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Coluna Vitor Vogas

O que aliados de Casagrande estão fazendo nas cidades onde ele perdeu para Manato

Prefeitos Victor Coelho, de Cachoeiro, e Guerino Balestrassi, de Colatina, estão coordenando a campanha do governador nos dois grandes municípios do interior onde ele sofreu derrotas dolorosas no 1º turno

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Victor Coelho e Guerino Balestrassi

No 1º turno, Renato Casagrande (PSB) perdeu para Manato (PL) em dois dos maiores municípios do interior do Espírito Santo: Colatina e Cachoeiro de Itapemirim. No total, o candidato à reeleição perdeu para o adversário em 13 cidades. Mas essas foram as derrotas mais sentidas.

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Em Colatina, Manato derrotou Casagrande por 3 mil votos, alcançando 42,2% dos votos válidos, contra 37,5% do atual governador. Em Cachoeiro, foram cerca de 20 mil votos de diferença. Manato chegou a 57,3% dos válidos, contra 37,6% de Casagrande.

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São cidades que, desde 2018, consolidaram-se como “cinturões bolsonaristas” no Espírito Santo – embora seus prefeitos eleitos em 2020 não tenham propriamente esse perfil.

Em Cachoeiro, o reeleito Victor Coelho até votou em Bolsonaro em 2018, mas é filiado ao PSB de Casagrande desde que chegou à prefeitura dois anos antes. Em Colatina, Guerino Balestrassi é filiado a um partido de direita (o PSC), mas é um político inclinado à centro-esquerda e que também já ou pelo PSB.

Mais importante: ambos são fortes aliados do atual governador e, neste 2º turno, estão à frente da campanha de Casagrande pela reeleição nos respectivos municípios. Por isso, perguntamos a ambos o que têm feito para tentar reverter o placar nos municípios governados por eles.

“Estou 100% na campanha do Renato”, afirma Balestrassi. O prefeito atribui a três fatores a derrota de Casagrande em Colatina no 1º turno.

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O primeiro foi a associação direta feita por muitos eleitores entre Bolsonaro e Manato, o candidato do presidente. Muitos votaram em Manato por atrelamento automático a Bolsonaro. “Foi 100% isso. As pessoas não refletiram muito”, avalia o prefeito.

O segundo é que o outro Guerino famoso acima do Rio Doce – o ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon (PSD) – teve boa margem de votos em Colatina: 17,6% dos válidos, desempenho muito superior aos 7% obtidos por ele em todo o Estado.

O terceiro é que, segundo Balestrassi, pouca gente fez campanha para Casagrande em Colatina no 1º turno. Os principais aliados dele na cidade estavam cuidando da própria campanha, a exemplo de Paulo Foletto (PSB) e Josias da Vitória (PP), deputados federais reeleitos. “Agora, eles estão na campanha do Renato.”

Ele lembra que outros três deputados federais eleitos – Helder Salomão (PT), Jack Rocha (PT) e Victor Linhalis (Podemos) –, todos aliados de Casagrande, também são nascidos em Colatina.

Mas a estratégia principal, segundo o prefeito, tem sido procurar quebrar o voto por alinhamento automático, em diálogo com líderes da sociedade civil e do setor produtivo da cidade. Na última segunda-feira (10), por exemplo, com a presença de Ricardo Ferraço (PSDB), Balestrassi promoveu uma reunião com vários empresários da cidade, principalmente do comércio.

“Estou fazendo uma reflexão. Se quiserem votar em Manato, que não votem pelo ‘voto casado’, só porque ele é 22, mas pelas características dele. Não estou desconstruindo o adversário, mas construindo o Renato. Estou lembrando todos os convênios firmados e investimentos feitos pelo governo Casagrande em Colatina nos últimos anos.”

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A participação de Ricardo nessa conversa põe em relevo um dos papéis que o candidato a vice-governador assumiu no 2º turno. “O Ricardo é muito importante nisso, porque o Ricardo é um bolsonarista”, atesta Balestrassi.

O prefeito dá uma amostra dos argumentos que tem apresentado a empresários:

“O governo Casagrande tem uma relação muito profícua com o governo Bolsonaro. O Renato já provou que sabe governar com quem pensa diferente, então vai manter uma boa relação com o governo federal nos próximos anos, seja com Bolsonaro ou com Lula. Se Manato ganhar, isso pode atrasar rees de convênios para o município. E se Lula ganhar? Ele vai saber governar com Lula? Essa animosidade pode gerar prejuízos para o Estado e para Colatina. A receptividade tem sido boa.”

Enquanto isso, a primeira-dama de Colatina, Mara Balestrassi, está agindo em outra frente: tem conversado com profissionais da educação e representantes das igrejas, inclusive evangélicas. “Ela está conversando com os pastores”, conta o prefeito.

Ele diz também já ter feito contatos com dois políticos do município muito bem votados nas eleições parlamentares no dia 2: o ex-prefeito Sérgio Meneguelli (Republicanos), que alcançou quase 140 mil votos e pulverizou o recorde na eleição para a Assembleia Legislativa, e o deputado estadual Renzo Vasconcelos (PSC). Mesmo tendo sido o 3º candidato a deputado federal mais votado individualmente e o campeão de votos em 13 cidades acima do Rio Doce, ele não conseguiu se eleger devido à legenda.

“O Sérgio é um aliado. Ele é da nossa base. Os eleitores dele são, na sua maioria, eleitores do Renato. Eu disse a ele que é importante ele se manifestar. Ele tem uma dificuldade por causa do partido dele. Já falei com o Renzo também. Ele está avaliando com o grupo dele”, relata Balestrassi.

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O PSC estadual (de Renzo e do próprio Balestrassi) já anunciou apoio a Manato. Alguns expoentes do Republicanos, como Erick Musso e Amaro Neto, também já o fizeram.

Cachoeiro

Em Cachoeiro, o prefeito Victor Coelho ite que a população da cidade é majoritariamente conservadora. Na mesma linha de Balestrassi, ele destaca que a estratégia em favor de Casagrande começa por convencer as pessoas a separar a eleição presidencial da disputa estadual:

“Continuamos o diálogo franco com a sociedade cachoeirense, que é conhecidamente conservadora, de saber separar a polarização nacional e analisar especificamente os dois projetos. Mostramos na prática que o Estado segue com os melhores indicadores nacionais, que Renato mantém diálogo equilibrado com a instância federal, que fez investimentos em todos os 78 municípios sem olhar o partido do prefeito”, diz Coelho, também presidente da Associação dos Municípios do Espírito Santo (Amunes).

Casagrande e Victor Coelho em ato de campanha em Cachoeiro. Foto: Reprodução Facebook

“A estratégia geral é essa: saber separar o debate nacional e comparar os projetos para o Estado, até porque nem Lula nem Bolsonaro vão governar o Espírito Santo”, completa.

Ele confirma que, no 2º turno, está contando com o empenho redobrado de dois filhos da cidade: o já citado Ricardo Ferraço e o pai do candidato a vice-governador, Theodorico Ferraço (PP). Com a reeleição na Assembleia resolvida no dia 2, Ferração está livre para pedir votos para Casagrande (e para o filho).

“Tanto Ricardo quanto Theodorico têm um papel importante, pois são lideranças consolidadas e respeitadas na cidade. Ambos têm feito esse diálogo dentro das suas áreas de atuação e círculo de conversas”, relata o prefeito da capital secreta do mundo.

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Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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