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Coluna Vitor Vogas

Amaro pode concorrer a prefeito de Vitória ou da Serra

Tratado como dupla alternativa pelo Republicanos, ele está disposto a entrar em campo, mas candidatura depende dos movimentos de Pazolini e Muribeca

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Amaro Neto. Foto: Reprodução/Instagram

Amaro Neto. Foto: Reprodução/Instagram

O deputado federal Amaro Neto cogita ser candidato a prefeito da Serra ou de Vitória em 2024. Seu partido, o Republicanos, também o trata como alternativa real nos dois municípios da Grande Vitória, dependendo de como evoluir a conjuntura eleitoral.

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Hoje, o partido de Amaro tem o prefeito da Capital, Lorenzo Pazolini. Se o prefeito permanecer no Republicanos e quiser disputar a reeleição pela mesma sigla, é o candidato natural do partido.

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No momento, é notório o distanciamento entre Pazolini e a própria agremiação, pela qual se elegeu em 2020. Mas, por maiores que sejam os presentes problemas de relacionamento, a direção partidária dificilmente negará legenda a um prefeito no cargo que queira concorrer à reeleição em 2024. Seria algo muito fora do normal.

Contudo, ninguém sabe o que fará Pazolini, nem mesmo os seus correligionários. Se o prefeito sair do Republicanos para disputar a reeleição por outra sigla, ou se simplesmente decidir não concorrer (o que é improvável, mas não impossível), o partido precisará ter uma alternativa pronta para entrar em campo a qualquer tempo.

Por isso, a direção do Republicanos mantém Amaro no aquecimento, caso precise convocá-lo a jogar no lugar de Pazolini. E o próprio Amaro tem disposição para assumir esse lugar, se for chamado pelos dirigentes.

Na Serra, o quadro é bem diferente, mas parte de uma premissa parecida.

“Diferente” porque, ao contrário de Vitória – onde o Republicanos é a situação –, uma candidatura do partido à Prefeitura da Serra seria de oposição a Sérgio Vidigal (PDT) e ao grupo político do prefeito na cidade.

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Já a “premissa parecida” é que, também na Serra, a possível candidatura de Amaro depende da não candidatura de outro agente político pelo Republicanos: o deputado estadual Pablo Muribeca.

Eleito deputado estadual pelo Patriota em 2022, o ex-vereador da Serra faz oposição aberta a Vidigal e, assim como Amaro, cultiva boa relação com o governo de Renato Casagrande (PSB). Tem total interesse em ser candidato a prefeito, como desafiante de Vidigal ou do candidato lançado pelo pedetista.

Muribeca já foi convidado pelo Republicanos para se filiar à legenda, convite endossado e reforçado pelo próprio Amaro, em conversa que os dois tiveram pessoalmente no escritório do deputado federal. Ficou combinado que, se assim quiser, Muribeca pode se filiar ao Republicanos e, no momento oportuno, os dois vão decidir, em diálogo com a direção partidária, quem será o candidato da sigla ao Executivo serrano.

A princípio, a legislação eleitoral impede deputados estaduais de mudar de partido fora das estreitas janelas em que as trocas são autorizadas. Mas Muribeca poderá fazer isso sem correr o risco de perder o mandato na Assembleia por infidelidade partidária, pois o caso dele se enquadra em uma das exceções consideradas “justa causa” pela lei: a hipótese de fusão partidária.

Sem ter superado a cláusula de barreira em 2022, seu partido, o Patriota, vai se fundir ao PTB. Nesse caso, logo após a fusão ser homologada pelo TSE, o deputado estará liberado para trocar o Patriota por outra sigla, inclusive o Republicanos.

Amaro, portanto, não tem candidatura certa nem em Vitória nem na Serra. Mas é uma das alternativas do Republicanos nos dois redutos ao mesmo tempo.

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Um “político intermunicipal”

O caso de Amaro é insólito. Na verdade, ele não mora atualmente em nenhuma das duas cidades. No momento, reside em Vila Velha. Mas seu domicílio eleitoral está na Serra, para onde transferiu seu título em 2020, no limite do prazo para concorrer a prefeito do maior colégio eleitoral do Espírito Santo, em novembro daquele ano. Acabou não disputando.

