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Coluna Vitor Vogas

Audifax: “Casagrande perderá outra reeleição e eu serei governador”

Ex-prefeito da Serra diz que Casagrande não é gestor, que só está andando o Estado em ano eleitoral e que pratica a política do “toma lá, dá cá”. Ainda enumera dados ruins sobre o ES, comenta a aliança com o Solidariedade e o lugar de destaque em sua chapa reservado para o PSDB

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Audifax Barcelos, em evento de lançamento de sua campanha a governador do ES. Foto: Facebook

Percorrendo todas as regiões do Espírito Santo em ritmo acelerado de campanha para fortalecer sua pré-candidatura a governador, o ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos (Rede Sustentabilidade) parou nesta semana para conversar com a coluna e deu uma declaração profética, vendendo autoconfiança: “Minha rejeição é a mais baixa. O processo eleitoral ainda não começou. Em nenhuma das minhas quatro eleições eu saí na frente. E terminei todas em primeiro lugar. Se Deus quiser, vou ganhar essa eleição. Já ganhei quatro. Vou ganhar a quinta agora.”

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De fato, disputando mandatos desde 2004, Audifax nunca perdeu uma eleição. Ganhou para prefeito em 2004, 2012 e 2016 e foi o candidato a deputado federal mais votado do Espírito Santo em 2010.

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A confiança esbanjada por ele advém de sua experiência como prefeito da Serra por três mandatos (entre 2005 e 2008 e entre 2013 e 2020): “Acima de tudo, me sinto preparado por ter sido prefeito da maior cidade do Espírito Santo, que mudou no período em que governamos a cidade. Importante dizer que não fiz tudo, e que tudo o que fiz, não fiz sozinho. Mas, pelos resultados que obtivemos na Serra, estou preparado para ser governador deste Estado. E, se Deus quiser, serei governador deste Estado.”

As profecias de Audifax não param aí. E a última não é nada boa para o atual governador, Renato Casagrande (PSB):

“Casagrande vai perder mais uma vez uma tentativa de reeleição. Digo isso com base no meu sentimento de rua. Quando essa turma sair da bolha da classe política e for para a rua, vão sentir isso nas ruas… Quando essa turma do PSB e outros saírem da bolha do Palácio…”

“Casagrande não é gestor”

Além de vaticinar a derrota eleitoral de Casagrande – seria mesmo a segunda dele ao buscar a reeleição, pois perdeu em 2014 para Paulo Hartung –, Audifax reserva muitas críticas ao perfil do atual governador. Segundo o pré-candidato da Rede, Casagrande “não é gestor de verdade”:

“Minha leitura é que os resultados poderiam ser muito melhores do que os que estão aí, em todas as áreas. Na minha visão, o líder do governo deveria ter um papel melhor como gestor. A questão central para mim é que a gestão está longe de atender aos anseios da população. Tenho andado muito e tenho ouvido muito essa fala das pessoas: ‘A gente não sente a presença do governo do Estado na nossa vida’. O Estado não está presente na vida das pessoas”, avalia o ex-prefeito.

“Quero fazer pelo Estado o que fiz pela Serra. Pela minha experiência de gestor, entendo que um governante precisa dar à população alegria, orgulho, autoestima. E isso não está acontecendo no Estado junto à população”, emenda.

Audifax elenca o desemprego, a segurança, a saúde e a fome como áreas mais críticas do Espírito Santo no momento. “Eu focaria nessas quatro linhas. É um Estado que financeiramente vai muito bem, obrigado, com muito dinheiro.  Mas está falhando nessas áreas”, diz o ex-prefeito, cujo plano de governo está sendo coordenado por Jolhiomar Massariol (Rede), coordenador de Governo em sua última istração na Serra (2017-2020) e antigo braço direito dele em questões istrativas.

Montagem do secretariado

Audifax atribui a Casagrande a prática instituída do “toma lá, dá cá” na istração estadual: distribuição de espaços políticos a quadros indicados por partidos em troca de apoio político e eleitoral.

“Com certeza vou fazer diferente [do atual governador]. A prática dele é ‘toma lá, dá cá’, literalmente. É uma das coisas que questiono nesse governo. Se você levantar secretaria por secretaria, vai ver que cada secretaria é de um partido. Essa prática eu não vou fazer no meu governo. Vou escalar gestores para a secretarias. Teremos uma equipe de gestores altamente preparados e qualificados, que já foram testados em termos de resultados e que tenham princípios. Não vou abrir mão disso. É muito diferente do atual governador, cuja prática da equipe é a do ‘toma lá, dá cá’.”

