Giro 360: notas sobre os bastidores das eleições para o Senado e o governo do ES

Renato Casagrande, no congresso estadual do PSB (27/03/2022). Foto: Hélio Filho/Secom

Na próxima segunda-feira (27), o governador Renato Casagrande (PSB) vai a Brasília para conversar sobre o processo eleitoral com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira. Na pauta entrará a costura da aliança do PT com o PSB no Espírito Santo, desejada por Casagrande, mas pendente de um acordo nacional entre os dois partidos. O governador quer que o PT recolha a pré-candidatura de Fabiano Contarato para apoiar sua reeleição.

Ricardo no “fórum dos partidos”

Ricardo Ferraço (PSDB) tem jogado parado, mas nem tanto assim. De maneira pública, o ex-senador não tem feito absolutamente nenhum gesto, manifestação ou aparição com viés eleitoral. Mas tem conversado muito com Casagrande.

E mais: a cada duas semanas, em média, o governador reúne os dirigentes dos partidos de sua base na Residência Oficial da Praia da Costa, numa espécie de “fórum dos partidos aliados”, para discutir a evolução do processo eleitoral. O PT não participa desse fórum (já fez duas reuniões à parte com Casagrande). O PSDB, sim. Os tucanos são representados pelo presidente estadual, Vandinho Leite. Mas Ricardo também tem participado das reuniões, em nome do PSDB.

Reviravoltas sempre podem ocorrer, ainda mais nessa posição… Mas o lugar de vice na chapa de Casagrande está guardadinho para ele.

Da Vitória no vácuo de Meneguelli

Se a direção nacional do Republicanos puxar mesmo o tapete de Sérgio Meneguelli na eleição para o Senado, quem ganha um amplo terreno eleitoral para desfilar em Colatina e arredores é Da Vitória, que também tem a cidade por reduto e pode herdar votos que iriam para o ex-prefeito na microrregião Noroeste. Isso, naturalmente, se Da Vitória conseguir emplacar candidatura ao Senado – o que será difícil pelo grupo do governador. Como já explicamos aqui, a favorita de Casagrande entre os seus aliados é a senadora Rose de Freitas (MDB).

Assédio de adversários ao PP

Outros candidatos a governador, oponentes de Casagrande, ainda não desistiram de atrair o PP para sua coligação. Para isso, estendem tapete vermelho para Da Vitória ser candidato a senador. Impossível não é, mas é muito difícil: o PP está muito fechadinho, unha e carne, com Casagrande.

Deserção não é descartada

O Palácio Anchieta naturalmente lutará para evitar uma guinada de última hora do PP para uma coligação adversária, mas considera que essa possibilidade realmente existe, caso se confirme a opção de Casagrande por Rose.

O fator Evair de Melo

Um dos fatores que levam Casagrande a preferir hoje Rose, como já abordado aqui, é sua intenção de fazer o possível para conter o avanço do bolsonarismo. Também por esse motivo, interessa mais ao governador que Da Vitória não seja candidato ao Senado.

Permanecendo na chapa do PP para a Câmara Federal, o atual deputado se mantém como concorrente interno de Evair de Melo. Os dois disputarão votos na mesma chapa (que ainda tem Marcus Vicente, Norma Ayub, Neucimar Fraga, enfim, é uma chapa pesada) E, ao governo Casagrande, não interessa nem um pouco a reeleição de Evair, bolsonarista e crítico ferrenho da istração socialista.

Rose e Da Vitória em todas

Para se ter uma ideia de como Rose e Da Vitória estão prestigiados pelo governador, a coluna contou que, só nos últimos 30 dias, a senadora esteve ao lado de Casagrande em nada menos que 13 municípios, em cerimônias de pequenas ou grandes entregas, s de ordem de serviço (enfim, tá valendo tudo): Venda Nova do Imigrante, Linhares, Vila Pavão, Pedro Canário, Conceição da Barra, Marilândia, Domingos Martins, Bom Jesus do Norte, Apiacá, Ecoporanga, Conceição do Castelo, Colatina e Viana. Desses, Da Vitória só não esteve junto em três: Vila Pavão, Ecoporanga e Viana.

