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Dia a dia

Transporte de animais em ônibus, só com fiscalização

População teme que a aprovação de projeto de lei sobre o transporte de pets para consultas veterinárias dentro do Transcol cause transtornos

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Para ageiros de ônibus da Grande Vitória, o transporte de animais dentro do Transcol – proposto em projeto de lei de autoria da deputada Janete de Sá (PMN) – precisa ser fiscalizado, caso vire lei, para evitar transtornos e incômodos aos demais usuários. O projeto tramita na Assembleia Legislativa desde abril e tem como objetivo facilitar o transporte de animais domésticos para consultas veterinárias, mas vale somente para pets com peso máximo de 10 quilos e que sejam levados fora dos horários de pico.

A proposta também prevê que o animal precisa estar dentro de um “contêiner de fibra de vidro ou material similar” e, em caso de agendamento cirúrgico, ter comprovante assinado pelo veterinário responsável.

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Em Vitória, um projeto de lei semelhante tramita na Câmara de Vereadores e tem como objetivo permitir o transporte nos ônibus municipais.

O Metro ouviu usuários do transporte coletivo nas ruas, ontem, e a maioria afirma ser a favor da medida, mas questiona a falta de espaço dentro dos coletivos e fala do receio de transmissão de doenças, por exemplo. “Desde que seja um animal de pequeno porte e esteja devidamente vacinado, até concordo. Mas tem que haver fiscalização para conferir essa documentação”, diz a estudante Izabelle Chaves, 18 anos.

O cozinheiro Bruno Márcio, 33 anos, também defende que é preciso comprovar as imunizações. “Tem que ter um laudo veterinário e as vacinas em dia. Se liberar (o transporte) para casos de necessidade, sou a favor, mas não para ear. Tem que ser uma exceção”, diz.

Para a auxiliar de serviços gerais Maria Aquino, 45 anos, também é preciso ter cuidado com o comportamento dos animais. “Alguns cães são agressivos e latem muito. É uma situação muito complicada permitir que eles andem de ônibus”, diz.

O técnico de enfermagem Alan Luiz Fagundes Nogueira, 22 anos, lembra, ainda, que algumas pessoas têm alergia ao pelo de animais e até trauma. “De modo geral, não vejo problema de levar o animal no ônibus, mas há pessoas que não podem conviver com eles. Quem vai transportar precisa ter bom senso”, diz.

A Ceturb (Companhia Estadual de Transportes Coletivos do Estado) foi procurada para falar do projeto, mas disse que não vai comentar. Já o GVBus (Sindicato das Empresas de Transporte), informou que não foi procurado para contribuir com as discussões do projeto e que, como diz respeito à legislação, cabe à Ceturb responder.

ONG questiona projeto

Criado com o objetivo de facilitar o transporte de animais domésticos para realização de consultas e cirurgias veterinárias, o projeto de lei 309/2019, de autoria da deputada Janete de Sá (PMN), pode não ter efetividade para quem precisa desse transporte. É o que explica a presidente da Sopaes (Sociedade Protetora dos Animais do Estado), Regina Mazzocco. Uma das condições para o transporte, de acordo com o projeto, é que o pet pese, no máximo, dez quilos.

“Animais de até dez quilos, porém, normalmente, são poodles e yorkshires. Mas um vira-lata, por exemplo, pesa em média 14 quilos. Quem precisa, de fato, desse transporte tem cães maiores. O projeto de lei acaba sendo ineficaz, porque não atende ao que se propõe”, critica Mazzocco.

Regina também pondera que seria necessário orientar motoristas e cobradores a checar o documento de vacinação do animal para que ele embarcasse no ônibus. Questiona, ainda, a restrição de transporte nos horários de pico. De acordo com a proposta, os animais não podem ser transportados nos dias úteis, das 7h às 10h e das 17h às 20h.

“Mas o animal não escolhe a hora que vai ar mal. É preciso ouvir quem depende do serviço para que a lei atenda a quem vai utilizá-la”, explica.

O projeto também estabelece que o translado do animal deverá ocorrer “sem prejudicar a comodidade e segurança dos demais ageiros e não comprometer e ou causar qualquer alteração no regime de funcionamento da linha”.

Uma alternativa para garantir essa segurança, segundo Regina, é a criação de um espaço separado nos coletivos ou assentos específicos para o transporte de pessoas com animais. “É possível encontrar alternativas. O que importa é ter uma lei que possa ser cumprida e que tenha efetividade”, explica.