Coluna Vitor Vogas
PL trocará futuro padre por “pastor” na eleição em Cachoeiro
E mais: o choque entre Magno e os Ferraço na cidade do sul; PT de Vila Velha quer um só pré-candidato a prefeito; coronel concorrerá pelo PSB em Vix

Léo Camargo é vereador do PL em Cachoeiro
O vereador Juninho Corrêa era considerado um potencial candidato muito competitivo à Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim. Mas, na semana ada, fez um anúncio surpreendente: desistiu da pré-candidatura pelo partido de Jair Bolsonaro para voltar ao seminário e se ordenar padre da Igreja Católica. Ao voltar para seu “primeiro amor” (como disse), Juninho deixou o PL e o senador Magno Malta, presidente estadual do partido, com um problemão a resolver: encontrar às pressas um substituto em um município onde o PL faz questão de ter candidato próprio à prefeitura.
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O substituto foi escolhido e será anunciado nessa quinta-feira (22). Será o vereador Leonardo Cleiton Camargo, um dos três membros da bancada do PL na Câmara de Cachoeiro. Léo Camargo, como é mais conhecido, não é padre nem será. Mas é, vejam só, presbítero da Assembleia de Deus. Assim, o partido de Magno Malta está efetuando uma troca, por assim dizer, também de fundo religioso na cabeça da chapa: sai um candidato a padre; entra um quase pastor evangélico.
A Assembleia de Deus é uma religião protestante do ramo pentecostal. Nessa denominação evangélica, um “presbítero” não é tecnicamente um pastor, mas em alguns casos, dependendo da localidade e das funções acumuladas por ele, pode ser assim considerado.
A palavra “presbítero” vem do grego “ancião”, ou “senhor”. Na hierarquia da Assembleia de Deus, o obreiro que ocupa esse cargo está um patamar acima do diácono. Tem lugar cativo no púlpito e desenvolve atividades relacionadas à istração dos sacramentos, além de pregar e dirigir cultos. A rigor, o presbítero pode ser compreendido como um “auxiliar de pastor”, ou um “pastor em menor escala”.
Em alguns campos de evangelização das Assembleias de Deus, na ausência do pastor, ele desempenha todas as funções pastorais: unge, ministra a Ceia e batiza. Tem autorização para ministrar a bênção apostólica, quando solicitado.
Hoje com 33 anos, o vereador Léo Camargo está cumprindo o seu primeiro mandato, para o qual se elegeu em 2020, no PL mesmo. Além de presbítero há mais de dez anos no Ministério Coromara, em Cachoeiro, é pequeno empresário na cidade. Começou a trabalhar aos 15 anos como açougueiro e foi empresário do ramo de pet shops por mais de dez anos, até se eleger vereador.
Magno x Ferraço: futuro padre estava entre a cruz e a caldeirinha
Uma semana antes de anunciar a desistência da pré-candidatura, Juninho Corrêa fez um pungente desabafo por meio de nota publicada em seu perfil no Instagram. Queixando-se de afastamento e dificuldade de diálogo com Magno Malta, afirmou que o senador insistia na tese de que o PL não precisa de aliados para concorrer à Prefeitura de Cachoeiro – ponto esse em que eles tinham discordância. Juninho preferia atrair partidos para formar uma coligação de direita encabeçada por ele.
O vereador mantinha conversas eleitorais com o Progressistas (PP), presidido em Cachoeiro pelo deputado estadual e ex-prefeito Theodorico Ferraço. O vice-presidente municipal do PP é ninguém menos que o pai de Juninho, Zezé da Cofril, amigo de Theodorico há décadas. Juninho também abriu diálogo com o MDB, presidido no Estado desde outubro ado pelo vice-governador Ricardo Ferraço, filho de Theodorico.
Theodorico queria apoiar Juninho em Cachoeiro (e o vereador, em nome do pai, não negaria o apoio do deputado). Magno, porém, rejeitava uma aliança com os Ferraço (o pai e o filho), a quem não diz “amém”.
Theodorico, então, teria oferecido a Juninho a legenda do PP para abrigar sua candidatura a prefeito, dando-lhe a opção de trocar de partido se o quisesse. Pressionado pelos dois lados (e sem poder rezar para os dois “santos”), Juninho não foi para os braços nem de um nem do outro. Preferiu correr de volta para os braços do Senhor, decidindo sair da política e ressuscitar o projeto original de virar padre.
