Dinheiro
Por que os alimentos estão tão caros e devem subir ainda mais?
Aumento no valor dos insumos para produção de alimentos eleva preço; guerra entre Rússia e Ucrânia também impacta. Entenda!

Alimentos. Foto: Pixabay
Na semana ada o preço da cenoura deu o que falar quando chegou a R$ 20 o quilo. Nas redes sociais são frequentes as publicações de uma compra que não cabe em duas sacolas e supera os R$ 100. Quem vai ao supermercado percebe bem como os preços dos alimentos só tem aumentado.
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E, ao contrário da expectativa inicial, a previsão é que eles subam ainda mais no decorrer de 2022. A líder regional da XP, Cecília Entringer Perini, explica que já vínhamos num processo de alta nos preços do ano ado, como dos combustíveis e de grãos – como milho, soja e trigo.
Com o aumento das taxas de juros ao longo de 2021 e, neste início de ano, a expectativa do mercado era de que os preços fossem normalizar, mas a guerra entre a Rússia e Ucrânia acabou impedindo essa redução.
Ela explica que o conflito acaba tendo impacto direto na produção de alimentos no Brasil porque dos fertilizantes usados no Brasil nas produções de trigo, soja e milho e outros, 23% vêm da Rússia, que também é a segunda maior produtora de petróleo no mundo. As sanções aplicadas à Rússia fazem o preço do combustível aumentar, o que acaba refletindo em todas as áreas da economia.
“No caso dos alimentos, além dos produtos da agricultura, da produção da ave, boi e carne ficam mais caras porque depende das rações, que tem como milho e soja seus principais componentes. Com a menor oferta de fertilizantes, tudo o que depende deles vai acabar ficando mais rápido”, explica.
No Espírito Santo, a relação comercial direta com a Rússia tem percentual pequeno, mas em função da alta dos preços mundial do milho, a ração fica mais cara e, com isso, o preço da ave tende a subir. No Estado, que tem grande produção de ovos principalmente em Santa Maria de Jetibá, isso também deve impactar no custo de produção, em um setor que já trabalha com margem menor de lucro, explica Cecília. E além disso, até o preço do pãozinho deve subir, assim como outros produtos que derivam do trigo.
Impactos na Ceasa
No caso dos alimentos produzidos nos campos, no Espírito Santo, a alta nos insumos já tem inflacionado no valor de produtos que deveriam estar com o preço mais em conta nesta época do ano. É o caso do tomate, por exemplo, que era para estar barato e ter muita quantidade na Ceasa, mas desde dezembro é comercializado com valor mais alto do que o normal. Segundo o subgerente técnico da Ceasa, Eriko Siqueira, o custo de produção subiu muito.
Ele explica que, há cinco meses, um saco de insumo usado na produção que custava R$ 80 ou para R$ 220, o que acaba refletindo no preço. Outro impacto na produção é o valor da energia. Com a energia e insumos mais caros, Siqueira diz que os produtores acabam tendo mais cautela na produção, para evitar perdas e prejuízos. “Tem produtor que chega a plantar 50 mil pés de tomate e pode perder 90% deles. É um prejuízo de mais de R$ 50 mil, um baque muito grande para o produtor, por isso a cautela, o que acaba reduzindo a oferta dos produtos e aumentando os preços”, detalha.
