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Dia a dia

Moradores reclamam de tráfico, trânsito e lixo na Ilha do Frade

Além disso, há a presença desordenada de ambulantes. Local é uma área de preservação ambiental é um dos principais pontos turísticos da Grande Vitória

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A Ilha do Frade faz parte de uma Área de Preservação Ambiental (APA) marinha. Foto: Divulgação Google

O aumento do número de banhistas, principalmente nos fins de semana, tem deixado um rastro de sujeira e insegurança nas praias da Ilha do Frade, em Vitória. O local é uma área de preservação ambiental e também é um dos principais pontos turísticos da Grande Vitória.

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Além do lixo e da presença desordenada de ambulantes, há relatos de uso e venda de drogas, brigas de gangue, fogueira na areia para fazer churrasco e estacionamento em locais proibidos.

O diretor jurídico da Associação dos Moradores Proprietários e Amigos da Ilha do Frade (Samifra), Bruno de Pinho, explicou que esse ano o bairro recebeu uma quantidade grande de visitantes e, que infelizmente, isso trouxe também diversas insatisfações.

“Com essa superpopulação veio também muita gente mal educada. As pessoas jogam o lixo na praia, o consumo de droga é absurdo a qualquer hora do dia e da noite. Os ambulantes não têm alvará de nada. E eles não têm medo da fiscalização”, declarou.

O consumo e o tráfico de drogas, segundo o diretor, trazem também o medo para os moradores. “Baixa uma galera pesadíssima aqui. Pode acontecer um tiroteio a qualquer momento”, disse.

Ele informou ainda que atualmente a ilha conta com mais de 120 câmeras de videomonitoramento e que as imagens estão à disposição das autoridades. “Todas as ruas, vielas e praças da Ilha do Frade são monitoradas por câmeras durante 24 horas. Todos os carros que entram na ilha são identificados. Todas as nossas ocorrências são registradas no 156. Tenho centenas de registros, mas nem todas são atendidas porque a prefeitura não consegue”.

Lixo

O charmoso bairro de Vitória perde o encanto principalmente no fim de semana. A quantidade de lixo deixada por banhistas e ambulantes preocupa não só os moradores, como também a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis da Ilha de Vitória (AMARIV).

O diretor da entidade, Lúcio Heleno dos Santos, lembrou que em 2020 foi implantada a coleta seletiva de recicláveis, que teve bastante adesão, mas com o ar do tempo, a conscientização acabou ficando de lado, deixando a praia tomada de lixo. “Houve um aumento considerável de visitantes que não têm cuidado e nem respeito pela praia. Fomos convidados para ajudar na preservação de um dos bens naturais mais lindos do estado, mas os frequentadores não veem a ilha assim. Não fazem o mínimo,que é separar os materiais que eles levaram para a praia”, lamentou.

Segundo ele, em 2023 o trabalho de coleta seletiva acabou sendo suspenso pela grande quantidade de resíduos abandonados. “Em 2023 não conseguimos mais fazer a coleta porque era muito lixo na praia. Além de ter aumentado, as pessoas não têm tido o cuidado de colocá-lo nas lixeiras corretas. Com isso, a gente também não consegue separar. Ou está muito sujo ou não está devidamente separado”.

Preservação

A Ilha do Frade faz parte da Baía das Tartarugas, que abrange a região da Praia de Camburi até a Terceira Ponte. Essa é a primeira Área de Proteção Ambiental (APA) marinha da Capital.

O presidente do Instituto Ecomaris e diretor do Projeto Restinga, Fabio Medeiros, ressalta o desafio do projeto ambiental em meio a essa ocupação desordenada da praia. Ele defende maior participação do poder público em ações de conscientização. “A população precisa ser sensibilizada e deve ter orgulho de ter uma área tão incrível no nosso estado. Enquanto não nos sentirmos responsáveis pela limpeza das praias, o problema vai se perpetuar. Cabe então à gestão pública comunicar, educar e empoderar sua população além de trazer incentivos aos comerciantes e frequentadores para respeitar o nosso meio ambiente. Imposição de baixo para cima não funciona.”

