Coluna Vitor Vogas
Porto de Vitória vai receber R$ 200 milhões em investimentos privados
Se der certo, acordo firmado pela gestão privada da Codesa e a empresa VLI pode aumentar volume de carga movimentada pelo porto de 8 milhões para 13 milhões de toneladas por ano

Ministro Márcio França assina simbolicamente, como testemunha, acordo firmado entre a Codesa e a empresa VLI. Foto: Hélio Filho/Secom
O novo Porto de Vitória vai receber cerca de R$ 200 milhões em investimentos privados nos próximos anos, para a recuperação dos seus os ferroviários e dos ramais ferroviários já existentes dentro do próprio porto. O montante será dividido entre duas empresas: a agora privatizada Codesa e a VLI, empresa de transporte de cargas de terceiros com atuação no Brasil inteiro.
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O anúncio foi feito na manhã de ontem (13), no gabinete do governador Renato Casagrande (PSB), na presença do ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), que ou o dia em visita ao Estado.
Diante do governador, do ministro e de outras autoridades políticas, os representantes da Autoridade Portuária e da VLI am um “memorando de entendimento”, firmando a parceria com vistas à requalificação da malha ferroviária do Porto de Vitória, na margem que fica em Vila Velha (Capuaba), aonde chega a estrada de ferro Vitória a Minas.
O porto já possui uma malha ferroviária interna para transporte dos produtos importados ou exportados, porém a estrutura está depreciada e bastante subutilizada. Com as obras de recuperação, os parceiros no projeto esperam recolocar a pleno vapor a operação ferroviária na área do porto, aumentando sensivelmente o volume de carga que entra e sai do país por ali.
Hoje, o Porto de Vitória movimenta cerca de 8 milhões de toneladas de carga por ano. Com as melhorias na rede ferroviária interna, os parceiros no projeto esperam um incremento de 5 milhões, atingindo, em poucos anos, o volume de 13 milhões de toneladas movimentadas por ano. Os resultados devem começar a aparecer em 2025, estima Ilson Hulle, presidente da agora privatizada Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa).
Em março do ano ado, a gestora de fundos Quadra Capital arrematou a Codesa em leilão realizado pelo governo federal. Desde setembro, a empresa é a detentora da concessão do Porto de Vitória, válida por 35 anos. Além dos investimentos voluntários visando ao aumento da produtividade, tem uma série de obrigações a cumprir, previstas em um caderno de encargos.
Falando em “novo ciclo de investimentos para o Porto de Vitória”, Hulle comemora: “Esse projeto pode levar o Estado para um outro patamar do ponto de vista de infraestrutura portuária”.
Objetivos específicos
O presidente da Codesa explica o que os gestores do porto e a VLI pretendem com o grandioso projeto. O objetivo geral é aumentar o fluxo de carga que entra e sai do porto, mas há um alvo específico: conectar definitivamente o Porto de Vitória ao cinturão do agronegócio na Região Centro-Oeste do país, via terminais ferroviários, tornando-o, ao mesmo tempo, porta de saída para o mundo para os grãos que vêm de lá e porta de entrada no país para os fertilizantes que precisam chegar às fazendas da região.
Como se sabe, o Brasil produz, por exemplo, um volume gigantesco de soja para exportação, mas precisa importar o fertilizante usado nessas grandes plantações. Por sua posição geográfica privilegiada, o Porto de Vitória poderia ser o terminal de entrada e saída preferido pelos produtores rurais do Centro-Oeste, através do corredor Centro-Leste (uma rota reta, basicamente). No entanto, como a malha ferroviária na área do próprio porto está muito depreciada, existe um gargalo logístico logo no primeiro o antes da porta (ou depois dela).
Assim, em vez de escoar por ferrovias, os grãos e fertilizantes movimentados pelo Porto de Vitória precisam ser transportados por caminhões em rodovias, incluindo a BR-262, o que obviamente eleva o custo do transporte, diminui a produtividade e impele os produtores rurais do Centro-Oeste a priorizarem rotas alternativas, como o Corredor Centro-Sudeste, que desemboca no Porto de Santos.
“Quando você conecta um porto com uma ferrovia”, explica Hulle, “esse é o melhor desenho possível para esse tipo de negócio. O Porto de Vitória tem uma série de vantagens. Ele já está instalado, já está operando há alguns anos. Ele foi o responsável por fazer o Estado chegar aonde chegou em termos de comércio internacional. E ele já tem as conexões ferroviárias, por Vila Velha. Os vagões já chegam dentro do porto. Mas chegam de forma precária, com a produtividade muito baixa. E, quando a gente vê o movimento dos portos mundo afora, o que a gente está vendo é alta produtividade dessas conexões entre ferrovia e porto”, ressalta.