Não só eles…

Outras figurinhas fáceis em eventos do governo no interior e na Grande Vitória: a vice-governadora Jacqueline Moraes (PSB), pré-candidata a deputada federal; o deputado estadual Marcelo Santos (Podemos), pré-candidato à reeleição; e o deputado federal Neucimar Fraga (PP), que também tentará reeditar o mandato.

O prestígio a Neucimar também pode atender àquele objetivo de apostar contra Evair, enfraquecendo um concorrente interno dele na chapa do PP para a Câmara dos Deputados. Neucimar também é bolsonarista… mas é aliado do governador.

Com Rose, ele atrai mais um partido

Outro fator que ajuda a explicar a preferência de Casagrande por Rose: a senadora é a presidente estadual do MDB e, apoiando a sua reeleição, Casagrande garante a aderência do partido (com seus recursos e tempo de TV) à sua coligação. O apoio a Rose é a condição para a incorporação do MDB.

Já no caso de Da Vitória e do Coronel Ramalho, isso não é um fator. Seus respectivos partidos, o PP de Marcus Vicente e o Podemos de Gilson Daniel, já estão bem incorporados ao projeto de reeleição de Casagrande. E não é provável que abandonem esse projeto para ter de qualquer maneira um candidato a senador.

Léo de Castro

Têm surgido rumores de que o empresário Léo de Castro (PSDB) poderia despontar como candidato a vice-governador na chapa de Casagrande, no lugar de Ricardo Ferraço. Fontes palacianas não confirmam.

A cotação de Meneguelli

De um dirigente de partido aliado a Casagrande, sobre Meneguelli: “Se o Republicanos não deixar mesmo ele ser candidato ao Senado, vou levá-lo para o palanque de Renato e filiá-lo ao meu partido”. De fato, ter um Meneguelli magoado será um risco e um problema eleitoral para o Republicanos e para o seu candidato ao governo, Erick Musso.

Erick falando com todos

Depois de um longo período de resfriamento, com cada adversário de Casagrande correndo na própria raia para viabilizar a própria candidatura, as articulações entre eles voltaram a esquentar. Só nesta semana, Erick Musso, por exemplo, conversou pessoalmente com Carlos Manato (PL) e Felipe Rigoni (União Brasil) e por telefone com Audifax Barcelos (Rede) e Guerino Zanon (PSD).

Rigoni vai marcar com Nelson Jr.

Ainda sem candidato a senador, Rigoni quer conversar com o pastor Nelson Junior, pré-candidato do Avante ao Senado, sobre uma possível união de forças. “Estamos para marcar. Gosto muito dele, inclusive”, confirma o deputado federal.

Jacqueline lança autobiografia

Falando em Rigoni, o deputado lançou sua autobiografia em maio. Agora, quem fará o mesmo é a vice-governadora Jacqueline Moraes. Pré-candidata a deputada federal, Jacqueline lançará, na próxima quinta-feira (30), o livro Origens – como a periferia me levou para a política e me fez vice-governadora. Será às 19h, no Matrix Music Hall, em Cariacica.

Ela para um lado; Euclério para o outro

Falando em Jacqueline, reparem nesta foto, tirada durante a missa em comemoração ao aniversário de 132 anos de Cariacica, realizada nesta sexta-feira (24). A vice-governadora olha para um lado, enquanto o prefeito Euclério Sampaio (União Brasil), ao lado de Casagrande, olha para o outro. O candidato de Euclério a deputado federal é Messias Donato (Republicanos). E prefeito e vice-governadora não são exatamente aliados políticos. A foto foi publicada pela própria Jacqueline no Instagram.

Missa em celebração aos 132 anos de Cariacica (24/06/2022). Foto: Instagram de Jacqueline Moraes

Cartazes: jogo dos 3 erros

Falando em fotos emblemáticas, observe este primeiro cartaz, com o convite do Republicanos para o lançamento da candidatura de Erick Musso, no dia 19 de maio, em um clube do bairro Tabuazeiro:

Agora observem este segundo cartaz, com o convite do Republicanos para um evento voltado para jovens, realizado na última quinta (23), em uma casa de shows da Praia do Canto.