A dúvida agora é: o que o PP de Ferração fará? Sua vontade era a de apoiar Juninho, mas, sem ele na cabeça da chapa, uma aliança com o PL fica muito mais distante – ainda mais considerando as desavenças com Magno e a resistência do senador. O deputado está cogitando até lançar sua mulher, a ex-deputada federal Norma Ayub, a prefeita de Cachoeiro pelo PP.
Casteglione quer o MDB
Enquanto isso, o ex-prefeito e subsecretário estadual de Trabalho, Carlos Casteglione (PT), lançará a sua pré-candidatura no dia 1º de março, na Câmara de Cachoeiro, com presenças confirmadas de nomes pesados do partido, como Fabiano Contarato, Jack Rocha, Helder Salomão e João Coser. O agora ex-secretário nacional de Atenção Primária à Saúde Nésio Fernandes (PCdoB) também foi convidado.
Por enquanto, a Federação Brasil da Esperança (PT/PV/PCdoB) não tem aliança em Cachoeiro, mas mantém bom diálogo com a Federação PSol/Rede.
Com a implosão do movimento dos Ferraço em torno da pré-candidatura de Juninho, o MDB ficou solto na praça em Cachoeiro. Casteglione quer o apoio do partido. Já solicitou conversa com Ricardo Ferraço na Vice-Governadoria. E, no último fim de semana, reuniu-se com o presidente municipal da sigla, Rogério Athayde.
Enquanto isso, no PT de Vila Velha…
Como a coluna noticiou aqui, o PT de Vila Velha no momento tem dois pré-candidatos a prefeito, cada um representando uma corrente: o ex-vereador Babá, do campo Para Voltar a Sonhar, e o economista Edinho Wilson, da tendência Construindo um Novo Brasil (CNB). No próximo dia 2, o Diretório do PT em Vila Velha realizará uma plenária para definir os rumos no município.
Antes disso, porém, eles tentarão chegar a um consenso. Nessa sexta-feira (23), os dois pré-candidatos vão se reunir com dois representantes de cada uma das cinco correntes do PT. Serão 12 ao redor da mesa com um objetivo: tentarem evoluir para uma só pré-candidatura, que possa ser tão somente homologada na plenária do dia 2 de março. Para isso, um dos dois terá de ceder.
A informação é do presidente municipal do PT, Fabrício de Santana (da CNB).
A “Roda da Fortuna” volta a girar em VV…
Com a cassação dos mandatos dos vereadores de Vila Velha Joel Rangel (PTB) e Devacir Rabello (PL) pelo TSE na noite da última terça-feira (20) e a anulação de todos os votos dos candidatos a vereador das chapas pelas quais eles disputaram a eleição de 2020, a Justiça Eleitoral precisa “retotalizar” os votos válidos e recalcular a distribuição das 17 vagas de vereadores em disputa naquele pleito.
Para isso, o TSE precisará notificar da decisão o Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES), o que ainda não ocorreu. Quando ocorrer, o presidente do TRE-ES, desembargador Carlos Simões Fonseca, deverá oficiar o Cartório Eleitoral de Vila Velha, ao qual compete a realização do novo cálculo. Este será realizado em uma cerimônia pública, com a máxima transparência, para a qual serão convidados os representantes de todos os partidos constituídos com diretório no município. A informação é da assessoria do TRE-ES.
Ainda não se sabe seguramente, mas a expectativa é a de que as duas vagas fiquem com o ex-vereador Heliosandro Mattos (PDT) e com o guarda municipal Fábio Barcellos (PP), autores das ações que culminaram com a cassação dos mandatos de Joel Rangel e Devacir.
Coronel será candidato pelo PSB em Vitória
Em Vitória, o PSB de Renato Casagrande decidiu lançar a vereador o coronel da reserva Oberacy Emmerich, ex-comandante-geral da PMES.
Emmerich já atuou em vários cargos públicos, como o de secretário de Transportes em Vitória e o de secretário de Defesa Social em Vila Velha, na última istração de Max Filho (2017-2020), além de ter dirigido o Ciodes em duas ocasiões. A última foi no ano ado, a pedido do próprio governador.
O partido de Casagrande deve lançar chapa completa com 22 nomes para vereador na Capital.
