Política
Presidente da República Jair Bolsonaro testa positivo para covid-19
Em entrevista coletiva, presidente disse que seu resultado deu positivo
O presidente Jair Bolsonaro revelou nesta terça-feira, 07, que contraiu o novo coronavírus. O exame foi feito na última segunda-feira, 06, sem usar codinome para identificação. Os primeiros sintomas da doença, de acordo com o relato do presidente, começaram ainda no domingo. Bolsonaro, que tem 65 anos e faz parte do grupo de risco da doença, disse estar se sentindo bem após apresentar febre de 38ºC no dia anterior. Desde o início da pandemia, mais de 1,6 milhão de brasileiros foram contaminados pela covid-19.
Em entrevista a jornalistas de TVs no Palácio da Alvorada, o presidente afirmou que já iniciou o tratamento com hidroxicloroquina, medicamento que não tem eficácia comprovada contra a doença, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com Bolsonaro, o fato de não estar sofrendo com os sintomas mais graves da doença se deve ao uso precoce do medicamento. Na segunda-feira, Bolsonaro já havia feito um exame dos pulmões, no Hospital das Forças Armadas, e disse a apoiadores que estava “tudo limpo”.
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O presidente afirmou ainda ter cancelado seus compromissos previstos para os próximos 15 dias, mas que pretende continuar trabalhando da residência oficial. “Vou ficar despachando por videoconferência. E alguns papeis aqui.”O presidente já deu declarações polêmicas sobre a pandemia o vírus. Relembre.
Na entrevista, o presidente afirmou que já iniciou o tratamento com hidroxicloroquina, medicamento que não tem eficácia comprovada contra a doença. A hidroxicloroquina, na fase inicial, a chance de sucesso é 100%”, afirmou Bolsonaro, que tem defendido o uso amplo da substância em pacientes até como forma de prevenir a covid-19, o que não encontra respaldo entre médicos e especialistas. Segundo ele, o fato de não estar sofrendo com os sintomas mais graves da doença se deve ao uso precoce do medicamento.
Os primeiros sintomas da doença, de acordo com o relato do presidente, começaram ainda no domingo. No sábado, Bolsonaro foi a Santa Catarina sobrevoar área atingidas por um ciclone. Na ocasião,ele teve contato com autoridades locais. “Como tudo isso aconteceu. Começou domingo com uma certa indisposição e se agravou durante o dia de segunda-feira com mal-estar, cansaço, um pouco de dor muscular e a febre no final da tarde chegou a bater 38 graus (Celsius). Daí, com o médico da Presidência e com os sintomas apontando para a covid-19, fomos fazer uma tomografia no Hospital das Forças Armadas, aqui em Brasília, e os pulmões estavam limpos. Não tinha nado de opaco, mas diante dos sintomas a equipe médica resolveu fazer o teste”, afirmou.
Na segunda-feira, Bolsonaro já havia feito um exame dos pulmões, no Hospital das Forças Armadas, e disse a apoiadores que estava “tudo limpo”. Mesmo com a suspeita de estar com a doença – confirmada hoje – ele se aproximou das pessoas e tirou fotos com quem estava em frente ao Palácio da Alvorada. O presidente usava máscara e disse que não podia ter contato muito próximo.
Ministros também fazem exames para coronavírus
Assessores do presidente que se reuniram com ele também fizeram exames para coronavírus. Foi o caso dos ministros Braga Netto (Casa Civil), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). Eles fizeram o teste rápido, que detecta a presença de anticorpos para o vírus no sangue, mas que só são identificáveis a partir do sétimo dia do surgimento dos sintomas da infecção.
Outros testes para covid-19
O presidente, que já chamou a doença de “gripezinha” e disse ser resistente por ter “histórico de atleta”, já havia realizado três testes para detectar a covid-19. Os exames foram feitos em março, após Bolsonaro voltar de viagem oficial aos Estados Unidos, onde se encontrou com o presidente Donald Trump. Pelo menos 23 pessoas da comitiva brasileira foram diagnosticadas pela doença.
Na ocasião, Bolsonaro anunciou que os resultados foram negativo, mas se recusou a mostrar os exames. Os documentos foram divulgados depois de o Estadão entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF), para obrigar que informação fosse divulgada para a sociedade brasileira em nome do interesse público em torno da saúde do presidente.
A defesa do presidente entregou três exames. Dois deles, feitos no laboratório Sabin, estavam registrados em nome de outras pessoas, mas continham o F e a data de nascimento de Bolsonaro.
Um terceiro, feito pelo laboratório Fiocruz, continha apenas “Paciente 05” como identificação, sem nenhum outro dado. O presidente disse que utilizou “codinomes” para fazer os testes e os laboratórios disseram não ter como comprovar que as amostras eram mesmo de Bolsonaro.
Desta vez, segundo imagem do exame divulgado pela CNN Brasil, o presidente utilizou o próprio nome.
Até segunda-feira, 6, o Brasil registrou 1.626.071 casos e 65.556 mortes pelo novo coronavírus, de acordo com dados do consórcio composto pelo Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL.
Bolsonaro critica governadores e prefeitos
Mesmo após confirmar ter sido um dos contaminados pela doença, Bolsonaro manteve o discurso crítico a medidas tomadas por governadores e prefeitos para tentar conter a disseminação do coronavírus.
“Eu fui muito criticado pela minha posição no ado. O objetivo final do isolamento social não é dizer que você não vai contrair o vírus, é fazer com que esse vírus fosse diluído ao longo do tempo para evitar que houvesse um acúmulo em hospitais por falta de leitos de UTIs ou respiradores”, disse o presidente, que por diversas vezes desrespeitou orientações de organismos de saúde ao participar de manifestações e promover aglomerações em eventos que participou.
“Todo mundo sabia que mais cedo ou mais tarde ia atingir uma parte considerável da população. Eu, por exemplo, se não tivesse feito o exame não saberia do resultado, e ele acabou de dar positivo”, afirmou.
Com quem Bolsonaro se reuniu
Segundo a agenda oficial, o presidente esteve com seis ministros e um secretário especial na segunda-feira, 6. Alguns assessores, como os ministros Jorge Oliveira (Secretaria-Geral) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), também realizaram o exame e despacharam no Palácio do Planalto nesta terça-feira. Bolsonaro tinha uma audiência agendada com Ramos no Palácio do Planalto, às 15 horas.
As reuniões na segunda-feira foram com Paulo Guedes (Economia), Braga Netto (Casa Civil), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral) e Levi Mello (Advocacia-Geral da União). A última agenda ocorreu às 16h40 com o secretário especial de Cultura, Mário Frias.
O líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL- GO), também se reuniu com Bolsonaro, mas em um encontro reservado fora da agenda. O parlamentar aguardava os resultados do exame do presidente para se submeter a um teste. Major Vitor Hugo e Bolsonaro almoçaram juntos no Palácio do Planalto em um encontro fora da agenda. O parlamentar entrou na lista de cotados para o Ministério da Educação.
Encontro com o embaixador dos EUA
No sábado, 4, Bolsonaro foi à residência do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Todd Chapman, com ministros e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República. Ele não usou máscara e se confraternizou com abraços, de acordo com imagens divulgadas pela Presidência da República. Na sexta-feira, 3 houve um almoço no Palácio da Alvorada com ministros e empresários – também com apertos de mão, abraços e sem máscara.
