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Coluna Vitor Vogas

Ainda sem partido: situação de Doutor Hércules é desesperadora

Grande apoiador do Outubro Rosa, o deputado poderia ter virado verde neste sábado, mas foi barrado pelos vermelhos… e segue sem resolver o “parto” da sua filiação partidária

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Doutor Hércules é apoiador do Outubro Rosa: Foto: Tati Beling

Mais ardoroso apoiador do Outubro Rosa, o deputado estadual Hércules Silveira quase virou verde neste sábado. Dos verdes, recebeu quase sinal verde. Mas os vermelhos lhe deram o vermelho. Explicamos: em mais uma das muitas tentativas frustradas do governo Casagrande de ajudar o deputado aliado a se encaixar em um partido da base, foi feito neste sábado (2) um exercício de possível filiação de Hércules ao Partido Verde (PV).

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Com mais de 80 anos e muitos mandatos parlamentares no currículo, Hércules é pré-candidato à reeleição na Assembleia. Mas a situação do deputado é a mais desesperadora entre os políticos com mandato no Estado.

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Ele deseja sair do MDB, pois o partido periga ficar com uma chapa muito fraca ou nem sequer registrar chapa em agosto. Mas, a poucas horas do encerramento do prazo para filiação de pré-candidatos, Hércules ainda não encontrou um partido que aceite filiá-lo. Dos 30 deputados estaduais com mandato, é o único cuja situação segue indefinida a esta altura.

Neste sábado, a ideia de acomodar Hércules no PV saiu de dentro do gabinete do governador Renato Casagrande (PSB) – que já esgotou as suas cartas para “salvar” o deputado e médico obstetra. O presidente estadual do PSB, Alberto Gavini, pediu ajuda ao do PV, o secretário estadual de Meio Ambiente, Fabrício Machado. Este então se dispôs, sem nenhuma garantia, a levar a proposta para os dirigentes de outros dois partidos: o PT e o PCdoB.

Por que Machado precisou consultar dirigentes desses dois partidos sobre a possível filiação de Hércules? Porque PV, PT e PCdoB estarão necessariamente juntos tanto nas eleições presidenciais como nas estaduais: as três siglas vão constituir uma federação, replicada obrigatoriamente em todos os estados. Assim, os três partidos de esquerda terão que formar uma só chapa, com 31 nomes, na disputa a deputado estadual no Espírito Santo. Para Hércules entrar nessa chapa, os três teriam que topar.

Não toparam.

O presidente estadual do PCdoB, Neto Barros, barrou a entrada de Hércules, conforme apurou a coluna, por duas razões básicas:

A primeira, de fundo ideológico, é que Hércules não é considerado um político desse campo de esquerda;

A segunda, de ordem mais pragmática, é a mesma que tem levado Hércules a receber uma série de negativas ao longo destas últimas semanas: por ser considerado “bom de voto”, como provam suas inúmeras e sucessivas eleições, Hércules não é aceito pelos pré-candidatos a deputado estadual já inseridos nas chapas dos demais partidos.

Nesse caso, por irônico que possa parecer, o deputado está sendo vítima dos próprios “méritos políticos”, ou melhor, sendo punido pelo histórico de êxito nas urnas.

A direção estadual do PT também foi consultada e, igualmente, vetou a entrada de Hércules na chapa dividida com o PV e com o PCdoB. Além de a sugestão ter chegado muito em cima da hora (e o PT não gosta de decidir nada sem muuuuuuuita discussão preliminar), as razões foram as mesmas do PCdoB.

O PT possui muitos pré-candidatos com estimativa de votação entre 15 mil e 20 mil votos, enquanto Hércules costuma ultraar tranquilamente os 20 mil. Eventual chegada do doutor poderia desmotivar os candidatos petistas, os quais acabariam “trabalhando para ajudar a reelegê-lo”.

A coluna também apurou que Hércules ou o sábado em sua peregrinação, “batendo de porta em porta” e disparando telefonemas para os presidentes de outras agremiações. Entre eles, o do PSB, Alberto Gavini. Mas no partido do governador também não há espaço para o deputado, pelo mesmo motivo pragmático/matemático já exposto.

O governo chegou a tentar levar Hércules para outros partidos, como o Podemos, o Pros e o Solidariedade. Sem sucesso até o momento. E, a bem da verdade, nem o próprio Hércules ficou muito animado com a ideia de ir para o PV…

“O Hércules está naquela: ‘Quem eu quero não me quer e quem me quer eu mando embora’”, resume uma fonte palaciana.

A se manter essa situação, pode ser que não reste alternativa ao doutor senão voltar atrás na própria resolução e acabar permanecendo no MDB. Na noite de ontem, ele declarou à coluna que já tinha decidido se desfiliar (o que só poderia fazer até ontem mesmo). Neste caso, para se manter vivo eleitoralmente, precisaria voltar a se filiar ao MDB ainda hoje, em um intervalo de 24 horas.

Por ora, o ime partidário de Hércules é o parto mais difícil de sua vida.

Mazinho no PSDB

O ex-vereador de Vitória Mazinho dos Anjos filiou-se neste sábado ao PSDB. É candidato a deputado estadual. O advogado presidia o PSD de Vitória até meados desta semana, mas renunciou à presidência e se desfiliou em busca de melhor caminho.

Adilson Espindula no PDT

Já o deputado estadual Adilson Espindula, o único que restava sem partido além de Hércules, trocou o PTB pelo PDT: um intercâmbio “trabalhista” a que ninguém está ligando muito hoje… Adilson filiou-se neste sábado ao partido de Sergio Vidigal. É candidato à reeleição.

Devacir Rabello no PL

Bolsonarista de carteirinha, o vereador de Vila Velha Devacir Rabello filiou-se ao Partido Liberal (PL), atual sigla do presidente da República. Estava na Democracia Cristã (DC). É candidato a deputado federal.

Duas vice-prefeitas

E o Patriota, quem diria, pode ficar com duas vice-prefeitas da Grande Vitória que estarão no pleito. A Capitã Estéfane, de Vitória, já é pré-candidata a deputada federal pelo partido, presidido no Estado pelo deputado Rafael Favatto.

Já a Enfermeira Edna, vice-prefeita de Euclério Sampaio, tendia a entrar no mesmo partido, até a publicação desta coluna. Mas também avaliava convites do União Brasil e do Patriota. É pré-candidata a deputada estadual (mas também pode ser puxada para federal).

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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