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Coluna Vitor Vogas

As posições de Evair em face dos governos Lula, Casagrande e Pazolini

Em entrevista ao EStúdio 360, deputado enumera críticas à istração de Casagrande, diz que o PP não entrará na base de Lula e que o partido já faz parte “há muito tempo” da gestão de Pazolini. Confira as principais declarações

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Evair de Melo na Câmara dos Deputados

O deputado federal Evair de Melo (PP) quer ser candidato a governador do Espírito Santo em 2026. Foi o que ele mesmo reiterou em entrevista ao EStúdio 360, telejornal da TV Capixaba, na última segunda-feira (28). “Estou me preparando para estar pronto para apresentar meu nome e disputar o cargo de governador em 2026.”

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Abaixo, apresento alguns dos principais trechos da entrevista de Evair ao EStúdio 360, bastante focada no PP e nas relações dele mesmo e do partido, por vezes dissonantes, com os governos Lula no Brasil (opositor ferrenho), Casagrande no Espírito Santo (crítico mordaz) e Pazolini em Vitória (aliado e apoiador declarado).

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A relação com o governo Casagrande

Para viabilizar sua candidatura ao Palácio Anchieta em 2026, Evair procura se consolidar como expoente capixaba no campo da direita bolsonarista e “um dos mais ferrenhos líderes da oposição” ao governo Lula (PT) no Congresso Nacional, como ele mesmo se declara.

Curiosamente, ao contrário do que faz em relação ao governo Lula no país, Evair prefere não se declarar abertamente opositor ao governo de Renato Casagrande (PSB) no Espírito Santo. Sua explicação para isso é que, no momento, ele precisa se concentrar na oposição em Brasília, que já lhe toma muito tempo e energia política. “Minha pauta hoje é federal.”

Isso porém não impede o deputado, de modo algum, de manter uma posição extremamente crítica à istração de Casagrande – até por encará-la como uma istração de esquerda, a qual, na lógica do “nós contra eles”, está no campo oposto ao dele.

As críticas do “não opositor” compareceram ao longo de toda a sua entrevista ao EStúdio. A maior delas tem justamente um fundo ideológico: para Evair, o governo Casagrande busca escamotear seu “esquerdismo”, praticando “de maneira acobertada” políticas típicas de governos de esquerda, em algumas secretarias.

“Se você pegar a pauta da Secretaria de Educação, a da Secretaria de Saúde ou a da Secretaria de Assistência Social, como o governo Casagrande sabe que o Estado é de direita, ele faz isso de uma forma acobertada. Mas, desde o governo anterior, a segunda gestão do Casagrande, as pautas dessas secretarias você percebe que têm sempre um viés disfarçado para levar a sociedade para isso que nós chamamos de esquerda brasileira. Ele faz um discurso da direita, mas a prática pedagógica do governo é de esquerda. Até essa forma de apresentação das obras públicas, do governo que é pai de tudo, do Estado que faz tudo e que é todo-poderoso, isso é uma estratégia histórica dos governos de esquerda. O governo é o pai de tudo, e as pautas internas que às vezes am despercebidas sempre levam para esse arranjo ideológico dos partidos de esquerda.”

Evair também reserva críticas à performance do governo Casagrande:

“É claro que ele, inteligentemente, fez uma adaptação de discurso agora para esse seu novo mandato. Já é o seu terceiro mandato. O custo de aprendizagem do Casagrande na área de gestão foi muito caro para os capixabas. Percebe-se que o terceiro mandato, é preciso reconhecer, está muito mais resolutivo, mas já deveria ser assim desde o primeiro. Por isso digo da importância de estar se preparando para, ao chegar ao governo, não ter um custo de aprendizado, já chegar pronto para fazer as entregas que a população precisa.”

O PP no governo Casagrande

Apesar de todas as críticas de Evair, o PP faz parte do governo Casagrande, com lugar cativo no 1º escalão: desde 2019, o ex-deputado federal Marcus Vicente está à frente da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano (Sedurb). Mas não se dependesse do próprio Evair.

“Se eu fosse o presidente estadual do partido, certamente nós não estaríamos na gestão do Casagrande, até porque eu e a parte do partido que me acompanha não compactuamos com o modelo de gestão e com a forma de atuação que o governo tem.”

O mesmo vale, segundo Evair, em relação ao governo Lula: “Se eu tivesse a maioria do partido ou se eu fosse o presidente do partido, nós jamais teríamos deputados nossos apoiando o governo Lula”, afirma ele, destacando, contudo, a pluralidade do PP e o respeito da direção do partido às diferentes posições dos seus parlamentares.

Evair defende, porém, uma “depuração” do PP e dos outros partidos de direita. “É tempo de depuração. É preciso ter paciência, respeitar os atores políticos e fazer essa transição. Eu vou trabalhar sempre para que o Progressistas possa aos poucos ir se depurando, ir para a direita e não ter nenhum vínculo com partidos de esquerda.”

