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Dia a dia

Isolamento social no ES volta ao nível anterior ao da pandemia

Nesta última semana, o estado ficou entre os cinco piores no ranking de respeito ao isolamento, ficando na frente apenas de Minas Gerais, Paraná, Goiás e Tocantins

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Praia Camburi ficou lotada no feriado, em Vitória. Foto: Reprodução/Twitter

Um levantamento da startup de geolocalização In Loco apontou que o Espírito Santo registrou, na última sexta-feira, 04, uma taxa de isolamento social de 32,3%. O índice foi o pior desde o dia 17 de março (32,8%), quando o estado entrou em quarentena por decreto do governador Renato Casagrande (PSB), e ficou abaixo do nível registrado em 26 de fevereiro, data na qual houve a confirmação do primeiro caso da covid-19 em terras capixabas – na ocasião, a taxa estava em 34,4%. A Organização Mundial da Saúde considera o índice de 70% o ideal para ajudar a combater o coronavírus, mas esse número nunca chegou a ser atingido no estado. O que se registra agora é o contrário: a movimentação das pessoas equivale ao período no qual não havia pandemia. Resultado: nesta última semana, o estado ficou entre os cinco piores no ranking de respeito ao isolamento, ficando na frente apenas de Minas Gerais (32,3%), Paraná (32,24%), Goiás (32,23%) e Tocantins (31,71%).

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Encorajadas pela retomada das atividades do comércio em várias cidades, incluindo Vitória e Serra, anunciadas pelo governador Renato Casagrande na última sexta-feira, dia 4, as pessoas resolveram ir à praia, viajar e visitar parentes e amigos. As medidas anunciadas na sexta foram vistas por comerciantes de outras cidades da região metropolitana como “sinal verde” para voltarem à funcionar em tempo integral, embora ainda estejam enquadradas no risco moderado. Isso fez com que a população aproveitasse o fim de semana em estabelecimentos que, até então, estavam respeitando as determinações do governado e  não estavam abrindo as portas.

“As pessoas decretaram por elas mesmas o fim do isolamento, não há nenhuma dúvida sobre isso”, diz o infectologista Alexandre Naime Barbosa, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “E fizeram isso sem seguir as regras da flexibilização, que é um conjunto de novas condutas, que exige a modificação de hábitos, o uso de máscara, o distanciamento social, a higiene reforçada. Então, o que fizeram, de verdade, não foi a flexibilização, mas sim a normalização, a banalização da ameaça”, ressalta.

“Existe um jogo dentro do cérebro humano ao analisar uma situação de risco”, explica Naime. “Inicialmente, a doença era muito desconhecida, não tinha ainda chegado ao país, havia uma histeria grande, muito medo, e muita gente foi para o isolamento. Agora que a epidemia já é uma realidade há mais de seis meses, muita gente decide que, se nada grave aconteceu consigo até agora, então não deve ser tão perigoso assim”, afirma.

> Com mil mortes por dia, por que há tantas pessoas indiferentes?

Além dessa “fadiga da quarentena”, a queda do número de mortes por todo o Espírito Santo também tem provocado a sensação de desaceleração da pandemia. O que é contestado, no entanto, pelo cientista social Renan Gonçalves Leonel da Silva, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). “A tendência da população é ir atrás do que é mais fácil de entender”, explica o cientista. “Se todo dia temos 1.200 mortes e, num belo dia, temos 800, há um gatilho mental que nos faz entender que a epidemia está diminuindo, embora o número continue muito alto.”

Até a tarde desta terça-feira (08), 3.286 pessoas morreram no estado em decorrência do novo coronavírus, sendo que a taxa de letalidade estacionou em 2,8%. Do total de casos notificados desde o início da pandemia, cuja marca é 116.578, 106.006 se recuperaram. A região metropolitana tem a maior concentração de casos da covid-19, com 67.058 confirmações. A região Central soma 22.459 notificações e a Sul tem 17.372. Na região Norte, são 8.610.

Covid-19

Em parceria com operadoras de telefonia móvel para monitorar o índice de isolamento social, o governo do Espírito Santo divulga diariamente os dados obtidos no Covid-19. A última atualização mostra que, no domingo (06), 49,61% da população capixaba respeitou a quarentena, um aumento se comparado à sexta-feira. A média de isolamento no estado está em 46,78%.

O levantamento mostra que o pico do isolamento social no estado foi alcançado na semana de 24 a 30 de março. No dia 28 de março o índice era de 52,6%. No dia 2 de abril, o índice caiu para 46,8%. Em maio, também no dia 2, a taxa ou para 42,2%. Já no início de junho, apenas 40,5% da população respeitou a quarentena. Em julho, 38,1% dos capixabas ficaram em casa.