Coluna Vitor Vogas
Giro 360: Manato ou Casagrande? Partido para um lado, político para o outro…
E mais: na pluripartidária procissão de apoiadores de Casagrande, alguns encontros que você não imaginava ver; o protagonismo adquirido por Ricardo Ferraço no 2º turno; a briga pelas Assembleias de Deus

Casagrande e Manato disputam o segundo turno. Foto: Divulgação
O 2º turno da eleição a governador do Espírito Santo tem sido pontuado por alguns casos de traição, infidelidade partidária ou, simplesmente, desencontro flagrante entre a posição oficial do partido e a do seu filiado.
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O Progressistas (PP) está na coligação de Casagrande e reafirmou o apoio ao governador no 2º turno. Filiado ao partido desde março, o deputado federal Neucimar Fraga também estava com Casagrande no 1º turno. Mas, logo nos primeiros dias da segunda etapa da eleição, após não conseguir se reeleger, ou para o palanque de Manato.
O Partido Social Cristão (PSC), presidido no Espírito Santo pelo ex-deputado Reginaldo Almeida, ficou neutro no 1º turno. No 2º, declarou apoio formal a Manato. Mas a deputada federal Lauriete, filiada à legenda, preferiu anunciar sua adesão à campanha de Casagrande. Lauriete também não conseguiu renovar o mandato na Câmara. Ela é ex-mulher de Almeida.
A vice-prefeita de Vitória, Capitã Estéfane, declarou apoio a Casagrande na última sexta-feira (14). Ela é filiada ao Patriota, partido pelo qual disputou, também sem sucesso, uma vaga na Câmara Federal. Horas depois, o deputado estadual Rafael Favatto, presidente do Patriota no Estado, anunciou que o partido aderiu ao palanque de Manato. No dia seguinte, Estéfane já estava literalmente no palanque de Casagrande, em comício realizado em Vitória.
Há ainda aqueles casos de políticos que estão se equilibrando sobre a corda bamba. Que o diga o ex-secretário de Governo de Cariacica Messias Donato. Ele foi eleito deputado federal com grande ajuda do prefeito e padrinho político, Euclério Sampaio (UB), um dos maiores aliados de Casagrande. Mas seu partido, o Republicanos, está na base e na coligação de Jair Bolsonaro (PL), por sua vez apoiado por Manato no Espírito Santo. Algumas estrelas do partido no Estado, como Erick Musso e Amaro Neto, já anunciaram que estão com Manato.
Desfile caleidoscópico
A coalização de Casagrande para o 2º turno está tão, digamos, multipartidária, que a seção reservada aos apoiadores em seus programas de TV tem chamado a atenção, exatamente por mostrar, no mesmo “desfile”, políticos que você dificilmente imaginaria ver do mesmo lado: alguns incontestavelmente de direita se alternam com outros indiscutivelmente de esquerda.
Dia desses, um mesmo programa mostrou, na sequência, declarações de apoio do ex-secretário estadual de Segurança Pública Alexandre Ramalho (Podemos), do ex-prefeito de Vitória João Coser (PT) e sua filha, a vereadora Karla Coser (PT), do deputado federal Felipe Rigoni (UB) e do deputado federal eleito Gilson Daniel (Podemos).
Aí, para quem ainda achasse pouco, o programa seguinte foi além: a fala do senador Marcos do Val (Podemos) foi seguida pela da deputada estadual eleita Camila Valadão (Psol)! No mapa ideológico capixaba, é como atravessar um hemisfério inteiro no tempo de um corte de TV.
Ainda teve depoimentos dos cantores Silva e Caetano Veloso, do prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos), e dos ex-prefeitos de Vitória Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) e Luciano Rezende (Cidadania).
Ex-prefeitos unidos
Também ao vivo e em cores, o atual governador tem promovido algumas cenas da série “você jamais imaginava ver isto”. Em comício com movimentos populares de Vitória no último sábado (15), reuniu em torno dele, no mesmo palanque, os últimos três prefeitos de Vitória antes de Pazolini (Luiz Paulo, Coser e Luciano) e, de quebra, a atual vice-prefeita, Capitã Estéfane.
Quem não se lembra da renhida disputa pela sucessão de Coser em 2012, entre Luciano (o vencedor), Luiz Paulo e Iriny Lopes (PT)?
Vice de Euclério com Manato
A vice-prefeita de Cariacica, Enfermeira Edna (Patriota), fechou apoio a Manato – assim como seu partido. Ela foi candidata a deputada estadual, tendo obtido 3.343 votos. O prefeito Euclério, como dito acima, é Casagrande. Ou seja, a situação é oposta à de Vitória, onde o prefeito Pazolini é opositor de Casagrande, enquanto a vice-prefeita apoia o governador.
Tem Deus pra todos
Na semana ada, a campanha de Casagrande anunciou o apoio de duas grandes convenções da Assembleia de Deus, enorme denominação pentecostal, no Espírito Santo: a Cadeeso e a Comadeeso.
No último domingo (16), foi a vez de a campanha de Manato anunciar o apoio da Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil (CGADB), liderada no país pelo pastor José Wellington Costa Junior, que pediu votos e orações para Manato, em vídeo gravado ao lado do senador Magno Malta (PL).
Ricardo ganha protagonismo
É inegável: o candidato a vice-governador de Casagrande, Ricardo Ferraço (PSDB), ganhou destaque e importância bem maiores no 2º turno, tanto nas redes sociais como nos eventos oficiais da campanha. E não só no interior. Na noite desta segunda-feira (17), ao lado de Euclério Sampaio, Ricardo fez um efusivo discurso num grande ato em Cariacica.
À tarde, em sabatina organizada por federações dos empresários capixabas, ele acompanhou Casagrande, também discursou e disse aos empresários qual será o seu papel em eventual novo governo Casagrande: “Estarei pessoalmente coordenando as ações do desenvolvimento econômico”.
Estrada nova e redução de ICMS
Também nesta segunda-feira, em dois momentos distintos, Casagrande fez duas promessas novas e relevantes. Em entrevista ao ES1, falou que, se o rolo da duplicação da BR 262 demorar demais para ganhar uma solução do governo federal, o governo estadual pode construir uma nova estrada, paralela à rodovia, para funcionar como um binário: quem subir as montanhas usará a BR, enquanto quem descer pegará a estrada estadual. É para cobrar, se ele ganhar.
À tarde, em sabatina organizada por federações dos empresários capixabas, anunciou a redução da alíquota de ICMS sobre o gás natural que atende às indústrias, de 17% para 12%, para impulsionar a produção industrial.
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