No entanto, o deputado reconhece não ter hoje maioria no PP do Espírito Santo para fazer vingar a tese de desembarque do governo Casagrande: “A turma que defende sair do governo hoje é minoria”.

O PP no governo Lula

Apesar das posições de Evair, o PP está em vias de entrar no governo Lula, ando a ocupar espaços privilegiados na máquina federal. O deputado capixaba relativiza essa “entrada”. Segundo ele, mesmo se ar a comandar ministérios e/ou poderosos órgãos federais, o PP não entrará oficialmente na base do governo.

“Acompanhando o presidente Ciro Nogueira, somos da ala contrária a que o partido vá para a base do governo Lula. O partido não vai fechar questão para ir para o governo, ou seja, o PP não vai para a base do Lula, mas vai permitir que alguns deputados filiados ao PP que queiram acompanhar o governo Lula… o partido não vai criar neste momento nenhuma punição interna. Mesmo se algum deputado for indicado para ser ministro, o PP não vai para a base do governo Lula.”

A relação com o governo Pazolini

Elogiando muito a istração de Lorenzo Pazolini (Republicanos) em Vitória, Evair reitera seu apoio pessoal à reeleição do prefeito em 2024 e diz trabalhar para levar também o PP a apoiar oficialmente a renovação do seu mandato: “Já fiz minha manifestação de apoio a Pazolini, antes inclusive do meu partido. Já fiz a manifestação pessoal e estou trabalhando para que o partido possa estar no seu palanque em 2024”.

O deputado não vê incompatibilidade entre essa tese e o fato, insisto, de o seu partido fazer parte do governo Casagrande, adversário político do prefeito de Vitória.

“Acho que isso não tem relação direta com a prefeitura. Nós temos independência, estamos num processo de reorganização do partido aqui no Estado, de marcar as nossas novas posições. Eu não vejo antagonismo nenhum nisso. O PP está se preparando para ser protagonista. Portanto, ele faz essa arrumação, faz essa organização. Estamos ajudando, sim, o Pazolini. Nossos deputados, incluindo eu e o Da Vitória, somos colaboradores do mandato dele. A questão é criar um ambiente político para que o Pazolini possa ser reeleito e continuar nesse trabalho que nós reconhecemos e respeitamos como um trabalho extraordinário em Vitória.”

O PP no governo Pazolini

Sobre a nomeação do jornalista e músico Edu Henning, em agosto, como novo secretário de Cultura de Vitória, Evair afirma que a escolha do nome foi feita por Pazolini, levada pelo prefeito a ele e a Da Vitória e validada pelos dois deputados federais do PP.

“Naturalmente, como temos uma boa relação política, Pazolini consultou a mim e o deputado Da Vitória sobre o que achávamos dessa indicação. Ele perguntou se veríamos dificuldade nisso. Nós na verdade ficamos lisonjeados pelo prestígio que o prefeito nos deu de ter nos consultado sobre essa indicação.”

Segundo Evair, independentemente de indicações e participação ou não no secretariado municipal, o PP já faz parte da istração de Pazolini, “há muito tempo”.

“Nós já estamos há muito tempo [no governo Pazolini]. Às vezes a pessoa acha que estar num governo é ter um filiado do partido, é ter um nome partidário. Não. Estar num governo é apoiar as políticas realizadas, apoiar a gestão, dar a nossa contribuição. O PP tem colaborado muito. E o prefeito tem sido muito honrado com isso, uma vez que ele se senta com a gente, dialoga, nos escuta no dia a dia. Ou seja, nos sentimos empoderados pelo prestígio que o Pazolini tem nos dado e naturalmente nos sentimos também partícipes da sua boa gestão na Prefeitura de Vitória.”

Por que antecipar este debate?

Por que antecipar tanto assim sua largada na corrida rumo ao Palácio Anchieta em 2026? Afinal, precipitando assim o próprio lançamento, Evair fica muito mais sujeito a investidas de adversários. Sem falar que cada atitude sua daqui para a frente pode ar a ser associada a fins eleitorais. Evair nos dá a sua explicação, a qual traz embutida mais uma crítica a Casagrande:

“É importante antecipar este debate, para que a sociedade saiba que estamos nos preparando para, ao chegarmos ao Governo do Estado, já sabermos o que vamos fazer. É muito caro colocar alguém que não se preparou. Estamos vendo o exemplo claro aí. Por isso quero que os capixabas saibam que estou me preparando, me qualificando, estudando muito e trabalhando muito para apresentar o meu currículo em 2026 e quiçá os capixabas possam me dar a oportunidade de liderar este Estado com a transformação que ele precisa e merece.”