Ex-subsecretário do governo estadual ostenta armas pesadas nos Estados Unidos

Vitor Otoni exibe fuzil na casa de um primo nos Estados Unidos. Foto: Reprodução

Integrante do segundo escalão do governo Casagrande até o mês ado, o Vitor Otoni Damasceno (PSD) exibe orgulhosamente armas de fogo de grosso calibre em um vídeo compartilhado em grupos de Whatsapp nesta segunda-feira (21). No vídeo, gravado nos Estados Unidos, enquanto empunha e aponta as armas para a câmera, ele afirma:

“Isso é que é país livre. Não é essa p**** desse Brasil não. […] Só os brinquedinhos. Isso aqui é país livre. Quero ver o MST invadir fazenda assim, quero ver essa p****. […] Relembrar os tempos do Exército. País livre é assim: na bala, p****!”

No governo Casagrande (um notório não armamentista), Otoni foi subsecretário de Estado de Gestão de Programas e Projetos da Secretaria Estadual de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setades), por indicação do deputado federal Neucimar Fraga (PP), a quem é politicamente vinculado.

As armas exibidas pelo ex-subsecretário são quatro: um fuzil AR-15, duas espingardas calibre 12 e uma pistola .40.

Em conversa com a coluna, Otoni explicou que o vídeo foi gravado na casa de um primo dele no estado da Florida, nos Estados Unidos, onde ele se encontra a eio, para ar o fim de ano, e que todas as armas na verdade pertencem ao referido primo – o autor da filmagem.

Ele afirmou que filmou o vídeo como uma brincadeira e que só o compartilhou com alguns amigos. Fez questão de enfatizar que não cometeu nenhum ato ilegal e que nem sequer chegou a utilizar as armas do primo.

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“Não fiz nada ilegal. As armas pertencem ao meu primo. Não tenho arma de fogo, nunca nem sequer dei entrada em pedido para ter arma no Brasil. E, aqui nos Estados Unidos, só cidadãos americanos podem ter armas. Aqui é legalizado. Eles podem ter as armas em casa, dentro de um teto, como é o caso do meu primo. Fiz o vídeo brincando e nem usei as armas. São todas legalizadas.”

Por evidente, Otoni não pretende levar nenhuma arma de fogo em seu retorno para o Brasil (até porque isso seria ilegal). “Quem dera…” Ele reforça, entretanto, a sua posição armamentista e bolsonarista:

“Sou bolsonarista. Participei do governo do Renato [Casagrande] com ele sabendo que sou bolsonarista. E sou armamentista, sou militar da reserva, nunca escondi de ninguém que gosto de armas, isso não é mentira. Continuo defendendo as armas de fogo para a gente se defender, com a visão de que a gente tem que armar a população de bem. Hoje, no Brasil, só quem se arma são os bandidos. Então que as pessoas de bem tenham suas armas para se proteger dos bandidos.”

Histórico

Em 2020, Otoni disputou a eleição a vereador de Vila Velha pelo PSD, partido então presidido por Neucimar Fraga no Espírito Santo. Ficou como 1º suplente.

De 7 de janeiro de 2021 a 1º de dezembro do mesmo ano, ele foi assessor de Neucimar na Câmara, lotado como secretário parlamentar. Na mesma data da exoneração, trocou o cargo comissionado no gabinete por outro no governo Casagrande, onde foi nomeado subsecretário de Gestão de Programas e Projetos da Setades.

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Como subsecretário, ganhava R$ 10.537,80 brutos por mês. Ficou no cargo por dez meses.

Em decreto datado de 7 de outubro deste ano, Casagrande o exonerou. A data coincide com a primeira semana do 2º turno na eleição a governador. Mais precisamente, com o cavalo de pau eleitoral dado por Neucimar.

Apoiador de Casagrande até o 1º turno (no dia 2 de outubro), o deputado não conseguiu se reeleger e ou a apoiar Carlos Manato (PL) logo no começo do 2º turno. Perdeu assim, imediatamente, a “cota” de assessores comissionados que tinha indicado no governo Casagrande. Foi o que custou o cargo a Otoni.

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