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Coluna Vitor Vogas

Casagrande sobre Pazolini: “Vou até as últimas consequências”

Em entrevista exclusiva, governador afirma que prefeito foi “leviano”, “irresponsável” e “aventureiro”, que considera ter sofrido um ataque pessoal e que pretende processá-lo se acusações não forem comprovadas

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Casagrande determina o fim da pandemia no Espírito Santo. Foto: Divulgação/Governo do ES

O governador Renato Casagrande (PSB) diz que interpreta as acusações feitas pelo prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) no último sábado (14) como um ataque pessoal contra ele, que processará o prefeito na Justiça comum por crime contra a honra se não provar tudo o que disse e que irá “até as últimas consequências” para se defender das acusações sofridas.

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“Todas as medidas serão tomadas para poder defender a honra de qualquer membro do governo. Agora, do jeito que ele se pronunciou, que é no Palácio Anchieta… só tem uma pessoa que atende no Palácio Anchieta: sou eu. Não tem outra autoridade que atenda um prefeito no Palácio que não seja eu, tá certo? Ele se referiu ao Palácio Anchieta. Então, naturalmente, eu me defenderei, como sempre fiz.”

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Em entrevista à coluna, concedida na tarde desta quarta-feira (18) após cerimônia de posse da nova diretoria do Sindiex, Casagrande afirmou que Pazolini está se afastando de um “debate republicano”:

“Ter um município em que o prefeito se afasta tanto de um debate republicano, que faz um processo de disputa permanente, todos os dias, isso é muito ruim para o Espírito Santo. Muito ruim mesmo. A forma como Pazolini se colocou nesse último sábado, a forma como ele atacou o membro do Palácio Anchieta, que não preciso dizer o nome… O Palácio Anchieta é o governador do Estado.”

No último sábado, em uma escola municipal em Jardim Camburi, Pazolini relatou, em discurso, que recebeu de uma “’autoridade” do governo do Estado, em um local que ele dá a entender ser o Palácio Anchieta, uma proposta de licitação para obra em Vitória com a empresa vencedora pré-definida. Na mesma hora, segundo Pazolini, ele bateu na mesa e foi embora. O governador assegurou que processará o prefeito se ele não provar sua “declaração leviana”:

“É lógico que processarei. Processarei qualquer um que fizer uma declaração leviana como essa que o prefeito fez, dirigida a mim, dirigida ao governador do Estado, ao Palácio Anchieta. O Palácio Anchieta é o governador do Estado. Não adianta ele ter subterfúgios de procurar outra instituição, porque a maior parte das licitações são feitas com recursos públicos do Estado, do Tesouro. Então quem tem que investigar isso é o Ministério Público.”

Em discurso em Montanha, na última segunda-feira (16), Casagrande declarou que há “aventureiros” no Espírito Santo. Nesta entrevista, ele confirma que se referiu ao prefeito de Vitória:

“A ele também. Neste momento a ele, porque ele cometeu um ato de aventureiro. Se ele vai continuar sendo um aventureiro ou não, só a prática dele é que vai conduzir. Mas cometeu um ato de aventureiro. Ele tem que se colocar como prefeito da Capital. Ele não é mais deputado. É o prefeito da Capital.”

Dizendo-se “entristecido” com a postura do prefeito e adversário político-eleitoral, o governador afirma que, desde a redemocratização, Vitória nunca teve um prefeito que “tenha tido uma postura desse nível” e que Pazolini precisa “colocar os pés no chão” e entender que agora não é mais deputado:

“Eu não entrei na política para enriquecer, não enriqueci na política, tá certo? Então, é uma declaração de quem está cometendo uma aventura. Não pode isso. A capital do Estado. Esta é a capital do Estado do Espírito Santo. Nunca tivemos um prefeito, desde a redemocratização, que tenha tido uma postura desse nível aqui na nossa capital. Então é preciso que ele […] coloque os pés no chão, tá certo? É o prefeito da capital. Se ele vai apoiar o candidato A, B ou C, é problema dele. Se ele vai ser candidato, é problema dele. Mas ele tem que colocar os pés no chão: ele é o prefeito da capital. Ele não é o líder de nenhuma agremiação partidária e política neste momento. Ele é o prefeito da capital. Então peço que a gente tenha noção clara da responsabilidade que as pessoas têm que ter na hora que ocupam funções. Então um ato leviano e irresponsável como esse, se dirigindo ao governador do Espírito Santo, precisa efetivamente ser condenado. E eu, naturalmente, levarei até as últimas consequências para proteger a minha honra e a honra da minha família.”

