar a sua convenção estadual no último dia do prazo: será nesta sexta-feira (5), às 14 horas, na sede do partido, em Vila Velha. A tendência é que a direção local ganhe tempo, sem lançar nenhum candidato majoritário e delegando à Executiva Estadual todos os poderes para decidir sobre candidaturas e alianças majoritárias até o limite do prazo para registro de candidatos na Justiça Eleitoral, no próximo dia 15.
O presidente estadual, Marcel Carone, afirma que o diálogo segue aberto com Audifax, “com outros atores” e com o presidente nacional do Avante, Luís Tibé.
“Estamos buscando o melhor caminho para o Nelson e seguimos buscando um entendimento. Se não chegarmos a um entendimento até a convenção, vamos delegar os poderes decisórios à Executiva Estadual, conforme a legislação eleitoral nos permite fazer. É o que posso dizer.”
A Marcha dos Excluídos
Nesta quinta-feira (4), Ramalho foi ao encontro do superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo, Eugênio Ricas, publicou uma foto ao lado dele em seu Instagram e, na legenda, agradeceu-lhe pela “manifestação de solidariedade”. Ricas sabe bem como é querer ser candidato a determinado cargo e ver a aspiração barrada pelo próprio grupo político.

Post de Alexandre Ramalho com Eugênio Ricas (04/08/2022). Foto: Instagram de Ramalho
Em março, pelo grupo do ex-governador Paulo Hartung (sem partido), o superintendente esteve a um o de abandonar a carreira na Polícia Federal para se filiar ao PSD, a fim de poder disputar o cargo de governador. A tempo de recuar da sandice, deu-se conta de que os dirigentes estaduais do PSD não lhe garantiriam a legenda e na verdade preferiam lançar o agora ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon. Este de fato renunciou à prefeitura, filiou-se ao PSD e agora é o candidato do partido ao Palácio Anchieta.
Só para lembrar…
O encontro de Ramalho com Ricas também pode ser lido como mais um indício de que o ex-secretário estadual de Segurança está ensaiando aproximação política com Erick Musso, candidato ao Senado pelo Republicanos. Quando ainda era pré-candidato a governador, Ricas e Erick estavam alinhados eleitoralmente e chegaram a firmar pré-compromisso de comporem uma chapa majoritária (um na cabeça e um como vice). Ricas acabou desistindo de participar do pleito, e Erick deslocou-se para a eleição ao Senado.
Manato entre um empresário e um militar
Enquanto isso, o ex-deputado federal Carlos Manato deve escolher o seu candidato a vice-governador nesta sexta (5). Segundo o candidato do PL a governador, seu vice virá do PTB e ele está entre dois nomes: um vem do meio militar, enquanto o outro é do setor empresarial.
PT desiste de indicar suplente de Rose
Após a comissão eleitoral do partido se reunir com Rose de Freitas (MDB) nesta quinta-feira (4), o PT decidiu, no fim das contas, não indicar ninguém para nenhuma das duas suplências na chapa da senadora, candidata à reeleição. No PT, o principal cotado para ser indicado à 1ª suplência era o ex-deputado estadual Genivaldo Lievore, de Colatina. Ele até participou da reunião com Rose nesta quinta.
A senadora disse, porém, que não poderia assumir esse compromisso com o PT e que precisa de mais tempo para escolher seus dois suplentes.
De todo modo, o PT apoiará Rose na eleição ao Senado, assim como apoiará a reeleição do governador Renato Casagrande (PSB), ingressando oficialmente na coligação governista, que ainda tem o ex-senador Ricardo Ferraço (PSDB) como candidato a vice-governador.
Essas decisões do PT tendem a ser oficializadas na convenção estadual da agremiação, marcada para esta quinta, a partir das 19 horas, na Assembleia Legislativa.
Pros: a reviravolta da reviravolta da reviravolta da reviravolta…
Em nova reviravolta jurídica – uma liminar do STJ que derrubou liminar anterior –, a presidência nacional do Pros voltou, em menos de cinco dias, para Marcus Holanda, o que tem novos reflexos sobre o destino eleitoral do pequeno partido no Espírito Santo.
Por meio de liminar anterior, a presidência nacional havia ado de Marcus Holanda para Eurípedes Junior. Com isso, no último domingo (31), conforme consta no site do TSE, a Executiva Estadual Provisória do Pros foi destituída, incluindo o seu presidente estadual, o prefeito de Ibatiba, Luciano Pingo, e o partido ficou temporariamente sem comando no Espírito Santo.
Aliado de Marcus Holanda e do governador Renato Casagrande, Pingo conduziu, também no último domingo, a convenção estadual do Pros, na qual o partido formalizou o apoio à candidatura de Casagrande à reeleição.
Com a queda de Marcus Holanda, Pingo havia caído junto. Agora, com a reascensão de Holanda à presidência nacional, este colunista desiste de tentar entender e analisar a situação do Pros no Espírito Santo.
A única conclusão possível é que, na relação Tamanho X Problemas, o Pros é o partido mais desproporcional possível: como pode uma legenda tão nanica ser tão turbulenta e problemática?
É uma espiral de reviravoltas.
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.
