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Coluna Vitor Vogas

Os 10 possíveis candidatos à sucessão de Casagrande em 2026 – Parte 2

Coluna de hoje completa a lista dos políticos mais cotados para concorrer ao cargo de governador no próximo pleito estadual, com os respectivos perfis

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No sentido da leitura: Lorenzo Pazolini, Euclério Sampaio, Fabiano Contarato e Helder Salomão

No último domingo (11), a coluna começou a publicar uma relação de dez possíveis candidatos ao Governo do Espírito Santo em 2026. O governador Renato Casagrande (PSB) não poderá buscar mais um mandato, e o revezamento entre ele e Paulo Hartung no poder chegará ao fim após 24 anos, o que abre desde já uma enorme expectativa de poder entre aliados e adversários.

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Abaixo, apresentamos a segunda metade da relação, com os cinco nomes restantes e os respectivos perfis:

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6. Lorenzo Pazolini (Republicanos)

Após anos se destacando na mídia pelo intenso e diligente trabalho à frente da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, o delegado da Polícia Civil Lorenzo Pazolini decidiu dar o grande salto para a atividade política. Já chegou também de forma destacada: em sua primeira incursão eleitoral, pelo pequeníssimo PRP, fez-se deputado estadual como o 2º candidato mais votado do Espírito Santo, atrás somente de Sergio Majeski, em 2018. Na Assembleia, destacou-se na oposição – segundo ele mesmo à época, independência – ao governo Casagrande, frequentando assiduamente a tribuna e posicionando-se contra projetos importantes do Executivo, como a criação do Fundo Soberano e a reforma da Previdência estadual. Em 2020, para disputar a Prefeitura de Vitória, filiou-se ao Republicanos, a convite do então presidente da Assembleia, Erick Musso, e do então presidente estadual da sigla conservadora de direita, Roberto Carneiro. Pelo partido, foi o candidato mais votado no 1º turno e, no 2º, derrotou o ex-prefeito João Coser (PT) com quase 60% dos votos válidos. Na maior vitrine política do Estado, tem buscado realizar um mandato com a marca da austeridade fiscal, incluindo medidas como cortes de cargos comissionados. Seu primeiro projeto, enviado à Câmara ainda nos primeiros dias após a posse, foi a reforma da Previdência municipal. Nos dois primeiros anos de governo, trocou bastante os secretários municipais. No ano ado, protagonizou conflitos políticos públicos de altíssima repercussão com adversários externos e internos na prefeitura. Em maio, sem citar Casagrande pelo nome, acusou sem provas o governador de ter lhe oferecido pessoalmente investimentos em Vitória mediante licitações fraudadas. O processo foi arquivado pela Procuradoria-Geral da República. Em novembro, envolveu-se em polêmica pública com sua vice-prefeita, a Capitã Estéfane (Patriota), que apoiou a reeleição de Casagrande no 2º turno e acusou o prefeito de cerceá-la no exercício do mandato. Na eleição, salvo pelo episódio de ataques a ônibus em vias públicas de Vitória em pleno 2º turno, manteve atitude discreta, sem manifestar-se contra Casagrande nem a favor de nenhum candidato ao governo. Tirando Denninho Silva (UB) na Assembleia, não viu a eleição de nenhum grande aliado, ao mesmo tempo em que muitos potenciais adversários à esquerda e à extrema direita saíram mais fortes das urnas. Para o terceiro ano de mandato, o prefeito veio com atitude bem mudada. Com Casagrande, adotou um relacionamento mais institucional e cordial. Parou de se envolver em polêmicas e ou a se focar na aceleração de pautas positivas, enquanto procura melhorar a relação com o próprio partido e expandir sua rede de alianças. O Novo já está com ele; o PP e outros partidos podem se juntar em breve. Ao mesmo tempo, tem vivido dias bem mais turbulentos no relacionamento com a Câmara Municipal. Realisticamente, até adversários de Pazolini reconhecem que ele tem tempo de sobra para chegar competitivo em 2024 e, no mínimo, avançar ao 2º turno, numa eleição que promete ser duríssima. Se lograr se reeleger, credencia-se como sério candidato à sucessão de Casagrande, por outra raia, à direita, como aposta do Republicanos. Do contrário, esse novo salto se fará bem menos provável, pois então ele estará sem mandato e em descenso político. Em 2026, terá 44 anos.