Para Casagrande, se realmente tem elementos que incriminem quem quer que seja, Pazolini teria a obrigação de levá-los ao conhecimento das autoridades competentes imediatamente (frisou o advérbio):

“Lógico. Qualquer um que tem denúncia para fazer contra qualquer órgão público tem que fazer imediatamente. Ainda mais ele que é delegado, tá certo? Tem que fazer imediatamente. Não pode esperar chegar num período pré-eleitoral para poder fazer qualquer denúncia.”

Mas e se o prefeito estiver se referindo a outra pessoa e tiver mesmo elementos probatórios que incriminem outro agente do governo Casagrande? O que fará o governador nesse caso?

“Eu não tenho nenhum compromisso com o erro de ninguém”, responde ele. “De ninguém. Ninguém mesmo. Nem da pessoa mais próxima a mim no governo nem da pessoa mais distante. Quem errou, pague. Se alguém errou, pague. Mas o prefeito se referiu ao Palácio Anchieta.”

Segundo Casagrande, o governo estadual manterá normalmente o relacionamento institucional com a Prefeitura de Vitória. Mas, no campo pessoal, ele só falará com Pazolini na Justiça.

Confira abaixo a entrevista completa de Casagrande:

Como o senhor avalia a manifestação pública feita pelo prefeito Pazolini no último sábado, em uma escola aqui em Jardim Camburi, acusando a prática de licitações fraudulentas no seu governo?

Cabe agora a ele apresentar as provas ao Ministério Púbico, porque, se ele tem alguma prova contra alguém do governo, então que ele as apresente. Já deveria ter apresentado há mais tempo, se de fato ele tem. Então nós pedimos que, através de solicitação do Ministério Púbico, ele possa apresentar as provas que ele diz ter. Foi uma declaração sem nenhuma base e consistência. E espero agora que o Ministério Público esclareça sobre toda essa polêmica.

Se o prefeito não conseguir provar o que afirmou publicamente, quais serão as providências tomadas pelo senhor e pelo seu governo?

Pelo governo e por mim, naturalmente, as providências cabíveis, decorrentes de uma acusação leviana. Mas todas as medidas serão tomadas para poder defender a honra de qualquer membro do governo. Agora, do jeito que ele se pronunciou, que é no Palácio Anchieta… só tem uma pessoa que atende no Palácio Anchieta: sou eu. Só eu.

O senhor acredita, então, que ele tenha mirado diretamente no senhor, isto é, que a referência do prefeito tenha sido à sua pessoa?

Olha, não tem outra autoridade que atenda um prefeito no Palácio que não seja eu, tá certo? Ele se referiu ao Palácio Anchieta. Então, naturalmente, eu me defenderei, como sempre fiz, não é a primeira vez. Todas as acusações levianas que eu sofro eu vou à Justiça. A Justiça é o caminho. As pessoas precisam compreender a importância das funções que exercem. O prefeito da Capital é uma pessoa muito importante, de muita responsabilidade, tá certo? Então é preciso ter muita responsabilidade naquilo que faz e naquilo que fala. É preciso que as pessoas tenham noção efetiva daquilo que estamos construindo neste Estado, para nós não transformarmos as instituições no Estado em instituições que vivem em disputa sem ter nenhuma razão. Fico muito entristecido, na verdade, com comportamentos como o do prefeito Pazolini. Entristecido porque nós nunca fechamos a porta ao diálogo. Nunca. Eu vejo vocês fazendo avaliações, de um lado e de outro, mas, se você for observar, da parte do governo, não tem nenhuma iniciativa de causar nenhum constrangimento à prefeitura municipal. Nenhuma. Para todas as nossas solenidades, eles são convidados. Para todos os nossos programas, eles são chamados a participar. Boa parte dos programas são por editais, então isso é público, não desmerece nem afasta ninguém da participação. Na hora em que vamos buscar uma licença para uma obra, temos muito mais velocidade em outros municípios do que em Vitória. Então fico muito triste porque meu desejo sempre foi o de fazer um processo de parceria, independentemente do processo eleitoral. Acho que, na eleição, cada um apoia quem quiser. Eu nem decidi se vou ser candidato ainda. Então acho que para nós, no Espírito Santo, ter um município em que o prefeito se afasta tanto de um debate republicano, que faz um processo de disputa permanente, todos os dias, isso é muito ruim para o Espírito Santo. Muito ruim mesmo. A forma como Pazolini se colocou nesse último sábado, a forma como ele atacou o membro do Palácio Anchieta, que não preciso dizer o nome… O Palácio Anchieta é o governador do Estado.