O que de cara se destaca, no segundo cartaz, é a ausência de três personalidades do partido: o deputado estadual Hudson Leal, o deputado federal Amaro Neto e, acima de todos, Sérgio Meneguelli.

Critério: corte etário

Se o critério para a exclusão dos três foi corte por idade, até que faz sentido, já que o evento era voltado para jovens: da turma do primeiro cartaz, Meneguelli (66), Hudson (57) e Amaro (45) são de fato os mais velhos. Mas os “apagamentos” não deixam de chamar a atenção, especialmente o do “Peter Pan” Meneguelli. Não ficou nem a sombra.

Justificativas

Na verdade, Hudson até compareceu ao evento. Pazolini acabou não pintando. Meneguelli está seguindo a orientação partidária de “mergulhar”, isto é, não se expor por nada no momento, enquanto espera o ultimato da direção nacional sobre sua candidatura ao Senado.

Amaro ausente… de novo

Amaro foi convidado, mas não pôde ir porque está acumulando compromissos na TV Vitória com aqueles inerentes ao mandato. Ele também não compareceu ao lançamento de Erick, no dia 19 de maio (neste caso, mesmo incluído no cartaz), por compromisso pessoal. As justificativas foram readas pela sua assessoria.

Dias contados na TV

Amaro deixará de apresentar o seu programa de TV na próxima quinta-feira (30), em respeito ao calendário eleitoral. A partir dessa data, é vedado às emissoras transmitir programa apresentado ou comentado por pré-candidato, sob pena, no caso de sua escolha na convenção partidária, de imposição de multa e de cancelamento do registro da candidatura do beneficiário.

Qual é o tamanho?

No meio político capixaba, é ponto pacífico que Amaro conseguirá uma reeleição sem sustos. Quanto à real dimensão eleitoral do deputado atualmente, a ser medida em número de votos, as estimativas divergem.

Para alguns…

Aliados do deputado acreditam que ele vai repetir, sem esforço, o desempenho consagrador de 2018, flertando com a marca de 200 mil votos. “Amaro não tem eleitores, tem fãs”, resume um agente do Republicanos.

Para outros…

Fora do Republicanos, há analistas mais céticos. Estes acreditam que, sim, Amaro conseguirá se reeleger tranquilamente, mas com votação bem menor que a de 2018. Isso porque, avaliam, ele teria perdido força nos últimos anos, por seu desempenho discretíssimo na Câmara Federal, por ter precisado diminuir a frequência das suas aparições na TV e por não ter concorrido a nada na eleição municipal de 2020, após ter chegado a cogitar ser candidato a prefeito de Vitória, Serra ou Cariacica.

Distanciamento

Pode ser só impressão, mas é uma impressão forte no mercado político: Amaro aparenta estar politicamente distante, hoje, das outras figuras estampadas nos cartazes do Republicanos. Após reinar como grande estrela do partido no Espírito Santo em 2018, ele teria perdido protagonismo dentro da sigla.

Por mais que o deputado não precise nem faça questão desses gestos, é impossível ignorar a absoluta escassez de aparições públicas de Amaro ao lado de Pazolini, Erick, Roberto Carneiro… Isso desde 2020, quando o deputado nem sequer participou da campanha de Pazolini em Vitória.

Candidatura firme

Em tempo, o próprio Amaro confirma que sua candidatura à reeleição está firme e que esse é projeto do partido para ele.

Bancada jornalística

Philipe Lemos (PDT, federal); Wesley Sathler (União Brasil, federal); Douglas Camargo (PSD, estadual); Jorge Felix (PSC, estadual); Eliana Gorritti (Rede, estadual). Em comum, todos são jornalistas e debutarão nas urnas este ano. Isso sem contar Ted Conti (PSB), Torino Marques (PTB) e o próprio Amaro, que já exercem mandato e que serão candidatos a deputado federal. Sandra Freitas (União Brasil) já concorreu, mas nunca exerceu mandato. É candidata a deputada estadual.