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Live é exemplo da boa qualidade dos músicos do estado

Mesmo com poucos recursos, artistas animam a noite capixaba e buscam novas formas de sobreviver da própria arte

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Apresentação de jazz no piano-bar 244/Club, em Vitória. Foto: Reprodução/Facebook

Cantora há mais de 30 anos, Márcia Chagas, que se apresenta nesta quinta-feira (13) pelo projeto “Espírito Santo”, faz parte de um grupo de músicos e instrumentistas reconhecidos em todo o estado pela boa qualidade musical. Mesmo com poucos recursos, especialistas avaliam que eles não desistem de animar a noite capixaba com jazz e música popular brasileira e ainda buscam novas formas de sobreviver da própria arte.

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Toda essa história de sucesso começou lá atrás, entre os anos 1970 e 1980. Naquela época, os bailes eram muitos comuns na Grande Vitória, e alguns palcos da região chegaram a receber artistas como Roupa Nova, Os Cariocas e Elza Soares. Novos formatos de shows começaram a aparecer a partir dos anos 1990, especialmente nos antigos pubs Terra Viva, Picadeiro e Mistura Fina, em Vitória.

“Os festivais de jazz do país começaram a despontar aqui, promovidos por personalidades como Marien Calixte e Luiz Paixão, e os shows ao vivo começaram a ser em voz e violão. Vitória já chegou a ter 40 apresentações por final de semana nessas casas de show”, relembra Tarcísio Faustini, pesquisador e amante da MPB. Ele é o escritor dos textos que Márcia irá interpretar no show “Grito de Alerta”, feito em homenagem à cantora Maria Bethânia.

Essa movimentação foi se perdendo com o ar do tempo, pois os espaços começaram a fechar devido à falta de incentivos. Tarcísio garante, porém, que isso não mudou a força dos shows que são realizados até hoje. “A qualidade da música capixaba permanece muito boa, só não há lugares suficientes para as apresentações. Temos excelentes artistas que são chamados para fazer shows em outros lugares do país”, conta.

É possível destacar o trabalho do carioca Carlos Papel, que consagrou-se no Espírito Santo com o grupo O Quarteto Crescente; a cantora Eliane Gonzaga, cuja atuação também se estende à produção de eventos musicais em todo a Grande Vitória, além da banda Finest Hour, um quinteto de jazz e soul que toca há anos na capital.

“A iniciativa da Rede Capixaba de convidar alguns artistas do ramo para fazer uma live é muito importante, especialmente durante este momento da pandemia. Se eles já não tinham onde tocar, tudo ficou pior a partir de março. Eles precisam de apoio”, defende Tarcísio. O projeto “Espírito Som” é fruto da parceria entre o 244/Club e a Rede Capixaba de Comunicação.

Saindo do forno

Um dos sócios do piano-bar 244/Club, Helcias Castro, destaca também que a nova geração de músicos do estado merece atenção. Além dos veteranos, que já conquistaram as grandes capitais, ainda há nomes que devem despontar nos próximos anos. “Ficou mais fácil estudar fora do Espírito Santo e do Brasil, então alguns jovens conseguiram se especializar. E vários deles estão voltando para cá, abrindo shows para grandes artistas, participando de eventos renomados e fazendo esse intercâmbio com quem entende do assunto. Vai sair coisa boa daí”, diz.

Helcias acredita que a música capixaba ainda está isolada do país, mas não significa que os artistas não sejam páreo para entrar no mercado nacional. “Todo mundo que conhece a noite capixaba elogia a qualidade dos trabalhos. Falta espaço para tanto músico bom. O problema é que ainda temos pessoas que não querem incentivar a produção local”, acredita.