“O Porto de Vitória já opera hoje 8 milhões de toneladas por ano nos seus diversos produtos (fertilizantes, malte, contêineres, veículos), mas a gente parou de fazer soja, farelo, grãos, por exemplo. E a nossa logística hoje é meio limitada. Boa parte do fertilizante que abastece as fazendas do Centro-Oeste chega ao país pelo Porto de Vitória, mas chega ao Centro-Oeste por rodovias, pegando a BR-262. Isso gera um custo muito acima dos nossos concorrentes e faz com que não tenhamos toda a potencialidade atingida”, constata o presidente da Codesa.
“Esse projeto com a VLI retoma a operação ferroviária do Porto de Vitória de forma produtiva, com as reformas previstas no âmbito dos ramais ferroviários, de o, conectando Porto Velho até o porto, ando por Paul, mas também dentro do porto. Os ramais internos do porto também precisam de investimento. No curto prazo, vamos retomar esse fluxo de farelos, grãos, fertilizante. Vila Velha e Vitória se beneficiam diretamente, pois o volume tende a crescer de forma brutal. Grandes multinacionais de fertilizante do mundo, como empresas russas, já têm nos procurado, porque querem se instalar em Vila Velha. Queremos repotencializar a infraestrutura dos ramais ferroviários e trazer de volta para o porto toda a nossa capacidade ferroviária”, conclui Hulle.
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A VLI
A VLI é uma empresa em atividade há mais de dez anos e presente no Brasil inteiro, dedicada exclusivamente ao transporte de carga de terceiros em múltiplos modais. Ela opera ferrovias, portos, rodovias e terminais integradores no interior do Brasil, transportando produtos de vários segmentos. Entre exportações e importações, movimenta mais de 50 milhões de toneladas de produtos por ano.
A empresa detém algumas concessões. Entre elas:
. o tramo Norte da Ferrovia Norte-Sul (até São Luís no Maranhão)
. tramo Centro-Sudeste da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA; liga a produção de São Paulo ao Porto de Santos)
. tramo Centro-Leste da Ferrovia Centro-Atlântica (que nasce em Araguari e vem até o Porto de Tubarão, em Vitória)
Nesse último corredor, 40% do volume da empresa é transportado.
A VLI está presente no Espírito Santo, operando dentro do Porto de Tubarão, em três terminais ferroviários: um para siderurgia, um para granéis líquidos e um para grãos e fertilizantes. No momento, a única saída portuária da empresa no Espírito Santo é justamente a do Porto de Tubarão, ponta da FCA.
Detentora da concessão da FCA desde 1996, a VLI está precisamente no momento de renegociar a renovação do contrato com o governo federal. A concessão original é válida por 30 anos, portanto expira em 2026. Por isso, no momento, a empresa busca saídas alternativas no litoral capixaba. E o novo Porto de Vitória se adéqua a seus interesses.
Desembolsando recursos próprios para ajudar a Codesa a melhorar a malha ferroviária do Porto de Vitória, a VLI espera se beneficiar financeiramente no futuro, ando a movimentar suas cargas também por ali. É uma aposta de retorno financeiro no médio prazo. Aumentando o volume transportado por Vitória, a empresa espera recuperar em alguns anos o valor investido no projeto.
“É um projeto de eficiência”, afirma Fábio Marchiori, presidente da VLI. “Quando a gente consegue migrar do modal rodoviário para o ferroviário, há um benefício em custo, há um bem na questão da sustentabilidade, da pegada de carbono. Estamos muito esperançosos nesse projeto que vamos desenvolver com o Porto de Vitória e a nova Codesa.”
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Mais investimentos
O presidente da Codesa afirma que, além desses R$ 200 milhões em investimentos compartilhados com a VLI, a Codesa deve investir R$ 130 milhões em obras obrigatórias previstas no caderno de encargos do contrato de concessão, a partir do segundo semestre. “A sociedade capixaba vai começar a enxergar uma série de intervenções no porto, tanto em Vitória como em Vila Velha, a partir de agora.”
Armazéns do Centro
Casagrande anunciou que a nova Codesa começará em breve as obras de recuperação dos armazéns no Centro de Vitória, com calçada cidadã.
Aeroporto de Linhares
Durante a visita de Márcio França, o governador visitou com o ministro as obras quase prontas do Aeroporto de Linhares. A pista já está praticamente finalizada. Já o terminal de ageiros deve ser entregue em um mês. As obras contaram com dois terços de recursos estaduais e um terço de recursos federais.
Aeroporto de Cachoeiro
Casagrande informou que o edital para licitação da obra do Aeroporto de Cachoeiro será lançado em abril e aproveitou a presença de Márcio França para pedir publicamente ajuda ao ministro. França respondeu que o governo federal vai ajudar com recursos. “O Ministério será parceiro nosso nessa obra.”
