Dia a dia
Sebrae: 87% dos pequenos negócios do ES não conseguiram crédito
Pesquisa aponta que maioria dos pequenos negócios não conseguiu empréstimo ou está aguardando resposta dos bancos para financiamento
A pandemia do coronavírus provocou a interrupção das atividades de muitas empresas, de variados portes. Para tentar amenizar o impacto nos negócios, os governos estadual e federal lançaram variadas linhas de créditos a juros mais baixos para auxiliar os empresários. Mas esses empresários têm encontrado muitas dificuldades para ter o a esses financiamentos. É o que aponta uma pesquisa realizada pelo Sebrae, em parceria da Fundação Getúlio Vargas. Ela apontou que 87% dos empreendedores do Espírito Santo tiveram o empréstimo negado ou ainda estão com seus pedidos “em análise”. Apenas 13% dos que solicitaram crédito tiveram sucesso. O número do estado é praticamente igual ao registrado no país: a pesquisa identificou que 86% dos negócios estão tendo dificuldade no o ao crédito.
A pesquisa, realizada entre 30 de abril e 5 de maio, ouviu 250 microempreendedores individuais (MEI) e donos de micro e pequenas empresas no Espírito Santo. O levantamento do Sebrae confirma uma tendência já identificada em outras pesquisas, de que os donos de pequenos negócios têm – historicamente – uma cultura de evitar a busca de empréstimo. Mesmo com a queda acentuada no faturamento, 62% não buscaram crédito no começo da crise. Dos que buscaram, 93% o fizeram em instituições bancárias. Entre as fontes alternativas, as mais citadas foram empréstimo em entidade de microcrédito, empréstimo em cooperativas de crédito e parentes e amigos.
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> Empresário capixabas relatam dificuldade para obter crédito
Para o superintendente do Sebrae/ES, Pedro Rigo, o que a pesquisa identificou junto aos empresários é o retrato do que está acontecendo. “O sistema financeiro está retraído, escolhendo somente clientes com histórico dentro da instituição para conceder o crédito. Uma dura realidade que os pequenos empresários estão enfrentando em meio à pandemia, com elevadas taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras, o excesso de burocracia em todos os casos ou a incapacidade de as pequenas empresas atenderem às exigências feitas pelos bancos”, comenta.
O Sebrae trabalha para ampliar o volume de instituições parceiras para a operação do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe). “Aqui no Espírito Santo contamos com a Caixa Econômica em uma linha de crédito, estamos finalizando as tratativas junto ao Sicoob para que ele possa operar também o Fampe e aguardamos o Banco do Brasil, que já operou e agora foi autorizado pelo Sebrae a voltar operar com o Fundo”, explica Pedro Rigo.
Segundo o superintendente, em 10 dias de operação do convênio firmado com a Caixa para a concessão de crédito assistido, com recursos do Fampe, foram realizadas 58 operações e concedidos R$ 5,9 milhões em crédito para pequenos negócios capixabas.
Comportamento dos pequenos negócios

Saiba quais estabelecimentos comerciais poderão abrir a partir desta segunda. Foto: Reprodução
A pesquisa revelou que as medidas de isolamento recomendadas pelas autoridades de saúde atingiram a quase totalidade dos pequenos negócios. 47% interromperam as atividades, pois dependem do funcionamento presencial. Outros 26,5% mantêm funcionamento com auxílio de ferramentas digitais e 15% mantêm funcionamento, apesar de não contar com estrutura de tecnologia digital. Apenas 11,5% conseguiram manter a operação sem alterações, por outras razões, entre segmentos listados como serviços essenciais.
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Com relação ao faturamento do negócio, a maioria dos donos de pequenas empresas (90,5%) apontou uma queda na receita mensal. 6% não perceberam alteração de faturamento, apenas 1% conseguiu registrar aumento de receita no período e 2,5% não quiseram responder.
Para tentar superar esse momento, as empresas estão lançando mão de diferentes recursos. Para 30% delas, a alternativa foi ar a realizar vendas online, com o uso das redes sociais. 15% disseram ter começado a gerenciar as contas da empresa por meio de aplicativos e 6% aram a realizar vendas online por aplicativos de entrega.
Quanto à gestão dos recursos humanos das empresas, apenas 2% dos entrevistados revelaram que tiveram de demitir funcionários nos últimos 30 dias, em razão da crise. 23% das empresas com empregados suspenderam o contrato de funcionários; outros 23% deram férias coletivas; 16% reduziram a jornada de trabalho com redução de salários; e 10% reduziram salários com complemento do seguro-desemprego; alternativa permitida pela MP 936.