O senhor se sente pessoalmente atingido por essa fala do prefeito?

Lógico, não tenha dúvida.

O senhor está convencido de que ele se referiu, sub-repticiamente, à sua pessoa?

Lógico. Ele se referiu a mim. Não tenha dúvida. Quem é que despacha no Palácio Anchieta?

Em algum momento vocês chegaram a conversar pessoalmente sobre licitações para a realização de obras para a Prefeitura de Vitória?

Nunca. Nunca. No início do ano ado, ele foi lá e apresentou alguns projetos. Eu falei que a gente podia trabalhar em conjunto. Mas, logo depois, ele e o presidente [da Assembleia Legislativa] Erick Musso se afastaram. Eu e o secretário Davi [Diniz, chefe da Casa Civil] estivemos com ele nessa ocasião. Então me entristeceu muito a postura. Estou triste mesmo, não é uma questão política. Triste porque eu lido com muitos prefeitos que não têm identidade política comigo, e nenhum deles deixa de receber recursos nem de ar os editais que nós lançamos. A gente faz muito mais por edital do que por convênio direto.

Se ele não conseguir provar de fato o que afirmou, o senhor vai processá-lo na Justiça comum, por crime de ofensa à honra?

É lógico que processarei. Processarei qualquer um que fizer uma declaração leviana como essa que o prefeito fez, dirigida a mim, dirigida ao governador do Estado, ao Palácio Anchieta. O Palácio Anchieta é o governador do Estado. Não adianta ele ter subterfúgios de procurar outra instituição, porque a maior parte das licitações são feitas com recursos públicos do Estado, do Tesouro. Então quem tem que investigar isso é o Ministério Público.

No discursos feitos pelo senhor, na última segunda, em Montanha, e também ontem, em Iconha, o senhor usou termos como “aventureiros” e disse que tem gente tentando transformar a política num ambiente de “guerra permanente” para “ass reputações”…

É isso.

Essas suas palavras foram dirigidas ao prefeito Pazolini?

A ele também. Neste momento a ele, porque ele cometeu um ato de aventureiro. Se ele vai continuar sendo um aventureiro ou não, só a prática dele é que vai conduzir. Mas cometeu um ato de aventureiro. Ele tem que se colocar como prefeito da Capital. Ele não é mais deputado. É o prefeito da Capital. O deputado pode até ter mais liberdade nos ataques, tá certo? Agora ninguém pode, em nenhuma hipótese, em nenhum cargo, mas especialmente na Prefeitura da Capital, fazer alguma acusação contra o governador sem ter provas e sem ter nunca tratado desse tema e sem ter nunca tido uma conversa nesses moldes. Modéstia à parte, eu sou uma pessoa que tem uma conduta, uma imagem e uma história de gente que tem a vida normal desde quando eu me coloquei na política. Eu não entrei na política para enriquecer, não enriqueci na política, tá certo? Então, é uma declaração de quem está cometendo uma aventura. Não pode isso. A capital do Estado. Esta é a capital do Estado do Espírito Santo. Nunca tivemos um prefeito, desde a redemocratização, que tenha tido uma postura desse nível aqui na nossa capital. Então é preciso que ele, não é ninguém não, é ele, ele coloque os pés no chão, tá certo? É o prefeito da capital. Se ele vai apoiar o candidato A, B ou C, é problema dele. Se ele vai ser candidato, é problema dele. Mas ele tem que colocar os pés no chão: ele é o prefeito da capital. Ele não é o líder de nenhuma agremiação partidária e política neste momento. Ele é o prefeito da capital. Então peço que a gente tenha noção clara da responsabilidade que as pessoas têm que ter na hora que ocupam funções. Então um ato leviano e irresponsável como esse, se dirigindo ao governador do Espírito Santo, precisa efetivamente ser condenado. E eu, naturalmente, levarei até as últimas consequências para proteger a minha honra e a honra da minha família.

