Dia a dia
De voluntário à vice-diretor da ONU: conheça Rogerio Mobília Silva
O trabalho voluntário de desenvolvimento de sistema para o processo de paz o levou a ser atualmente o vice-diretor regional da ONU
Já pensou em mudar sua carreira com voluntariado? Em 1995, Rogerio Mobília Silva – capixaba de coração – trocou a carreira de engenheiro na multinacional brasileira Vale por uma experiência e um novo propósito de vida em Angola, na África. O trabalho voluntário de desenvolvimento de sistema para o processo de paz o levou a ser atualmente o vice-diretor regional da Organização das Nações Unidas (ONU) na área de assuntos humanitários da América Latina e do Caribe.
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Graduado em engenharia na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), começou a trabalhar com engenharia de sistemas na Vale. Em 1995, surgiu uma oportunidade de ser voluntário em Angola, na África. “Foram oito meses de negociação até eu ir para lá. No início, não foi nada planejado, foi oportuno. Com o tempo eu fui ganhando confiança no que eu fazia, me apaixonei pelo tema ‘ajuda’, pelas missões e cá estou”, lembra o humanitário.
Mobília conta que no início ainda pensava em retornar para o Brasil. aram-se os meses, anos e o amor pelas missões só cresceu. Muitos foram os desafios, mudanças constantes e zero rotina. Foram quase 13 anos morando na África, em um momento de conflitos armados e crises complexas, um país sofrido que ava por um processo de paz. Deixou uma carreira de Engenheiro de Software para trabalhar com pessoas e até mesmo política.
DESAFIOS
Em 2007, mudou-se para o Panamá. Ele lida diariamente com grandes conflitos e emergências. “Nós não trabalhamos com emergências que são contornadas por estados ou países. Atuamos quando a capacidade do Estado é sobreado, quando a necessidade do evento precisa de ajuda internacional. Normalmente são tsunamis, terremotos, furacões ou crises complexas. Das situações que mais me marcaram foi chegar em um país do Caribe e vê-lo devastado por um furacão. Era um país muito verde, que teve toda a floresta destruída. Não tinha nada inteiro”, lembra.
Para abraçar a tarefa, Mobília garante que tem que ser um apaixonado por adrenalina e gostar de mudanças. Em certas missões ou operações, tem que andar em carros blindados e com tapete antiminas, uma proteção adicional contra ameaças de minas terrestres. Deixar casa e família, viver sem saber onde pode ser o próximo desastre e estar sempre preparado.
“Tem que se adaptar, afinal, você vai chegar em um lugar que ou por um desastre ou uma situação de guerra. Não está em condições normais. Normalmente, quando vamos, já sabemos o que vamos fazer, até porque existem protocolos a serem seguidos. Mas você se depara com uma população que sofre, é muita confusão, muita destruição. Eu voltei recentemente após nove semanas de operação no Panamá. E eu cheguei em um momento muito complicado da crise. Esses são os desafios”, comentou o humanitário.
COMO SE TORNAR UM INTEGRANTE DA ONU
Não é uma tarefa fácil se tornar um representante da ONU. Para Mobília, quem tem interesse em ajudar o próximo e abraçar as ações humanitárias, pode começar com trabalhos voluntários da própria comunidade, bairro ou município. Começar a entender a dinâmica do serviço voluntário, ganhar experiência e se aproximar de instituições sociais e ONGs.
“O mundo é muito complexo. As soluções não são tão fáceis como as pessoas querem fazer parecer. Exige muito compromisso, muita coordenação de diversos atores, que nem sempre estão com interesses alinhados. Essa pode ser a maior dificuldade que existe. Isso causa frustrações, desapontamentos. Mas lembrar que há pessoas que necessitam, fazer o bem é muito gratificante. Receber um agradecimento de quem precisa, não tem preço. Isso me motiva até hoje. Sejam humanitários. O mundo precisa de gente que ajude e não de gente que contribui para que a situação de muita gente piore”, finaliza Mobília.
