Coluna Vitor Vogas
Davi Diniz: “De 22 a 26 deputados estarão firmes com o governo na Assembleia”
Na segunda parte de sua entrevista à coluna, secretário-chefe da Casa Civil projeta como serão os embates entre os deputados e a relação com o governo Casagrande no novo plenário a partir de fevereiro

Davi Diniz é chefe da Casa Civil. Foto: assessoria da Casa Civil
Responsável direto pelas articulações políticas do governo Casagrande com os deputados estaduais, o secretário-chefe da Casa Civil, Davi Diniz, tem uma missão desde o dia 30 de outubro, data da reeleição do governador: garantir a governabilidade de Casagrande nos próximos quatro anos, em uma Assembleia Legislativa bastante modificada (só 14 dos 30 atuais deputados renovaram o mandato).
> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!
Na segunda parte de nossa entrevista com o secretário, que você pode conferir abaixo, Diniz revela o tamanho da base de apoio que o governo terá na Assembleia na largada do próximo mandato – pelas suas contas, de 22 a 26 parlamentares, seguramente, firmes com o Palácio Anchieta.
Classificando o governo Casagrande como de centro ou centro-esquerda, o secretário reconhece que, no próximo quadriênio, o plenário da Assembleia terá predomínio de forças de centro-direita. Apesar disso e do crescimento da bancada do PL – o partido de Carlos Manato e de Jair Bolsonaro elegeu cinco deputados –, Diniz não espera uma oposição numerosa, pelo menos no início do mandato, e se mostra otimista:
“Não vejo nenhuma dificuldade na relação com os 30 parlamentares, desde que os 30 queiram ter relação com o governo, em bases republicanas e transparentes.”
O secretário também comenta esta fase preliminar da eleição para a presidência da Assembleia, na qual quatro membros da base estão no páreo, segundo ele, com o mesmo grau de viabilidade.
O próximo Congresso Nacional será, predominantemente, de centro-direita. Na sua avaliação, qual será a cara predominante da Assembleia Legislativa, do ponto de vista ideológico, a partir de 2023?
Acho que, na nova configuração da Assembleia, amplia-se o espaço da direita conservadora crítica, mas também se amplia o espaço da “esquerda esquerda”. A gente tinha só a Iriny [deputada Iriny Lopes, do PT] representando a esquerda e agora a gente tem Iriny, tem João, tem Camila [João Coser, do PT, e Camila Valadão, do Psol]. Então você gerou mais extremos na Assembleia. E acho que isso vai dar mais embates. Você vai ter mais discussões e embates em temas sobre os quais os dois grupos têm posições destoantes. Então acho que haverá debates mais acalorados do ponto de vista ideológico. Mas, em termos de governabilidade, igual à Assembleia atual, acredito que o governo terá uma ampla base de sustentação. Analisando os nomes eleitos, não vejo que o governo não possa ter no mínimo 22 a 24, 25 deputados na base de apoio.
Certo, os dois extremos cresceram. Mas o senhor concorda que, na média, a direita cresce nessa próxima legislatura e, de modo predominante, o plenário será de centro-direita?
Eu acredito sim. Se a gente pegar pelas siglas partidárias, pelas bancadas eleitas, pelo posicionamento individual dos deputados eleitos… A bancada dos Republicanos [quatro eleitos] cresceu muito. A do próprio PL [cinco eleitos] cresceu muito. Então, você tende a ter um grupo mais de centro-direita.
Isso tende a gerar alguma dificuldade maior na governabilidade e no relacionamento do governador de centro-esquerda com o plenário?
Não vejo nenhuma dificuldade na relação com os 30 parlamentares, desde que os 30 queiram ter relação com o governo, em bases republicanas e transparentes.
Voltando ao tamanho da base, dos 30 deputados eleitos, quantos o senhor considera que já saíram das urnas eleitos dentro de uma aliança governista, como membros da base do governo na futura Assembleia? E o senhor acha que essa base poderá chegar a quantos deputados já no início do ano que vem, ou seja, vocês vão largar com quantos aliados na Assembleia?
Aí são duas coisas. A base eleitoral está ligada à disputa realizada pelo comando do Poder Executivo. Se você pegar os partidos que estavam com o governador e os que estavam com o Manato, você vai ver que o PL tem cinco, o Republicanos tem quatro, mais um do PTB e um do Patriota, então você vê que tem aí um grupo de 11 deputados que não foram eleitos dentro do nosso grupo de partidos políticos. Então acredito que a gente sai daí com 18, 19 que estavam firmes conosco no pleito eleitoral. Como a próxima legislatura começa só no dia 1º de fevereiro, a minha expectativa é que, dos 30, a gente fique com os 30, porque vou começar a estabelecer diálogo e um caminho de reflexão com os 30. Mas sabemos que não existe governo sem oposição. Então acredito que de 22 a 26 deputados estarão firmes conosco.
Começando seguramente com 22 e podendo chegar a 26?
