Dia a dia
Entregadores capixabas de aplicativos de delivery participam de greve nacional
As reivindicações são alimentação durante a jornada, licença remunerada em caso de acidentes e a definição de uma tarifa mínima de entrega

Entregadores reclamam de más condições de trabalho. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Motoboys e entregadores capixabas de delivery participam de um boicote nacional nesta quarta-feira (01), contra os aplicativos de entrega Ifood, Uber Eats e outros. O movimento, organizado pelas redes sociais, pede por melhores condições de trabalho para a categoria. Cerca de outros 20 estados devem participar da manifestação.
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As reivindicações englobam desde alimentação durante a jornada, licença remunerada em caso de acidentes e um aumento ao valor reado pelos seus serviços, até a definição de uma taxa mínima de entrega por quilômetro rodado. Os trabalhadores também cobram uma melhor assistência das empresas durante a pandemia do novo coronavírus, como o fornecimento de máscaras e álcool em gel.
O motoboy Lucas Allan, que mora em Vila Velha e tira todo o seu sustento fazendo entregas nos aplicativos Rappi, Shipp, Uber Eats e Ifood, é um adeptos do movimento no Espírito Santo. Ele alega que há um descaso das empresas quanto ao bem-estar dos entregadores, o que gera condições precárias de trabalho.
“Nós rodamos, em média, 18 horas por dia. Estamos pedindo esse aumento não por dinheiro, e sim pra valorizar o que a gente faz por todos os clientes e pelo aplicativo. Já chegaram vários relatos até mim de motoboys que trabalham todos os dias, de 09h até às 23h, mas são bloqueados pelas empresas. Isso é uma injustiça”, afirma Lucas.
Há dois anos trabalhando pela Grande Vitória, Lucas conta que já vivenciou situações de pânico. Um colega, segundo ele, chegou a ser esfaqueado enquanto trabalhava, e o app não deu nenhum tipo de assistência, seja financeira ou médica. “Corremos risco de assalto e acusações de clientes todos os dias. Briga entre motoboy de aplicativo e cliente sempre acontece, mas nunca é divulgado. Já fui acusado uma vez de roubar marmita”.
“Precisamos de uma valorização a mais. Não somos apenas números e estatísticas, somos quem move os aplicativos para serem o que são hoje, quanto motoboy e os ciclistas que entregam também”, ressalta.
Ministério Público
Após o início da pandemia, o Ministério Público do Trabalho emitiu uma nota listando algumas medidas que precisam ser tomadas pelas empresas de aplicativos. Segundo o documento, as empresas precisam fornecer gratuitamente aos colaboradores álcool em gel (70% ou mais), espaço para lavagem de mão e para higienização dos veículos, com sabão e papel toalha, além de água potável para o consumo desses profissionais.
Segundo os manifestantes, essas exigências não foram atendidas. “Recebi apenas de um aplicativo, o Ifood. Foram um litro de álcool em gel e um kit com quatro máscaras. No entanto, isso foi lá em março, quando o vírus começou a se espalhar. Agora, em julho, ainda preciso comprá-los do meu próprio bolso”, denuncia Lucas.
*Com informações de Estadão
