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Coluna Vitor Vogas

Definitivamente, Ricas vem para a disputa ao governo do ES

Superintendente da Polícia Federal vai se licenciar do cargo no fim do mês para se dedicar à pré-campanha. Decisão de disputar já está tomada e será anunciada com a filiação ao PSD

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Pré-candidato a governador do Espírito Santo, Eugênio Ricas deu entrevista ao Estúdio 360 (16/03/2022)

O delegado Eugênio Ricas, superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo, vai deixar o cargo até o dia 2 de abril para concretizar o projeto de disputar as eleições ao governo do Espírito Santo. Em outras palavras, ele é, definitivamente, pré-candidato a governador – ainda que, por prudência, não possa afirmar isso em público neste momento.

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A decisão, porém, já está tomada, e será anunciada publicamente nos próximos dias. Em férias até o próximo dia 26, Ricas pretende entregar o cargo de superintendente assim que retornar do descanso (para ser candidato, ele não pode ser ordenador de despesas). Como delegado de carreira, continuará vinculado à Polícia Federal, mas vai tirar uma licença-capacitação para se dedicar integralmente à preparação da sua campanha.

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O único “detalhe” pendente é sua filiação ao PSD, a qual também já está muito bem encaminhada, com sinal verde dado tanto pela direção nacional como pela estadual. É, de fato, o partido em que Ricas quer entrar e o que lhe proporciona as melhores condições para participar da disputa estadual. Tão logo assine a ficha e se filie oficialmente ao PSD, o delegado federal mudará o discurso, saindo do “posso ser” para o “sou pré-candidato”. É bem provável que a confirmação (ou lançamento) da pré-candidatura seja feita no próprio ato de filiação.

Com relação a seus familiares, a decisão de Ricas também já está bem dialogada e assimilada: a família não se opõe. Estímulos não lhe faltam, por parte de amigos, ex-colegas no governo Paulo Hartung (2015-2018) e, claro, acima de tudo e de todos, o próprio ex-governador – principal incentivador da candidatura de Ricas ao governo, nascida, assim, com suas digitais políticas.

Hartung, aliás, é outro fortemente cotado para se filiar ao PSD até o dia 2, numa possível filiação casada com a de Ricas. Caso isso também se confirme, o ex-governador estará habilitado a concorrer ao Senado pelo Espírito Santo, podendo até vir a compor com Ricas uma dobradinha na chapa majoritária do PSD.

Ricas e Hartung mantêm contato permanente. Os dois se falam pelo menos uma vez por semana – inclusive pessoalmente, na residência do governador, em Vitória.

No último governo de Hartung, o delegado federal foi secretário de Justiça e também de Controle e Transparência. Ganhou projeção política e foi muito incentivado por Hartung a vestir pela primeira vez o terno de candidato na eleição estadual de 2018. Na época, dentro dos círculos hartunguistas, o então secretário chegou a ser estimulado até a disputar a sucessão do governador, como representante de Hartung, seu governo e seu grupo político.

Ricas não topou. Hartung desistiu de concorrer à reeleição e não lançou nenhum aliado ao cargo naquele pleito. E, pela ausência de um nome, seu grupo acabou ficando sem candidato à sucessão, numa disputa vencida em 1º turno por Renato Casagrande (PSB), praticamente por W.O.

Entrada no PSD

Com a ajuda de Hartung, Ricas começou a articular a sua filiação ao Partido Social Democrático (PSD) “por cima”, em Brasília, em contato direto com o presidente nacional da legenda, o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab. Este abriu-lhe as portas do partido e estendeu-lhe o tapete vermelho.

Na última segunda-feira (14), o (ainda) superintendente da Polícia Federal no ES conversou pessoalmente, pela primeira vez, com o deputado federal Neucimar Fraga, presidente estadual do PSD. O ex-prefeito de Vila Velha também garantiu a Ricas a legenda para concorrer ao cargo de governador.

Tanto do cacique nacional como do dirigente local, o pré-candidato recebeu as garantias que precisava ouvir, relativas às condições práticas para sustentar uma campanha difícil e cara como essa: recursos dos fundos partidário e eleitoral, estrutura de campanha etc. O partido, assim, está disposto a bancar sua candidatura, financeira e politicamente.

Ricas tem se falado regularmente com Kassab. Nesta quarta-feira (16) mesmo, buscou contato com o presidente nacional da provável futura sigla, visando a acertar os detalhes finais para a filiação. Não teve retorno, até porque, neste momento, a direção nacional está às voltas com filiações de candidatos a deputado e montagem das chapas proporcionais pelos estados.

Enquanto amarra os detalhes finais de uma filiação considerada certa, Ricas tem feito um intenso trabalho de movimentação política com o intuito de testar e firmar seu nome, junto à opinião pública, como potencial candidato ao governo.

Com esse objetivo, tem feito um périplo por veículos de comunicação de massa do Estado. Nesta quarta-feira (16), esteve no programa Estúdio 360, onde foi entrevistado por mim, ao lado dos colegas Kaká e Andressa Missio. Questionado diretamente sobre o tema, não confirmou no ar que é pré-candidato.

Como dito acima, porém, tudo normal e tudo dentro do seu plano: por mais que a decisão seja essa, Ricas não quer queimar etapas e só anunciará de público a pré-candidatura quando a filiação ao PSD for oficializada.

Mesmo assim, entre o prazo final de filiações (2 de abril) e o registro de candidaturas, há chão a percorrer. O acordo com o futuro partido lhe assegura as condições políticas (legenda) e práticas (recursos) para concorrer. Mas, como em política tudo é possível, não se podem descartar reviravoltas até o registro das candidaturas.

Colaboradores de campanha

Na entrevista ao Estúdio 360, Ricas afirmou que, para estruturar sua (provável) campanha, pretende cercar-se dos melhores nomes e cabeças em cada área.

Ele ainda não começou a trabalhar em seu plano de governo. Mas tem feito consultas informais, por exemplo, a ex-colegas de secretariado no governo Paulo Hartung. Que ninguém se surpreenda se alguns deles aparecerem nas próximas semanas ou meses como seus colaboradores, ou na retaguarda da campanha.

Além disso, Ricas tem prospectado reforços dentro da própria instituição: outros delegados de carreira da Polícia Federal. Dois deles muito provavelmente estarão em sua equipe de colaboradores, podendo até vir a participar de eventual “governo Ricas”.

Uma delas é Maria Claudia Schiavolini Correa. Atual chefe da divisão de recursos humanos da Superintendência da Polícia Federal no Espírito Santo, ela é de Brasília, mas aceitou o convite de Ricas para ocupar o posto. Os dois trabalharam juntos em Washington. Correa foi adida-adjunta de Ricas quando este foi adido da Polícia Federal (espécie de embaixador da força de segurança) na capital estadunidense.

O segundo nome é o de Ivo Roberto Costa da Silva, atual nº 3 da Superintendência da Polícia Federal no Espírito Santo (também a convite de Ricas), na chefia do Núcleo de Repressão ao Crime Organizado no Estado. Os dois também se conheceram como colegas nos Estados Unidos. Costa foi oficial de uma força-tarefa no El Paso Intelligence Center (Texas), ligada ao Drug Enforcement istration (DEA), famoso órgão de combate ao tráfico de drogas nos Estados Unidos. Já ou pela Superintendência da PF em São Paulo e pela Coordenação Geral de Repressão a Entorpecentes em Brasília.

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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