Para Amaro, aliás, disputar efetivamente uma prefeitura em 2024 pode ser uma oportunidade de voltar a crescer politicamente na montanha-russa que tem sido até agora a sua trajetória pública.

Como em toda montanha-russa, ele começou subindo – e de forma vertiginosa. Graças à popularidade conferida por seu programa policial na TV Vitória, o apresentador conseguiu de cara, em sua primeira eleição, chegar à Assembleia Legislativa como o deputado estadual mais votado em 2014 (pelo Cidadania, então PPS).

Dois anos depois, filiado ao Solidariedade, Amaro candidatou-se a prefeito de Vitória e por um triz não impôs uma surpreendente derrota ao então prefeito Luciano Rezende (ironicamente, do Cidadania). No 2º turno, Luciano o derrotou com 51,19% dos votos válidos.

Em 2018, nova apoteose nas urnas: com a marca histórica de 181.813 votos, Amaro, já no Republicanos, foi de longe o campeão de votos para deputado federal no Espírito Santo.

Esse ano, porém, também marcou o início de uma nova fase na carreira política de Amaro, pontuada por recuos, descidas e perda intensa de capital político. A votação consagradora na eleição a deputado federal mascarou o fato de que Amaro, na verdade, poderia ter sido eleito até senador em 2018.

Era esse o seu plano, porém a cúpula nacional do Republicanos não lhe deu legenda para a disputa majoritária, priorizando candidaturas a deputado federal, como costumam fazer os partidos do Centrão, pois é a bancada na Câmara que garante tempo de TV e recursos públicos para a sigla. Com a vitória de dois outsiders (Contarato e Do Val), o resultado das urnas provou que, se tivesse se candidato a senador, Amaro teria tido boas chances de triunfo.

Desse ponto em diante, ele entrou em viés de baixa.

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Movimentos erráticos e atrofia eleitoral

Já como deputado federal, fez movimentos erráticos em relação ao pleito municipal de 2020. Ainda em 2019, me deu uma entrevista dizendo, basicamente, que poderia ser candidato a prefeito de qualquer cidade da Grande Vitória. Estava em aberto.

Em março de 2020, num sinal muito forte de que concorreria à Prefeitura da Serra, ele transferiu seu domicílio eleitoral de Vitória para a cidade então governada por Audifax Barcelos. Isso após ter ensaiado aproximação com o próprio Audifax. Em agosto, contudo, anunciou a decisão de não disputar nenhum cargo eletivo naquele pleito. Continuou o seu mandato na Câmara, aliás bem discreto.

Em 2022, veio o baque. Amaro candidatou-se à reeleição. Sempre citado na pré-campanha como um dos favoritos para ser novamente campeão de votos, o deputado ficou longe do “título” no dia 2 de outubro.

Até conseguiu se reeleger, mas foi o 7º colocado entre os 10 eleitos, teve só a 12ª maior votação nominal para o cargo e viu seu capital eleitoral minguar para 28% do que era, caindo de 181.813 votos para 52.375 em quatro anos – consequência, talvez, da discrição que marcou seus oito anos de vida pública e da falta de posicionamentos em uma eleição dominada pela polarização ideológica, em todos os cargos e níveis.

O tanque do recall de Amaro entrou na reserva. E ficou claro que só a popularidade televisiva já não lhe basta para se manter vistoso no supercompetitivo mundo político.

Amaro precisa se reinventar politicamente e ar a brilhar também no cenário onde completará uma década em 2024. Na Câmara, acaba de assumir a presidência da Comissão de Comunicação. E essa recuperação também pode ar pelas próximas eleições municipais.

Sendo candidato a prefeito, Amaro não tem nada a perder (tem mandato na Câmara até 2026). E, se não ganhar, pelo menos terá uma grande chance de revigorar o recall político.

Agora, se ele for candidato e for mal, saberemos que, após bater na trave em Vitória em 2016, Amaro perdeu o timing, e “a sua eleição” de verdade era aquela de 2020 na Serra.