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Coluna Vitor Vogas

Cinco falhas e fatos inacreditáveis no sistema de divulgação dos candidatos

Falhas humanas bizarras, desatenções de quem preencheu os pedidos de registro e alguns fatos verdadeiros (mas pra lá de inusitados)… Tem de tudo lá no banco de dados do site do TSE!

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É difícil acreditar, mas realmente está tudo lá, no DivulgaCand, o banco de dados do site oficial do TSE pelo qual qualquer cidadão pode ter o a informações sobre os milhares de candidatos que querem disputar as eleições gerais deste ano.  Entre falhas humanas bizarras, desatenções de quem preencheu os pedidos de registro e alguns fatos verdadeiros (mas pra lá de inusitados), a coluna preparou uma seleção de “5 falhas ou fatos inacreditáveis no sistema de divulgação das candidaturas”, referentes ao Espírito Santo. Confira e divirta-se:

1) A Candidata Clone

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Partido do candidato ao Senado Erick Musso, o Republicanos responde por um dos casos mais insólitos desta eleição em matéria de registros de candidaturas: a “clonagem” de uma candidata.

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A a Bruna Rafhaela Mattos Ferreira Martins, 37 anos, foi registrada duas vezes pelos dirigentes do partido, para concorrer a dois cargos eletivos diferentes: deputada federal (com o nome de urna de Bruninha Piu) e segunda suplente de Erick na corrida ao Senado (com um nome de urna mais austero: Bruna Rafhaela).

A “dupla candidatura” consta no DivulgaCand e pode ser comprovada por qualquer cidadão. Não foi pane no sistema ou algo assim: é realmente a mesma pessoa. Além da foto e dos dados pessoais inseridos no sistema, os documentos constantes nos dois processos de registro de candidatura são os mesmos, incluindo a carteira nacional de habilitação.

Nesta sexta-feira (19), o próprio Erick respondeu que Bruna Rafhaela permanecerá como sua segunda suplente. Já o advogado do Republicanos, Rafael Teixeira de Freitas, respondeu-nos que a a inicialmente pretendia concorrer como deputada federal, mas desistiu em razão do convite para ser segunda suplente de Erick.

O Republicanos manifestou formalmente à Justiça Eleitoral o interesse na desistência da candidatura de Bruna Rafhaela a deputada. Nesta sexta, o pedido foi acolhido. Ela agora é, oficialmente, apenas 2ª suplente na chapa do presidente da Assembleia. Meno male!

2) O Ministério da Saúde adverte: ser candidato rejuvenesce a pessoa

É normal algumas pessoas, depois que am de certo “tempo de vida”, começarem a mentir a própria idade. Porém a ex-vereadora de Cachoeiro de Itapemirim Renata Fiório “exagerou um pouco” – ou seu partido exagerou por ela, ao solicitar à Justiça Eleitoral o seu registro de candidatura.

Brincadeiras à parte, Renata é candidata a deputada federal pelo Progressistas (PP). Em seu cadastro no DivulgaCand, o cidadão vai ler que ela nasceu no dia 14 de abril de 1994.

Isso daria à candidata apenas 28 anos… idade bem, bem distante dos 44 que ela efetivamente possui.

Procurada pela coluna nesta sexta (19), Renata atribuiu o mal-entendido a um possível erro de digitação. Explicou que a data que consta erroneamente como a do seu nascimento é, na realidade, a da expedição de sua carteira de identidade (quando ela tinha 15 anos). E esclareceu que apresentaria uma petição ao TRE solicitando a correção do seu cadastro.

Ela de fato assim fez: a petição já está lá no DivulgaCand, solicitando a correção da data.

Depois dessa, porém, com certeza vai ter muita gente querendo ser candidato só para ficar mais jovem…

3) O Partido das Donas de Casa

Sem a menor chance de êxito nas urnas, o pequeníssimo DC lançou oito candidatos a deputado federal no Espírito Santo. “DC” é sigla para Democracia Cristã. Mas poderia perfeitamente significar Dona de Casa.

Dos oito candidatos a deputado federal do partido nanico, quatro são mulheres. Três delas são donas de casa, ocupação declarada nos respectivos registros de candidaturas: Cleide Valverde (59), Cleidiane Oliveira (34) e Evanilza Souza (48).

As três declararam ser casadas e ter o ensino médio completo.

Nenhum dos oito candidatos da chapa do Partido da Dona de Casa, aliás Democracia Cristã, foi além do ensino médio.

4) Falando nisso, e o “donA de casa”?

Absolutamente nada contra homens que assumem ocupações tradicionalmente associadas a mulheres, e vice-versa. Mas esse não parece ser o caso e, no mínimo, faltou aí uma concordância de gênero.

Candidato a deputado federal pelo caótico Partido Renovador da Ordem Nacional (Pros), o senhor Geremias Fernandes de Oliveira, 65 anos, natural de Vitória, foi registrado no sistema como “dona de casa”. Assim mesmo: donA de casa.

Além da falta de concordância, o nome de urna do candidato sugere que ele não é, ou pelo menos não era, exatamente “do lar” – a menos que se preocupe bastante com a “saúde doméstica”.

Ele vai concorrer a federal como Geremias da Saúde.

5) “Coligação Neivaldo Bragato”

Todo mundo viu. Muita gente comentou… A coligação de Guerino Zanon ao governo estadual (formada por PSD, DC e PMB) foi registrada assim no site do TSE: “Neivaldo Bragato”. Tudo bem que Bragato é um personagem político importante – atualmente é o presidente estadual do PSD de Guerino –, mas convenhamos: não a ponto de emprestar seu nome para a coligação liderada pelo ex-prefeito de Linhares.

Por evidente, o nome desejado não era esse e resultou de falha humana no preenchimento do cadastro – talvez motivada pela urgência com que a chapa de Guerino foi registrada, no limite do prazo regulamentar das 19 horas da última segunda-feira (15).

A assessoria de imprensa de Guerino informou que o nome verdadeiro da chapa é “O Espírito Santo Merece Mais” e explicou, logo na terça-feira (16), que “houve erro material no envio de parte dos dados do candidato”.

Ainda na terça, o PSD fez a correção imediata do cadastro, conforme prevê a legislação. “As alterações técnicas em nada interferem no processo de homologação da chapa”, completou a assessoria do candidato. O nome da coligação já aparece corretamente no sistema.

De todo modo, a tal “Coligação Neivaldo Bragato” gerou certa confusão até entre membros do PSD. Um candidato do partido entrou em contato comigo na manhã desta sexta perguntando: “Por que o nome de Bragato aparece aí? Será que pode haver uma mudança na chapa dentro de um prazo legal?”

Calma, gente! Só trocaram as bolas mesmo e pam o nome do presidente onde deveriam ter preenchido o nome da coligação. Segue o jogo!

Adendo: reeleição?!?

Como se confusão fosse pouca, ainda consta lá no sistema que Guerino é candidato à reeleição…

 

 

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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