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Enquanto Brasil vive expansão da pandemia, ES registra queda de casos

Especialistas analisam possíveis cenários para momento atual da pandemia do novo coronavírus em solo capixaba

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Milhares de testes estocados nos Estados também vencem a partir de dezembro. Foto: Leopoldo Silva/Agência Brasil

Teste do coronavírus. Foto: Leopoldo Silva/Agência Brasil

Em momento de maior intensidade da segunda onda da pandemia do novo coronavírus, o cenário se revela dramático no Brasil. Estados já registram colapso no sistema público de saúde e o país bateu novamente na última segunda-feira (1º) recorde de óbitos diários. Porém, o Espírito Santo vivencia queda no número de contaminados no comparativo do último bimestre de 2020 com o primeiro bimestre de 2021.

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Enquanto estados vizinhos, como Minas Gerais, enfrentam a falta de leitos, sobretudo de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), o Espírito Santo inicia a segunda fase de expansão do programa “Leitos Para Todos” e acolhe pacientes transferidos de outros estados. Até a tarde desta terça-feira (2), o Covid-19 aponta que a ocupação de leitos de UTI no estado é de 75,36%. Dos 694 existentes, 523 estão em uso.

Em dezembro do ano ado, houve 811 óbitos pela doença, no pior mês da pandemia. Em fevereiro, esse número despencou: 494 pessoas morreram de covid-19 no Espírito Santo, de acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde. No mesmo período, o estado registrou uma queda no número de contaminados, quando em dezembro foram 52.315 diagnósticos positivos e em fevereiro 26.322.

Apesar dos dados apontarem queda do coronavírus no estado, a taxa de transmissão da doença começou a subir. O índice de contágio que estava 0,79 ou para 0,86, o que significa que um grupo de 100 pessoas infectadas pode transmitir o vírus para outras 86. O cálculo, que levou em consideração os números da doença entre 22 de janeiro a 5 de fevereiro, é do mais recente relatório do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos, sediado no Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).

Para a epidemiologista Ethel Maciel, professora titular da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), os dados não confirmam um cenário de queda no estado. “Essa aparência de que o Espírito Santo está bem não é assim. Proporcionalmente o estado já registrou muito mais mortes. Estamos entre os sete estados com maior número de óbitos pela covid-19. É como se existissem várias pandemias no Brasil que estão em tempos diferentes. Aqui estamos em um tempo diferente, mas já perdemos muitas vidas”, destacou.

Já o pesquisador e professor do Departamento de Matemática da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo) Etereldes Gonçalves Júnior destaca que há dois cenários possíveis que explicam o momento em que o estado está vivendo: a variante amazonense ainda não é dominante no Espírito Santo ou o estado já vivenciou essa segunda onda nos meses de novembro e dezembro.

“Pode ser que a variante detectada no Amazonas ainda não tenha dominado a circulação no estado, mas fatalmente ela vai chegar ou então já amos por essa fase, sendo a expansão que vivenciamos com pico em dezembro. Isso é pouco provável, mas é possível, uma vez que a curva de casos foi bem maior que na primeira onda. Nós amos bem devido a expansão de leitos que fizemos. Afinal, comparado com Santa Catarina, que tem 783 leitos de UTI, para ser proporcionalmente igual ao Espírito Santo precisaria de 1.238. Então dá para ver que fizemos um esforço muito grande. Mas caso não seja esse o cenário, março pode ser um mês muito duro não só para os capixabas, mas para o país inteiro”, esclareceu Etereldes.