7. Euclério Sampaio (União Brasil)

Aliado leal e de primeira hora de Renato Casagrande, o prefeito de Cariacica construiu uma longa carreira na Polícia Civil, da qual é servidor aposentado, antes de entrar na política. À Assembleia, chegou em 2002, tendo praticamente emendado cinco mandatos, por diferentes partidos, no Legislativo Estadual. Nos primeiros dois governos de Paulo Hartung (2003-2010), foi um dos raríssimos deputados de oposição, com atuação marcada por algumas cenas pitorescas, como os episódios em que literalmente se amordaçou e em que rasgou um pedaço de seda em plenário. Já no primeiro governo de Casagrande (2011-2014), tornou-se aliado do governo, e assim se manteve. Com a volta de Hartung ao Palácio Anchieta, em 2015, voltou a frequentar a fileira dos opositores contáveis nos dedos. ou boa parte do mandato denunciando, da tribuna, supostas irregularidades praticadas em setores do governo, com ênfase para a Secretaria de Estado de Agricultura. Em 2019, a um ano da última disputa municipal, Euclério já profetizava, para incredulidade de muitos, que seria o prefeito seguinte de Cariacica: “Deus colocou isso em meu coração”. E teve mesmo êxito, em sua segunda eleição a prefeito – insolitamente, a primeira foi em Vila Velha, no distante ano de 2004. Em um pleito marcado por altíssima abstenção em Cariacica, número absurdo de candidatos (14) e expressiva pulverização dos votos, chegou ao 2º turno como o mais votado, com apenas 18,8% dos votos válidos; no 2º, derrotou a petista Célia Tavares, com 58,6%. Como prefeito, tem exercido um mandato assemelhado, em muitos aspectos, ao de Arnaldinho Borgo (Podemos), também integrante desta lista, em Vila Velha: com presença ostensiva nas redes sociais, tem buscado realizar muitas entregas e investimentos, vive um céu de veludo na relação com a Câmara Municipal e se vale da parceria política com o governo Casagrande, traduzida em investimentos na cidade. Em 2022, apoiou a reeleição de Casagrande e ainda conseguiu emplacar seu candidato a deputado federal, Messias Donato (Republicanos). Por ora, aparenta favoritismo para a reeleição no ano que vem. Se o confirmar, se cacifa para postular o Governo do Estado em 2026, por seu atual partido, o União Brasil, ou algum outro na faixa da direita, onde se situa (foi adepto do voto “Casanaro” em 2022). Terá 62 anos.

8. Helder Salomão (PT)

É alta a probabilidade de que o PT, na próxima eleição estadual, quebre um jejum que em 2026 completará 32 anos, lançando candidato próprio ao Governo do Estado. A última vez foi com Vitor Buaiz, em 1994. Se o Governo Lula estiver bem avaliado, crescem as chances; se o partido voltar à Prefeitura de Vitória, mais ainda. Se isso acontecer, dois nomes são mais cotados hoje. Um o à frente, encontra-se o deputado federal Helder Salomão, que no ano ado saiu muito fortalecido das urnas. Professor de Filosofia, Helder começou a militar politicamente nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da Igreja Católica. Após agem pela Câmara Municipal nos anos 1990, chegou à Prefeitura de Cariacica em 2004, na metade do primeiro governo Lula e num momento em que o PT estava em alta. Reelegeu-se com muita facilidade em 2008, completando oito anos de istração muito bem avaliada em pesquisas. Em 2014, inaugurou sua trajetória em Brasília, chegando à Câmara dos Deputados como o 5º mais votado (83.967 votos). Em 2018, renovou o mandato, como o 4º mais votado (73.384 votos). No ano ado superou a si mesmo e a todos, consagrando-se como o candidato mais votado a deputado federal: 120.337 votos. Para isso, em um cenário de extrema polarização entre Lula e Bolsonaro, contou muito a atuação parlamentar do deputado ao longo do seu mandato ado: de 2019 a 2022, Helder foi o único dos 10 federais do Espírito Santo a exercer um mandato de oposição assumida e aguerrida ao governo Bolsonaro. Na oposição solitária e inarredável, destacou-se como opção de voto não só entre eleitores petistas, mas também simpatizantes da esquerda geral e críticos do bolsonarismo. No mandato ado, foi presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Em 2026, com 62 anos, Helder poderá ser a grande aposta petista à sucessão de Casagrande. Isso, claro, se fizer um bom mandato, se a cúpula nacional do partido não tiver outros planos para o Estado e se ele conseguir vencer as disputas internas que costumam ser crudelíssimas no PT do Espírito Santo, não controlado por seu grupo atualmente.