Municipalismo

O redista também questiona a intensificação da movimentação pessoal de Casagrande pelos municípios – segundo ele, restrita ao último ano de mandato e com fins meramente eleitoreiros:

“Quero ser o governador municipalista, mas não somente nas inaugurações das ordens de serviço e nas festas, no ano eleitoral. Quero estar presente nos 78 municípios o tempo todo, durante todos os quatro anos do meu mandato. Na prática, a gente vê o atual governador andando o Estado e indo em ordem de serviço e inauguração só em ano eleitoral. O bom gestor tem que estar presente junto à população nos quatro anos de mandato, como eu fazia na Serra. As minhas manhãs eram dedicadas a ouvir a população sem avisar vereadores, líderes comunitários, ninguém. E assumo esse compromisso de fazer essa mesma prática à frente do governo do Espírito Santo.”

“Muito político, pouco gestor”          

Na avaliação do ex-prefeito da Serra, os “resultados negativos” do atual governo decorrem da falta de gestão e de perfil gerencial de Casagrande:

“O atual governante claramente é muito político e pouco gestor. Ele gasta muito mais tempo na política do que na gestão. Todo mundo vê isso. Para mim, os resultados negativos e dados impactantes desse governo são todos consequência dessa falta da gestão. O caso da morte do jovem Kevinn dento de uma ambulância na entrada no Himaba é um exemplo dessa falta de gestão.”

Dados e resultados

Fazendo um clipping minucioso desde o ano ado, com auxílio de sua assessoria, Audifax enumera uma série de notícias negativas sobre o Espírito Santo, divulgadas na imprensa nacional e regional, as quais mostram deficiências do poder público estadual. Ele mesmo informa o veículo, a data de veiculação e, entre as aspas, do que tratava a notícia:

. Bom Dia ES (14/10/2021): “Espírito Santo é o pior estado do Brasil para apurar crimes”

. A Gazeta (20/10/2021): “Espírito Santo está há quatro anos sem construir um presídio sequer. E o sistema está superlotado”

. Estadão (15/11/2021): “Espírito Santo é o segundo pior estado em ambiente de negócios no Brasil”

. Folha Vitória (novembro): “Espírito Santo tem o 6º pior saneamento do Brasil”

. A Gazeta (02/12/2021): “Espírito Santo teve o pior PIB do Brasil de 2019 para 2020”

. A Gazeta (17/03/2022): “1,5 milhão de capixabas vivem problema de insegurança alimentar”

. A Tribuna (26/03/2022): “Levam-se três anos para se fazer uma cirurgia no Espírito Santo”

. A Tribuna (26/03/2022): “Espírito Santo tem o pior tratamento de esgoto do Brasil”

. Telejornal ES1: (03/05/2022): “Não existem especialidades e leitos de UTI no interior do Estado”

. Jornal Nacional (03/05/2022): “Fraquezas do governo do Espírito Santo na saúde”

. CNN (10/05/2022): “Espírito Santo é o terceiro pior estado brasileiro em desempenho industrial”

. A Tribuna (22/05/2022): “400 obras paradas no Espírito Santo; um terço delas, por culpa do governo do Estado”

Articulações com o PSDB

Audifax vem para essa disputa eleitoral pela Rede, partido federado com o Psol. No momento, ele trabalha para convencer outros partidos a se unirem à sua coligação. Entre eles, o PSDB (federado com o Cidadania). O presidente estadual da sigla, deputado estadual Vandinho Leite, é bem relacionado com o ex-prefeito, que afiança: se o PSDB quiser chegar, terá espaço privilegiado na chapa liderada por ele, seja com o candidato a senador, seja com o candidato a vice-governador:

“Conversei com quase todas as lideranças do PSDB, inclusive com Ricardo Ferraço. Expus a minha intenção de ser candidato a governador. Eu os convidei para nos ajudarem no programa de governo. Entendo que eles podem contribuir muito pela experiência de todos eles: Gandini, Juninho, Vandinho, Ricardo, Majeski, Max Filho… Convidamos eles para discutir uma proposta de disputar a eleição juntos e governar juntos. Isso significa abrir um lugar na chapa? Sim, estou disposto a abrir um espaço para eles na chapa. Está em aberto: vice ou Senado.”

Apoio do Solidariedade e vice

Fora da federação Rede/Psol, Audifax já conta com o apoio declarado de um partido: o Solidariedade. O presidente estadual da sigla, Douglas Pinheiro, declarou ter sido convidado de público por Audifax para ser seu candidato a vice-governador. O ex-prefeito confirma que existe essa possibilidade. “É possível que a gente ofereça a vice a ele? É. Mas eles vieram muito pelos nossos projetos e por sermos uma opção que vamos oferecer à população.”

Outros concorrentes do governador

Audifax ainda confirma conversas em curso com outros adversários eleitorais de Casagrande (Erick Musso, Guerino Zanon, Carlos Manato…). Segundo ele, contudo, essas articulações têm por horizonte uma provável união de forças somente no 2º turno: aquele que ar de fase contra o atual governador terá o apoio dos demais. Se algum deles ar, naturalmente.

“Existe, sim, uma conversa que vai evoluir para a união de algumas pessoas para o 2º turno. Todas as candidaturas colocadas são importantes para a democracia. Não trabalho para unir candidato A com B no 1º turno”, afirma ele.

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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