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Coluna Vitor Vogas

Colnago desiste de concorrer ao governo e diz que disputará o Senado

Após conversa com Kassab, ex-tucano declara apoio a Guerino para governador. Decisão embola ainda mais disputa ao Senado e põe fim a situação embaraçosa no PSD-ES

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César Colnago. Foto: Reprodução Facebook

Enfim podemos dizer que foi colocada “ordem na casa” no PSD do Espírito Santo. Após ter se encontrado pessoalmente com o presidente nacional do partido de centro-direita, Gilberto Kassab, em São Paulo, na última segunda-feira (9), o ex-vice-governador César Colnago anunciou que não é mais pré-candidato a governador e que o único postulante ao cargo, pelo PSD do Espírito Santo, é o ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon. Colnago declara apoio integral à candidatura de Guerino ao Palácio Anchieta e, virando a chave, afirma que o seu projeto agora é outro: “Sou pré-candidato ao Senado pelo PSD”.

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“Tenho o caminho aberto para construir candidatura ao Senado. É evidente que estarei avaliando sempre. Mas tenho desejo, tenho vontade e quero mostrar que é possível ter um senador ficha limpa, centrado, com experiência em todas as áreas em que já atuei: saúde, educação, agricultura, meio ambiente… E sempre sem me meter em confusão, tentando fazer as coisas da maneira mais correta possível”, diz o outrora tucano.

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Cauteloso, Colnago evita dizer que saiu do escritório de Kassab com a “garantia” de que será candidato a senador, mas com uma “sinalização positiva” nessa direção. Também não trata a nova pré-candidatura como “inegociável”, mas, em suas palavras, como “algo a ser construído”:

“O que quero é construir essa candidatura ao Senado e estar avaliando. Não tem essa de tudo ou nada. Hoje Guerino é o pré-candidato ao governo e eu sou pré-candidato ao Senado. E vou construir essa via.”

Na semana que vem, Colnago tirará um mês e meio de férias do cargo ocupado por ele como servidor efetivo da Secretaria de Estado da Saúde. Depois, vai se desincompatibilizar. Ou seja, a partir de agora, a a se dedicar integralmente à pré-campanha a senador, percorrendo os quatro cantos do Estado.

O ex-tucano, assim, muda o foco, mas na prática as coisas não mudam tanto. No próprio PSD, Guerino já vinha sendo tratado, desde antes da sua filiação, como o único pré-candidato do partido a governador, isto é, como O pré-candidato do partido. O único que parecia divergir era o próprio Colnago.

No dia 30 de março, o ex-vice-governador anunciou, em coletiva de imprensa concedida em sua residência, que estava trocando o PSDB, após 30 anos, pelo PSD. Até aí, tudo dentro do esperado – tanto que chegamos a antecipar a sua mudança de partido naquela tarde.

Mas, para surpresa de muitos, inclusive deste colunista, Colnago disse que chegava ao PSD como pré-candidato ao governo. Descartando ser vice de novo, mas não excluindo o Senado, explicou que sua intenção era disputar a eleição majoritária; mas sua prioridade era viabilizar candidatura ao Palácio Anchieta.

Ora, e quanto a Guerino? Segundo a versão de Colnago, o PSD escolheria um dos dois como representante do partido na eleição ao governo estadual, por “análise de viabilidade” (com base em pesquisas), ou até mesmo por meio de prévias.

Ocorre um dia depois, em 31 de março, Guerino renunciou ao cargo de prefeito de Linhares para poder ser candidato ao governo. No dia seguinte, filiou-se ao PSD. No mesmo dia, apareceu no site oficial do PSD nacional, citado entre os quatro pré-candidatos a governador da sigla nos estados da Região Sudeste. Não foi feita menção a Colnago.

Na mesma toada, um dos vice-presidentes estaduais da legenda, José Carlos da Fonseca Júnior, declarou à imprensa, inclusive a este espaço, que Guerino era o candidato do PSD ao governo, conforme publicamos aqui no dia 4 de abril.

Semanas depois, o ex-prefeito de Linhares protagonizou a inserção partidária do PSD, declamando texto típico de candidato ao governo e literalmente subindo a escadaria Bárbara Lindenberg, localizada bem em frente ao Palácio Anchieta, em mensagem subliminar que não poderia ser mais óbvia: “É ali que quero chegar”. Enquanto isso, Colnago mantinha o discurso de que o candidato seria escolhido por prévias.

Esse posicionamento do ex-tucano gerou situação esquisita – para não dizer esquizofrênica –, em que as figuras mais proeminentes do partido no Espírito Santo, agora sob nova direção, estavam a bater cabeça publicamente, gerando constrangimento para si mesmos e para o próprio partido.

Devido a essa persistência de Colnago, sempre que feita uma lista de pré-candidatos a governador, era preciso pôr não exatamente um ponto de interrogação sobre o PSD, mas um asterisco sobre o nome de Guerino, com remissão ao fato de que o ex-vice-governador também se dizia pré-candidato. Era óbvio que alguém teria que ceder, mais cedo ou mais tarde, e todas as evidências indicavam que esse alguém não seria Guerino.

Se prolongada ainda mais do que já fora, essa falsa indefinição poderia atrapalhar os planos eleitorais do próprio PSD, que não tem tempo a perder para tirar do chão sua verdadeira candidatura, além de deixar todos os envolvidos em situação um tanto embaraçosa, sobretudo o próprio Colnago, cuja história como homem público, de muitos serviços prestados ao Espírito Santo, não condiz com isso.

Agora, enfim, tudo se assenta. Cada um ocupa o seu quadrado, a sua casinha no tabuleiro eleitoral. E se na prática o anúncio de Colnago pouco ou nada altera a corrida ao Palácio Anchieta, seu movimento modifica, isto sim, o cenário da eleição ao Senado, “bagunçando” ainda mais um quadro que já estava embolado o bastante.

Com uma vaga apenas em disputa pelo Espírito Santo, essa pré-largada ao Senado já tinha, só no bloco governista de Renato Casagrande (PSB), a senadora Rose de Freitas (MDB), o deputado federal Da Vitória (PP), o coronel Alexandre Ramalho (Podemos) e o pastor Nelson Junior (Avante); correndo em outras raias, temos o ex-senador Magno Malta (PL) e o ex-prefeito de Colatina Sérgio Meneguelli (Republicanos); o PT querendo lançar candidato próprio, que pode ser Célia Tavares ou Reinaldo Centoducatte (com favoritismo interno para o segundo); e o PSDB dizendo que quer ter candidatura majoritária (a qual poderá ser ao Senado).

E agora temos também César Colnago.

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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