9. Fabiano Contarato (PT)

Inspirador de amor ou ódio entre os eleitores capixabas, o professor de Direito Constitucional construiu uma notável trajetória como delegado da Polícia Civil, sobretudo nos muitos anos à frente da Delegacia Especializada em Delitos de Trânsito, pregando punições mais rigorosas aos crimes cometidos ao volante, o que lhe conferiu grande visibilidade na mídia e junto à opinião pública. Em 2014, num movimento confuso e frustrado, ameaçou entrar na política pelo PR (hoje PL) do senador Magno Malta, mas acabou desistindo da candidatura ao Senado pouco antes do início da campanha. Então tornou-se chefe do Detran no início do terceiro governo Paulo Hartung e, em seguida, corregedor-geral do Estado. Em 2018, “perdendo o medo”, decidiu fazer a transição definitiva para o meio político, candidatando-se enfim ao Senado, pela Rede Sustentabilidade, partido de esquerda conduzido então no Espírito Santo por Audifax Barcelos. Foi o campeão de votos no Estado, com mais de 1 milhão de sufrágios. Pesou muito a seu favor a fama de delegado intransigente na defesa do cumprimento e do endurecimento da lei, em uma eleição marcada como nenhuma outra na história do país pela busca dos eleitores por políticos não “profissionais” e, particularmente, representantes de forças de segurança pública, todos esses quesitos cumpridos por Contarato. Apesar de ter concorrido ao Senado por um partido de esquerda e de jamais ter se declarado apoiador de Jair Bolsonaro, muitos dos eleitores deste votaram também em Contarato, acreditando, por associação, que ele estaria ideologicamente alinhado com o capitão da reserva. As primeiras semanas de mandato foram suficientes para desfazer o (auto)engano. Em quatro anos marcados por embates com o então ministro da Justiça Sergio Moro, muitas críticas ao próprio Bolsonaro e uma série de ações no STF e outros tribunais com o objetivo de barrar medidas do governo nas áreas de meio ambiente, trânsito, armamento civil, direitos de minorias, entre outras, Contarato consolidou-se como uma das principais vozes de oposição ao governo no Senado. Para quem ainda duvidasse das inclinações ideológicas do senador, ele completou a mensagem filiando-se ao PT, em fevereiro de 2022 (“traição” suprema para muitos de seus eleitores ados). Chegou ao PT sendo anunciado e anunciando-se – sem tanta convicção assim – como pré-candidato a governador. Em julho, num acordo que envolveu alianças em outros estados, o PT anunciou coligação com o PSB e apoio à reeleição de Casagrande no Espírito Santo, retirando a pré-candidatura de Contarato, que entrou pessoalmente na campanha do governador, sendo visto em alguns eventos no 2º turno. Agora, com o retorno de Lula ao poder central e mais quatro anos de mandato, o delegado tornou-se líder do PT no Senado. É uma alternativa para o partido à sucessão de Casagrande em 2026. Terá 60 anos.

10. Erick Musso (Republicanos)

Mais jovem integrante desta lista, o neto do falecido prefeito de Aracruz Heraldo Musso também começou muito novo na política, seguindo os os do avô, de quem chegou a ser assessor na Assembleia. Aos 24 anos, elegeu-se para o primeiro mandato, como vereador de Aracruz, e já chegou presidindo a Câmara em 2013. No ano seguinte, chegou ao primeiro mandato na Assembleia. No primeiro biênio na Casa, foi vice-líder do então governador Paulo Hartung. No início do segundo biênio, em fevereiro de 2017, com apoio velado de Hartung, chegou à presidência do Poder, desbancando a lenda viva Theodorico Ferraço. Foi o início da Era Erick na Assembleia. Reconduzido pelos colegas em 2019 e de novo em 2021, permaneceu por seis anos na presidência. O período foi marcado por medidas tomadas por Erick que o levaram a concentrar muitos poderes até então partilhados com os outros membros da Mesa Diretora. Também foi marcado por um relacionamento político oscilante com Renato Casagrande, que voltou ao Palácio Anchieta em 2019, com ele já no comando da Assembleia. Erick sempre assegurou a governabilidade para Casagrande e nunca deixou de pautar projetos prioritários do Executivo. Porém, em novembro de 2019, no que o governo considerou uma puxada de tapete, o presidente da Assembleia antecipou em mais de um ano a própria reeleição – depois anulada. Em entrevista à coluna este ano, o próprio Erick itiu que foi um erro. Em disputas ao Poder Executivo, Erick concorreu sem sucesso, com o apoio declarado de Hartung, à Prefeitura de Aracruz em 2016. Em 2021, ou para a oposição a Casagrande e, no ano seguinte, lançou pré-candidatura ao Palácio Anchieta por seu partido, o Republicanos, declarando-se oposicionista. Em julho, porém, anunciou sua mudança de planos. Sem crescer nas pesquisas, tornou-se candidato a senador. Com mais de 300 mil votos, chegou em 3º lugar, atrás do eleito Magno Malta (PL) e da não reeleita Rose de Freitas (MDB). Pela primeira vez sem mandato em uma década, Erick assumiu a presidência do Republicanos no Espírito Santo, no lugar de seu mentor, Roberto Carneiro. À frente da sigla, tem se aproximado de outros partidos de direita, como o PL e o PP. Se Pazolini se reeleger em Vitória no ano que vem e permanecer no Republicanos, é o favorito para ganhar o carimbo de candidato da sigla ao Palácio Anchieta em 2026. Se não, Erick pode surpreender. Possivelmente estará sem mandato, mas já provou que não lhe faltam ambição e capacidade de articulação nos bastidores. Terá 39 anos.

Confira aqui os cinco primeiros nomes da nossa lista.