E prosseguiu: “Atitudes como fazer churrasco em área de proteção ambiental é, inclusive, crime ambiental. Dentro da APA, o próprio descarte de lixo fora do local correto, por mais internalizado culturalmente que esteja em nós, já configura crime ambiental”.

O diretor da Samifra, Bruno de Pinho, lembrou que foram plantadas mais de seis mil mudas de restinga, mas que a maioria dos visitantes não respeita o isolamento da área: “Eles pulam a corda para pegar a bola da altinha, para fazer suas necessidades e até mesmo para usar drogas. A restinga é pisoteada o dia inteiro. Nós temos um paraíso ambiental, mas não estamos sendo tratados como tal.”

O que diz a Prefeitura de Vitória

A Secretaria de Desenvolvimento da Cidade e Habitação (SEDEC) informou que as equipes de fiscalização vêm realizando diligências rotineiras no local. No início deste mês, foram lavrados sete autos de intimação para os ambulantes realizarem a devida regularização das atividades.  Uma nova regulamentação para o ordenamento do comércio ambulante nas praias está sendo elaborada.  

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente  (Semmam) reforça que a fiscalização na capital ocorre de forma rotineira com diligências devidamente organizadas – no manguezal, baía de Vitória e na APA Baía das Tartarugas -, com ações embarcadas e por terra. 

A Semmam informa, ainda, que realiza ações de educação ambiental por meio da campanha Praia Limpa durante todo ano na capital e são intensificadas no período de verão. As ações contemplam a limpeza da praia e a abordagem educativa aos frequentadores e trabalhadores por educadores ambientais. O objetivo é despertar o sentimento de pertencimento da população em relação ao ambiente praial para com o cuidado e a preservação da vida marinha e da restinga. O projeto contempla, respectivamente, temas relacionados à coleta seletiva e ao descarte correto de resíduos sólidos.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (Semsu) informa que a Guarda Civil Municipal de Vitória (GCMV) está apurando as informações fornecidas, para solucionar a demanda. A pasta orienta que os moradores que tiverem alguma denúncia, imagem ou boletim de ocorrência devem enviar material para o 156 ou falar com o agente mais próximo, para que essa colaboração possa resultar em solução. Agentes de Proteção Comunitária, Grupo de Apoio Operacional e Ronda Ostensiva Municipal, que são grupamentos da GCMV, realizam patrulhamento preventivo rotineiramente.

Agentes de Trânsito e do Grupo Tático Operacional de Trânsito (GTO) realizam ações de fiscalização e patrulhamento para garantir a segurança viária no bairro, orientando condutores e pedestres, e aplicando auto de infração quando necessário. De 1° de janeiro até 22 de março, foram 550 abordagens, 58 veículos removidos, quatro prisões, 174 autos de infração lavrados na Ilha do Frade.

Com 2.817 abordagens entre 24 de dezembro e 22 de fevereiro, o Grupo Tático Operacional de Trânsito (GTO), da GCMV, concluiu a Operação Verão. As ações, concentradas nas praias de Vitória, resultaram em prisões, 1.215 testes de alcoolemia, 608 autuações e 138 remoções. Além de prisões por embriaguez, também houve apreensão de entorpecentes.

O que diz a Polícia Militar

A Polícia Militar informou que trabalha com base em demandas do Ciodes (190), Disque-Denúncia (181) ou mesmo a acionamentos de qualquer cidadão às viaturas da PM, e em especial, à sede da 3ª Companhia do 1º Batalhão, instalada na Curva da Jurema.

Dentro do planejamento operacional, havendo maior incidência de crimes registrados, os recursos humanos e materiais são orientados preventivamente para essas regiões, seja em viaturas, a cavalo ou a pé. A Guarda Municipal de Vitória também atua nessa região, se acionada pelo cidadão.