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Coluna Vitor Vogas

MDB: disputa à vista entre os grupos de Hartung e Casagrande

A trama que está sendo rascunhada é de nova luta interna no partido hoje presidido por Rose no ES. Coluna apresenta um teaser da nova novela das 15h

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Da esquerda para a direita: Paulo Hartung, Rose de Freitas, Renato Casagrande e Ricardo Ferraço

A julgar por um conjunto de indícios, uma novela se avizinha no MDB-ES. “Novela” vem do francês “nouvelle”, que significa “nova”… mas a novela neste caso não é nova. Está mais para o novo capítulo de uma novela exibida há muito tempo, o remake de um folhetim clássico ou uma reprise em “Vale a Pena Ver de Novo”.

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Presidente estadual do MDB desde princípios de 2021, a ex-senadora Rose de Freitas tem mandato à frente da Executiva Estadual Provisória até o dia 21 de setembro. Não está excluída a permanência de Rose no cargo, mas, enquanto se aproxima o fim do seu atual mandato, grupos políticos diversos (e antagônicos) se movimentam para chegar (ou voltar) ao comando do partido no Espírito Santo, com destaque para o do governador Renato Casagrande (PSB) e o do ex-governador Paulo Hartung (sem partido).

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O grupo do atual governador é representado nessa operação pela própria Rose, cuja eventual permanência favorece Casagrande, e pelo vice-governador Ricardo Ferraço (PSDB). Os três hoje estão do mesmo lado do tabuleiro político capixaba. Jogando no time de Casagrande desde a eleição estadual de 2018, Ricardo foi convidado pessoalmente pelo presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, deputado federal por São Paulo, para retornar às fileiras do partido. Ouviu o mesmo convite de Rose, como confirma a própria ex-senadora.

Ricardo era filiado ao MDB quando exerceu o cargo de vice-governador pela primeira vez, no segundo governo Paulo Hartung, de 2007 a 2010. Também pelo MDB, elegeu-se senador em 2010 e exerceu a maior parte do seu mandato no Senado pelo partido de centro, até se filiar ao PSDB em 2016. Em 2021, trocou o PSDB pelo DEM, fundido ao PSL para formar o União Brasil no fim daquele ano.

Em março do ano ado, Ricardo voltou para o PSDB e ajudou a levar os tucanos para a coligação de Casagrande, a qual também contou com o MDB de Rose. Na eleição majoritária de 2022, os três estiveram juntos. Assim como Casagrande, Ricardo apoiou a reeleição de Rose para o Senado, mas ela acabou derrotada por Magno Malta (PL).

Em paralelo, o grupo do ex-governador Paulo Hartung se articula com o mesmo objetivo. Eleito governador pelo MDB em 2006 e 2014, ele deixou a sigla nos estertores de seu último governo, no fim de 2018, e está sem partido desde então. Recentemente, porém, também foi convidado para retornar ao MDB pelo presidente nacional da legenda, Baleia Rossi. O convite foi feito pessoalmente, no escritório de Hartung na capital paulista.

Histórico aliado de Hartung, o ex-deputado federal Lelo Coimbra continua firme no MDB e pode entrar na disputa pela sucessão de Rose, como representante desse grupo hartunguista, que pode buscar no MDB um abrigo sólido para se reorganizar, após a dispersão dos últimos anos – César Colnago, por exemplo, já se filiou ao partido.

Lelo foi presidente do MDB por muitos anos no Espírito Santo. Sua era no comando do partido no Estado coincide, basicamente, com a segunda agem de Hartung pelo MDB, de 2005 a 2018. Sem perfil nem disposição para atividades de organização partidária, Hartung delegava essa tarefa ao aliado e então deputado, que se encarregava de representá-lo como líder do MDB-ES.

Após a desfiliação de Hartung e o fim do seu último governo, o MDB-ES mergulhou numa guerra política e jurídica entre Lelo e o também ex-deputado federal Marcelino Fraga, até que a Executiva Nacional interveio na direção local e nomeou Rose de Freitas como presidente do órgão diretivo provisório, no início de 2021.

No período preparatório para as eleições de 2022, o MDB sofreu muitas baixas, incluindo muitos antigos aliados de Hartung, que migraram para outras legendas. Lelo, por sua vez, preferiu permanecer no MDB, apostando, como observado aqui no ano ado, em um péssimo resultado eleitoral do partido sob a direção de Rose – confirmado nas urnas – e na possibilidade de assumir o espólio partidário da ex-senadora.

Tudo isso, é claro, ainda está muito no campo especulativo, mas é fato que temos, de um lado, a possibilidade de retorno de Ricardo Ferraço, aliado de Casagrande; do outro, a possibilidade de retorno de Hartung e do grupo político liderado pelo ex-governador.

Caberão os dois grupos no MDB? Não me parece. A sinopse que está a se esboçar é de nova luta interna. Aguardemos, pois, as cenas dos próximos capítulos.