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Coluna Vitor Vogas

Após reviravolta, Pros pode ir para as mãos de aliado de Erick Musso

Subsecretário de Governo de Vitória, Kauê Oliveira diz ter sido sondado por nova direção nacional para reassumir a presidência estadual de partido que está com Casagrande. “Meu compromisso é com Erick para o Senado”

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Kauê Oliveira. Foto: acervo pessoal

Após nova reviravolta, o comando estadual do pequeno Partido Republicano da Ordem Social (Pros) pode ir parar de volta nas mãos de um aliado do presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos): o subsecretário de Governo de Vitória, Alberth Kauê Gomes Oliveira.

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Em conversa com a coluna, ele afirmou ter sido sondado pelo novo vice-presidente nacional do Pros, Moacir Dias Bicalho Junior, nesta terça-feira (2), para reassumir a presidência da sigla no Espírito Santo, e ressaltou que tem o compromisso de apoiar a candidatura de Erick ao Senado. Kauê informa que, se for confirmado na presidência, vai buscar saídas jurídicas para que o Pros possa ingressar formalmente na coligação do Republicanos e apoiar a candidatura de Erick ao Senado.

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No momento, o Pros é um partido acéfalo: está sem órgão diretivo no Espírito Santo. Até o último domingo (31), o presidente estadual da agremiação era o prefeito de Ibatiba, Luciano Pingo, aliado do governador Renato Casagrande (PSB). Porém, por determinação legal, a direção nacional ou por uma dança das cadeiras. O até então presidente nacional, Marcus Holanda, foi substituído por Eurípedes Gomes Macedo Junior, por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Trata-se de mais um capítulo da guerra jurídica que se apoderou do Pros nos últimos anos. Eurípedes é o fundador do partido, formalmente registrado em 2013 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em março deste ano, ele foi substituído na presidência nacional pelo perito aposentado da Polícia Civil Marcus Vinicius Holanda. Agora, é Holanda quem devolve o lugar a Eurípedes.

No Espírito Santo, até março, com Eurípedes ainda na presidência nacional, o presidente estadual era Kauê Oliveira. Com a troca de guarda nacional, o comando estadual também mudou: Kauê, aliado de Erick, foi destituído em 15 de março. Três dias depois, Luciano Pingo, aliado de Casagrande, assumiu a presidência no estado.

A mudança no comando estadual levou o Pros para a coligação do atual governador. Em convenção realizada no último domingo (31), último dia de Pingo na presidência, o partido aprovou o ingresso na coligação liderada pelo PSB de Casagrande nas eleições majoritárias no estado. No mesmo dia, em sua própria convenção, o PSB aprovou a formação de uma coligação com outros sete partidos e federações em apoio à candidatura de Casagrande a governador – entre eles, o Pros.

Logo em seguida, a Comissão Executiva Provisória estadual do Pros foi destituída, e o partido ficou provisoriamente sem representação no Espírito Santo, o que gera insegurança jurídica e interrogações políticas: para onde vai agora o pequeno Pros?

Se realmente voltar para as mãos de Kauê, ele tem a resposta na ponta da língua: ainda não sabe se será juridicamente possível, mas buscará soluções para que o Pros apoie Erick na eleição ao Senado.

Tecnicamente, será difícil.

O Republicanos de Erick não faz parte da coligação de Casagrande ao governo. O partido do presidente da Assembleia formalizou coligação com o União Brasil, válida exclusivamente na disputa para o Senado. Essa coligação não tem candidato a governador.

O que afirma Kauê

Kauê confirmou à coluna o contato recebido da nova direção nacional:

“Tenho uma relação com a Executiva Nacional do partido. Já fizeram contato comigo ontem [terça]. Há interesse de ambas as partes de que eu reassuma a presidência estadual. O Moacir Bicalho, vice-presidente nacional, me ligou e me perguntou o que é possível a gente organizar aqui, tendo em vista que ficou muito em cima da hora qualquer projeto político. Eu estou avaliando, pois o tempo está curto. Mas posso dizer que meu grupo político tem compromisso de apoiar o Erick. Em se concretizando meu retorno ao cargo, tenho compromisso com Erick Musso para senador. Disso eu não abro mão, até porque sou subsecretário de governo de Vitória. Só tenho esse compromisso.”

O prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, também é filiado do Republicanos e é um dos principais aliados políticos de Erick.

Kauê conta que, em consulta a advogados eleitorais, chegou a ser informado de que, como o Republicanos não está coligado com ninguém para o governo estadual, o Pros poderia manter a coligação com o PSB de Casagrande para o governo e entrar na coligação do Republicanos de Erick para o Senado. “Eu estaria livre para fazer uma composição majoritária para governo e uma outra para o Senado.”

Essa “possibilidade” é bastante discutível, pois, à primeira vista, configuraria um caso flagrante de “coligação cruzada”, algo que o TSE proibiu, em julgamento realizado em junho. Kauê reconhece que isso pode não ser possível e acrescenta: “Não podendo, eu tenho compromisso só para Senado com Erick”.

Mas aí caímos em outro problema. O Pros já registrou em ata que vai se coligar com o PSB na eleição para governador. E, ficando na coligação de Casagrande ao governo, o Pros tampouco poderá apoiar oficialmente a candidatura de Erick ao Senado. “Aí é outra questão jurídica…”, diz Kauê.

Seja como for, se realmente voltar para o Pros, o grupo político de Kauê poderá apoiar Erick informalmente. Ou, no limite, pode tentar anular a convenção do último domingo e invalidar o que foi decidido e registrado em ata pela Executiva Estadual anterior.

Pros: um sacolejo atrás do outro

Quando assumiu a presidência estadual do Pros, no ano ado, Kauê Oliveira era ligado politicamente ao deputado estadual Renzo Vasconcelos (então no PP, agora no PSC). Os dois romperam, porém. Kauê, então, aproximou-se de Erick.

Em março, como relatado acima, Kauê foi trocado na presidência estadual pelo prefeito de Ibatiba, Luciano Pingo, aliado de Casagrande.

Mas, no dia 10 de julho, para surpresa geral, o ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos (Rede), também candidato ao Palácio Anchieta, anunciou a adesão do Pros à sua candidatura, costurada, como afirmou em nota à imprensa, pessoalmente por ele com o então presidente nacional, Marcus Holanda.

No dia 14 de julho, Pingo e Holanda emitiram uma nota conjunta, desmentindo o apoio a Audifax. Nesse dia, o então presidente nacional disse à coluna que, desde março, só havia conversado com Casagrande e que o Pros seguia apoiando o governador.

Agora, a reviravolta em cima da reviravolta em cima da reviravolta…

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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