Não. Acho que a gente sai com 26, podendo ao longo do tempo perder ou não.
E quais são os quatro que o senhor considera exceções?
Por enquanto eu não considero ninguém exceção. Por enquanto eu gostaria que os 30 estivessem comigo. Mas você vai ver que, logo no início, eles vão se comportar de forma diferente.
Mas, sendo realista e pensando principalmente na bancada eleita pelo PL, quais são os deputados com quem não existe a menor possibilidade de diálogo?
Possibilidade de diálogo político existe com os 30. Agora, vontade de estar juntos politicamente, aí depende dos parlamentares.
É porque precisa ser recíproco (risos). Se a vontade for unilateral…
Da parte do governo, a gente tem todo interesse e gostaria que todos estivessem conosco. Fica ruim eu nomear A, B ou C, porque eu quero todos na minha base. Se eles vão se colocar fora, aí é posicionamento deles.
Eleição da Mesa Diretora: quem são os deputados eleitos que realmente estão no páreo para a presidência?
Os 30. Hoje a gente tem dialogado com os deputados, o governador tem pedido a eles para aguardar o início de janeiro para a gente aprofundar esse diálogo. O que temos pedido aos deputados é que eles dialoguem entre si, montem o grupo da base, pois precisamos ter uma base firme, coesa, sólida. Mas, em termos de nome, hoje não tem nenhum nome posto, cotado. Vamos aguardar janeiro. Ouvir os parlamentares e, a partir de janeiro, tomar essa definição.
Fala-se muito em João Coser (PT), Marcelo Santos (Podemos), Tyago Hoffmann (PSB) e Dary Pagung (PSB). O senhor considera algum desses quatro mais viável?
São quatro aliados do governo, todos com viabilidade. Mas, até onde conversei com os quatro, nenhum deles colocou o nome. Todos falam que vão aguardar janeiro, o debate com o governador, para ajudar nesse diálogo, para ver quem estará melhor posicionado entre os pares para presidir a Casa. Lembrando que é uma eleição da Assembleia, né? O governador participa como ouvinte, como mero interlocutor, mas a decisão é dos parlamentares.
O senhor considera que dessa vez, diferentemente das duas eleições anteriores, o Palácio Anchieta vai ter candidato próprio? O governador terá um candidato dele, apoiado pessoalmente por ele?
Você sabe que o governador é muito democrático e republicano. Ele vai ajudar na interlocução, mas terá um candidato da Assembleia. Pode até ser que, em algum momento, o governador participe de forma mais ativa, além de escutar. Mas a princípio cabe aos deputados escolher quem estará à frente da Assembleia. O que queremos é governabilidade, respeito ao governo e independência entre os Poderes.
O governador saiu das urnas fortalecido politicamente, após ter vencido o que ele mesmo já reconheceu como a eleição mais difícil de sua vida, a única vez que ele disputou um 2º turno, e contra um adversário muito duro. O atual presidente, Erick Musso |(Republicanos), não estará mais na Assembleia. O governo Casagrande vai finalmente emplacar um presidente do Poder Legislativo que seja representante do grupo político do governador?
A próxima Assembleia, como eu disse, deve ter de 22 a 26 deputados da base. Todos os integrantes da base são aliados do governo. Então quem os deputados entenderem que é o melhor nome para representá-los, o governo vai respeitar.
O presidenciável Marcelo Santos deu recentemente uma entrevista a jornalistas, com críticas voltadas principalmente ao PSB. No entendimento do deputado, o partido do governador quer ocupar espaços demais, em detrimento de aliados de outros partidos. Ele acha que o próximo governo precisa rever essa posição e que o PSB precisa ter menos espaço. O senhor considera que o PSB precisará ceder espaço para outras forças na próxima istração?
Com todo o carinho e o respeito que tenho por Marcelo, discordo um pouco em relação ao PSB. É o partido do governador. Há uma crendice nessa questão de ocupação de espaços, mas o PSB hoje tem uma secretaria, que era a Agricultura.
O senhor está falando de “cota do partido”, né? Porque tem outros secretários filiados ao PSB…
Sim. Respeito Marcelo, mas a minha avaliação é diferente da dele em relação ao PSB. Mas acho que cabe ao governador, com Ricardo agora eleito vice, fazer essa reflexão. Além disso, em vez de falar do governo que está acabando, a gente tem é que criar expectativas para o próximo governo. Qual é o governo que queremos? Será que o mais importante são as questões partidárias ou as questões de entregas?
Qual é o recado que Marcelo está querendo ar com isso?
Não acho que ele esteja querendo ar recado não, até porque ele tem uma relação muito próxima com o governador, tem canal ligado direto com o governador. Não precisa usar a imprensa nem acho que a imprensa se prestaria a esse papel.
LEIA TAMBÉM
Novo secretariado: certezas, especulações e simulações na mesa de Casagrande
Os recados ados com Ricardo: por que Casagrande escalou seu vice como secretário?
Pazolini contra Casagrande: muito barulho por, simplesmente, nada
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.