O senhor acredita que ele possa ter algum material comprobatório, alguma evidência relativa a outro membro do governo?

Problema dele e do membro do governo. Mas ele se dirigiu ao Palácio Anchieta. Quem despacha no Palácio Anchieta é o governador do Estado do Espírito Santo. No Palácio Anchieta, não tem nenhuma outra autoridade do primeiro escalão, que atenda prefeitos e discuta transferência de recursos que não seja o governador do Estado.

Hipoteticamente, se ele tiver mesmo algo, o senhor acha que ele deveria ter apresentado antes às autoridades competentes?

Lógico. Qualquer um que tem denúncia para fazer contra qualquer órgão público tem que fazer imediatamente. Ainda mais ele que é delegado, tá certo? Tem que fazer imediatamente. Não pode esperar chegar num período pré-eleitoral para poder fazer qualquer denúncia. Então mais uma atitude que caracteriza de fato um equívoco na condução política dele.

Ainda no plano hipotético, se o prefeito de fato tiver algum elemento incriminador e conseguir provar que houve algum comportamento não republicano e ilícito por parte de algum membro do seu governo, que atitude será tomada pelo senhor?

Eu não tenho nenhum compromisso com o erro de ninguém. De ninguém. Ninguém mesmo. Nem da pessoa mais próxima a mim no governo nem da pessoa mais distante. Quem errou, pague. Se alguém errou, pague. Mas o prefeito se referiu ao Palácio Anchieta, a uma proposta de licitação já com resultado definido, feita a ele no Palácio Anchieta, e ele bateu na mesa e saiu. Tá certo? Foi o que ele disse. Naquela hora, ele teria que ter ido na Polícia Civil e no Ministério Público Estadual, porque o recurso era estadual. Se fosse recurso federal, era a Polícia Federal. Mas tinha que ter ido e denunciado naquela hora.

A propósito, por que o senhor acha que ele procurou a Polícia Federal na última segunda-feira? Como o senhor avalia esse movimento do prefeito, em vez de ter ido, por exemplo, ao Ministério Público?

Não, não sei. Aí pergunta a ele.

Do ponto de vista político, institucional, istrativo principalmente, a ponte com a Prefeitura de Vitoria está agora totalmente explodida?

Não. Institucionalmente, não. A minha relação pessoal com ele, sim, tá certo? Porque ele precisa agora provar o que ele falou, com relação ao governador.

No plano político e pessoal, não há mais nenhuma possibilidade de diálogo com Pazolini?

No plano institucional, o governo estará sempre aberto à prefeitura…

Mas e no plano pessoal, o senhor só vai conversar com o prefeito agora na Justiça?

Neste momento, sim. O futuro a Deus pertence. Até porque depende muito do comportamento dele. Ele pode, sinceramente, colocar a mão na consciência e fazer uma reflexão do que ele fez. Ele não é uma pessoa que não tem importância política. Ele é o prefeito da capital. Então ele tem que saber o que ele fala, de forma muito objetiva.

Hoje, mais uma vez, a vice-governadora Jaqueline Moraes (PSB) sofreu um ataque baixo. Foi chamada de “vira-lata”. O senhor quer comentar?

É uma pena que as pessoas ainda não respeitem as mulheres, não façam jornalismo decente, equilibrado e imparcial. É uma pena que as mulheres ainda tenham que sofrer esse tipo de agressão.

 

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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